BISSEXUALIDADE E PANSEXUALIDADE X BDSM

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No post de hoje, irei abordar um tema que, infelizmente ainda não é acolhedoramente recebido nem dentro da comunidade LGBTQI+, nem dentro do BDSM, que é a bissexualidade e a pansexualidade e suas consequências (ou aderências) ao meio.

Antes de qualquer coisa, é preciso reforçar que, o sexo para a medicina, diz respeito às características biológicas da pessoa, ou seja, o desenho cromossomático, a composição hormonal e a genitália do indivíduo, ou, o coito especificamente dito, o ato de se fazer sexo mesmo.

No aspecto biológico, se tem o ser macho, o ser fêmea ou o ser intersexual. Só isso.

Quando a pessoa se reconhece psicologicamente com esse desenho biológico, chamamos de cisgêneros, e quando não se reconhece, chamamos de transgêneros. Porém, até aqui estamos falando somente do pacote genético e da percepção de si, enquanto ser que respira e tem capacidade cognitiva.

Quando falamos sobre a sexualidade do indivíduo, daí sim começamos a colocar atenção à forma como esse indivíduo se expressa no seu sentir, no seu pensar, nas suas necessidades básicas de desejo, de contato, de intimidade, de carinho e até de amor. E daí que abordamos a orientação sexual.

Para efeitos de orientação sexual, nós temos a heterossexualidade, a homossexualidade, a assexualidade, e algumas outras porém, tratarei aqui hoje com mais cuidado no olhar, a bissexualidade e a pansexualidade.

Obvio que eu nem precisaria dizer isso aqui mas, é sempre bom reforçar que nenhuma orientação sexual, seja ela qual for, é uma opção, mas sim uma condição natural do ser humano.

Voltando ao tema, heterossexualidade e homossexualidade eu não entrarei no mérito da explicação, pois acredito ser bastante claro, pra todo mundo, do que se trata. Porém, os elefantes brancos entram na sala quando os bissexuais e os panssexuais se pronunciam.

Conceitualmente falando, a bissexualidade é o indivíduo que se sente atraído emocional, afetiva e sexualmente por ambos os sexos masculinos e femininos sendo que, essa atração não altera em nada em nada a identidade de gênero da pessoa, ou seja, um homem cis bissexual poderá se atrair tanto por homens como por mulheres. Uma mulher que se reconhece como trans bissexual poderá se atrair por homens ou por mulheres.

Até aqui, quase tudo bem … agora quando para falarmos dos pans, precisamos ampliar um pouquinho o nosso campo de visão, para que o entendimento se estabeleça.

A panssexualidade significa poder ser atraído emocional, afetiva e sexualmente por todos os sexos, independente da sua identificação de gênero.

Ou seja, uma pessoa pansexual poderá se interessar tanto por um homem cis hetero como por um homem trans gay, bem como poderá se interessar tanto por um homem cis gay, como por uma mulher cis lésbica e até mesmo por uma mulher cis hétero. Para os pansexuais, o que importa é o ser humano que naquele corpo reside.

O indivíduo, quando se reconhece como pansexual, pode se interessar tanto por pessoas héteros, como por pessoas LGBTQI+ e isso não quer dizer, que essa essa orientação de panssexualidade seja permutável com a bissexualidade, embora, ela pode sim vir a ser ser uma forma de manifestação da bissexualidade.

Existe inclusive, uma piadinha bastante jocosa dentro do Urban Dictionary que diz que, ser pansexual é “a habilidade de colocar a mão dentro das calças de alguém e literalmente gostar de qualquer coisa que encontre ali”. Embora seja, aos meus ouvidos pan, um tanto quanto grosseira, não posso dizer que não contenha nela, um fundinho de verdade.

Dito tudo isso, temos a questão principal: o que isso tem a ver com o BDSM? Absolutamente tudo!

Pois vejam bem … Se a gente voltar um pouco o relógio do tempo e pensar em quando as dinâmicas de BD e DS se fundiram à dinâmica de SM, e todos os movimentos que caminharam desde muito antes do acrônimo para que isso acontecesse, houve um pano de fundo de inclusão de gêneros e sexualidades diferentes daquela que até então, predominava na cena Leather, ou seja, homens cis homossexuais. A partir do acrônimo como conhecemos hoje, abre-se um leque de possibilidades de inclusão para pessoas de outros sexos e outras orientações sexuais como as lésbicas, as mulheres, os transgêneros, os bissexuais e também os pansexuais.

Quando se olha a cena atual, além de conceitos distorcidos sobre “posições no BDSM” x “posições na hora do sexo”, a falta de entendimento sobre a panssexualidade especificamente, faz com que pessoas tirem conclusões não muito aderentes à realidade, como por exemplo, achar que todos os pansexuais são SWs.

É preciso urgentemente desassociar o papel que a pessoa exerce em suas interações afetivas e sexuais (e aqui estou falando do ato sexual em si, do coito mesmo!) com o papel que as pessoas exercem dentro do BDSM.

Não é porque um homem gay e versátil nas suas relações sexuais que ele vá ser SW no BDSM. A vibração da relação BDSM é outra, completamente diferente.

Dizer que uma pessoa pansexual também se interessará por jogar no BDSM com qualquer pessoa independente do gênero também está errado. Óbvio que, eventualmente o erotismo anda de mãos dadas com a sexualidade mas, afirmações desse gênero, são errôneas. A pessoa pode ser pansexual, e preferir jogar com o sexo oposto, ou com o mesmo sexo, e não abrir o leque, no BDSM, para todas as classificações existentes.

É necessário, mais do que nunca, que nesse momento onde o BDSM vem sofrendo essa influência heteronormativa tão expressiva, nós nos coloquemos de volta com propósito principal da criação do acrônimo, que foi o de sair de orientação de gênero unipolar e abrigar debaixo de um mesmo guarda chuva, a pluralidade de todas as sexualidades “alternativas” que se unem, e vivem de forma saudável, sã e consensual todos os seus fetiches, e em especial os de troca erótica de poder.

AUTORA: SRA STORM

Chef de cozinha e empreendedora da área de alimentos e no BDSM Top dedicada às práticas de Wax Play, Flogging, Branding, Castidade e Inversão e algumas outras pequenas perversões!Instagram: @darkroomcla com conteúdo instrutivo da subcultura Kink e BDSM.

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