CONSENTIMENTO NO BDSM
Consentimento: você sabe para o que está dizendo sim?
A pergunta do título desse post pode, muitas vezes, parecer boba porém, ela tem bastante fundamento.
Semanticamente falando, consensualidade difere de consentimento e, no BDSM jogamos primeiro com o consentimento para que possamos atingir a consensualidade, ou seja, a prática primeiro precisa ser CONSENTIDA, para depois ser CONSENSUAL. (São, Segura e Consensual)
Parece estranho, mas não é!
Para fins de língua portuguesa (não fui eu quem inventou isso!) consensualidade significa que duas partes concordam com alguma coisa e, consentimento é a resposta de concordância para que essa coisa aconteça, ou seja, é a aprovação da execução de algo.
Jay Wiseman no SM101, (pag 66) nos traz o seguinte texto: “Consent – Consent is one of the most important issues, perhaps the most important issue, in SM. Before you can do something to another person, they must agree. Touching another person, or even their clothing, without their consent, regardless of the degree of force used – even if it’s minimal – is a crime. Don’t do it.”
Em tradução livre, “Consentimento – consentimento é um assunto muito importante, talvez o mais importante de todos no SM. Antes que você faça qualquer coisa com outra pessoa, é necessário que ela concorde. Tocar em outra pessoa, ou mesmo em suas roupas, sem o seu consentimento, independente da força usada – pode até ser mínima – é um crime. Não faça!”
Para que fique mais claro, darei um exemplo: imaginemos que o Top está conversando com um bottom e dentro dessa conversa o assunto castidade aparece. Ele, o bottom, acredita que a ideia da prática de castidade é muito interessante, PORÉM, ele não se vê preparado para essa prática nesse momento. Ou seja, mesmo que haja um acordo entre as partes de que a prática é interessante, como ele não consentiu, a prática não se torna consensual.
Com essa diferenciação em mente, vamos ao tema desse texto: existem vários estudos comprovados que já nos demonstraram que o consentimento pode ser positivo ou negativo. Ou seja, consentimento positivo é aquele que você dá por conta de algo ser efetivamente de sua vontade e, consentimento negativo é aquele que você dá sob pressão de alguma ameaça, que pode ser psicológica ou física.
Quando visto de fora, o consentimento vai ser sempre o consentimento e, nesse momento convido todos a refletir: “O que te leva a dizer sim?”
Você diz sim, pois essa é a real vontade de que as coisas aconteçam ou, ou você diz sim por conta de algum medo, algum trauma, alguma insegurança?
Um bottom não pode ser motivado a consentir em algo porque ele tem medo de perder o Top, ou porque ele está sofrendo manipulação psicológica do Top, ou até mesmo, por receio de o Top o considerar inferior se não aceitar algo. Todo e qualquer consentimento deve advir do conhecimento e da consciência da vontade de satisfação dos desejos, nada além disso!
O exercício parece bobo, mas sugiro que todos os façam, independente de BDSM na verdade. Analisem suas relações pessoais, familiares, com amigos, profissionais e vejam se vocês estão dizendo sim porque realmente querem dizer, ou se estão dizendo sim porque dentro de vocês há o temor de que algo ruim/indesejado aconteça.
A correção do consentimento negativo para o positivo nem sempre é fácil ou rápida, mas ela é, sem sombra de dúvida, necessária.
E, voltando para o BDSM, posso com tranquilidade dizer que, somente o consentimento positivo entrega aos participantes a sanidade e a segurança que a consensualidade se dispõem.
AUTORA: SRA STORM
Chef de cozinha e empreendedora da área de alimentos e no BDSM Top dedicada às práticas de Wax Play, Flogging, Branding, Castidade e Inversão e algumas outras pequenas perversões!
Instagram: @darkroomcla com conteúdo instrutivo da subcultura Kink e BDSM.
