SOLIDÃO, SOLITUDE & BDSM

Olá povo do fetiche!

Espero que todos estejam bem …

Muitas vezes conversando com pessoas do meio, novatas ou não, elas reclamam a respeito da “solidão do bdsm”, essa semana esse assunto também foi tema de debate no grupo de diálogos do Clã, então, resolvi escrever um pouquinho a respeito.

Então já sabem né? Cafezinhos à mão e vamos lá …

Primeiramente vamos a algumas definições do ponto de vista psicológico da coisa.

Solidão – para a psicologia, a solidão é um aspecto relacionado à tristeza e ao que chamamos de Super Controle. É um processo de isolamento que pode ou não ser voluntário, porém, mesmo sendo um processo voluntário, isso não quer dizer que ele seja positivo, muito pelo contrário, uma das características dessa solidão é o ser sentir-se triste e menos importante, o que pode acarretar facilmente no desenvolvimento de um quadro de depressão, isso sem contar no desenvolvimento de psicoses e outros distúrbios mentais.

Mesmo que algumas pessoas digam que conseguem lidar muito bem com a solidão, ela não é, de toda sorte, positiva.

Solitude – por outro lado, a solitude é um processo voluntário de isolamento, podendo ser caracterizado como um processo até mesmo positivo pois, “estar em solitude” significa entrar em reclusão por um período até mesmo para se autoconhecer e principalmente desenvolver amor próprio e processos de autoestima.

Ao contrário da prima solidão, a solitude se apresenta como saudável pois existe o PRAZER EM ESTAR SOZINHO. Via de regra, quem se coloca nesses períodos gosta de sua própria companhia, não dependendo assim de ninguém e não esperando nada nem ninguém.

Não existe, no entanto, nenhuma causa específica que pode levar, nem à solidão, nem à solitude, tudo é muito individual, ou seja, alguém pode sentir solidão pela perda de alguém querido, ou pelo rompimento de um vínculo de relacionamento que antes fora prazeroso. Da mesma forma, uma das causas da solitude pode ser aquele momento de “wake up call” que a pessoa tem o “insight” de que é, naquele momento, que ela precisa começar a se entender e principalmente se amar.

Quando analisamos a solitude como uma decisão autêntica, ela passa a ser muito boa, pois nesse momento priorizamos a nós mesmos e nossas decisões, nos colocamos em primeiro lugar em nossas escolhas e aprendemos a gostar de nossa própria pele.

O grande problema acontece quando, por estarmos tão “acostumados a nós mesmos”, começamos a também nos colocar em processos de solidão, onde optamos por nos isolar evitando assim o convívio social.

Eu já disse uma vez aqui, eu acho, que somos seres gregários, ou seja, somos seres sociais por natureza, não conseguimos nos desvencilhar completamente da companhia de outras pessoas. Criar vínculos e socializar, faz parte da atividade básica de sobrevivência do ser humano.

Existe uma linha muito tênue de entendimento que separa o que é “querer ficar sozinho” e/ou “querer isolar-se”. Quem decide se isolar, escancara a porta para a solidão patológica.

Sabe aquele momento em que a gente está de saco cheio do mundo, de tudo e de todos e que a gente acha que esse é o melhor momento para “ficar sozinho pra sempre”? Pois então, esse é pior momento para embarcar num processo de solitude pois, esse sentimento negativo primário, com certeza vai ser gatilho para outros problemas psicológicos.

Em outras palavras, estar sozinho é muito bom e positivo, porém, se colocar sozinho como sistema de evitação de alguma adversidade da vida não.

Falando de BDSM, acredito sim que um período de solitude é mais do que necessário dentro do nosso processo de entendimento e aceitação no meio, para que, de forma consciente e positiva, a gente desenvolva a nossa persona em paz, até mesmo porque o ser humano tem a péssima mania de se intrometer nas nossas escolhas e tentar controlar a nossa vida.

Quando alguém que está no processo de construção da sua identidade como BDSMer, ser bombardeada por pessoas que se intrometem em suas escolhas, fará certamente com que ela se sinta pressionada e acabe fazendo escolhas erradas. A consequência dessas escolhas, somado ao caráter “violento” psicologicamente do BDSM, certamente desencadeará muita coisa negativa para essa pessoa.

Quanto à nossa vidinha baunilha, a gente precisa sim nos permitir tempos de solitude, mas sempre tendo em mente, que são “períodos” e não uma condição de existência.

Se a sua solitude for uma questão de condição de existência, Sra Storm altamente recomenda que você procure ajuda de um profissional da área da Psi!

Se esse texto fez sentido para você, ou não, e você se sentir à vontade em comentar suas experiências solitárias, use e abuse do nosso espaço de comentários! Sinta-se em casa, mas não se esqueça que não está!

Hidratem-se
Masturbem-se
Usem camisinha
Sra Storm

AUTORA

SRA STORM

Terapeuta sexual e praticante de BDSM. Sádica e voyeur assumida, suas práticas preferidas são as de caráter mais psicológico porém, se encanta também por práticas como Wax Play, Flogging, Branding, Castidade e Inversão e algumas outras pequenas perversões!
Instagram: @darkroomcla com conteúdo instrutivo da subcultura Kink e BDSM.

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