CASTIDADE

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Vamos então falar de castidade? “Brincar” de provocar tesão e negar ir às vias de fato, é algo muito comum desde sempre até os dias de hoje, isso não é nenhuma novidade! Temos por exemplo, o “sexting”, ou seja, um dos dois manda uma mensagem “apimentada” para o parceiro enquanto ambos estão no trabalho e nada podem fazer a não ser sorrir, talvez quem sabe morder o lábio, dar aquela ajeitada na cadeira e esperar a hora de se encontrarem. Pois bem, amplie essa sensação de não poder fazer nada, e você tem a castidade!

Estar casto é estar fisicamente impossibilitado de ir além quando o tesão bater na porta!

O objetivo da castidade é impedir que o usuário tenha relações sexuais e/ou busque satisfação sexual através da masturbação. Eles podem ser usados por algumas horas, meses ou até mesmo anos (meu sonho de Rainha é ter um bottom casto para todo o sempre, amém! 😬).

Reza a lenda, que as mulheres foram as primeiras a serem submetidas à castidade para “controlar” seus “comportamentos desviantes” ainda na Era Medieval. Todos nós já vimos ilustrações que remetem a essa época da história, com mulheres fechadas em cintos de castidade pesados, desconfortáveis e etc porém, talvez isso não passe de “lenda urbana” 😬. Existe uma corrente de pesquisa histórica que tenta provar que esses tais “cintos” não passaram de exemplos de traduções antigas errôneas que levaram a uma interpretação equivocada do tempo de sua criação.

Mais assertivo seria dizer que, lá pelos idos dos séculos 18 e 19, com o advento da Igreja que passa então a considerar o sexo como algo pecaminoso, daí sim, os cintos de castidade começam a entrar em cena.

Novamente mulheres são colocadas castas para provarem suas “santa purezas” no sentido de se manterem fiel ao seu único propósito até então, que era o da procriação.

Engraçado que, para religiões como o Budismo, manter-se casto não é um fardo a se pagar, mas sim, uma forma de conectar-se com o sagrado uma vez que, ao manter-se distante dos prazeres carnais, mais fácil seria de se conseguir elevação espiritual.

Mas, como estou longe de ser elevada espiritualmente e gosto dos prazeres da carne, vamos voltar aqui ao nosso mundinho da castidade no BDSM!

Pois bem, antes de qualquer coisa, vamos tentar pensar nos motivos que levariam alguém a ser casto …

Entre os motivos, teríamos talvez:

  1. Provocação e Negação (Tease and Denial): talvez essa seja a maior influência e responsável pelo uso da castidade dentro do BDSM. Provocar e negar o prazer a alguém é aumentar exponencialmente a tensão sexual entre os participantes afinal, quando um bottom está em castidade, ele sabe que não existe escapatória, ou ele ressignifica sua forma de ter prazer ou ele vai morrer seco!
  2. Melhora do entendimento do prazer: uma vez que o bottom não pode simplesmente se masturbar quando quer, ele aprende a apreciar muito mais todos os momentos que lhes for proporcionado é isso fará com que cada orgasmo seja ainda mais intenso.
  3. Aumento da libido: seja por humilhação, correção, treinamento, castigo ou qualquer que seja o motivo, estar “fechado pra balanço” aumenta a libido afinal, quem não se excita muito mais ao tentar fazer algo “proibido”?
  4. Treinamento e/ou correção de conduta: punição, recompensa, restrição e restituição são formas de treinamento de bottoms logo, manter o bottom casto é um belo dispositivo de treino.
  5. Expressão de poder: afinal, não existe nada mais “poderoso” do que nós Tops decidirmos quando vocês bottoms poderão gozar, não é mesmo?

Independente de qual seja a motivação do bottom, por que sim, quem tem que ter a motivação para estar casto é obviamente o bottom, e, assim como tudo no BDSM, ele quem decide quando começar e quando parar a prática, se houve a decisão de se “fechar”, alguns passinhos devem ser tomados como atenção, entre eles:

  1. Escolher seu modelo
  2. Decidir o período de uso
  3. Decidir onde comprar um de forma segura

Algumas considerações que devem ser observadas:

HOMENS:

Diferente das mulheres, que usam cintos, os homens quando castos, usam “gaiolas” e, para uma gaiola perfeita, ela precisa:

  1. Se ajustar ao redor do escroto e base do pênis de forma confortável o suficiente para não ficar escorregando
  2. Deve acomodar o pênis direitinho para que a ponta da gaiola somente pressione a cabeça do pênis mas não comprimí-la para não machucar (não esquecer que o pênis eventualmente ficará rígido e também há a necessidade de urinar)
  3. Deve encaixar o pênis flácido de forma bastante confortável, nem muito apertado para a pele não sair vazando por qualquer espaço, mas também não muito largo a ponto de não existir o incômodo em caso de eventual ereção.

Agora, como descobrir a “gaiolinha” ideal?

Simples! Pegue uma fita métrica dessas molinhas (de costureira) e meça! Meça tudo! Meça seu escroto para saber o tamanho do anel, meça o comprimento do pênis para saber principalmente o comprimento da gaiola e também o diâmetro do pênis para saber o diâmetro da gaiola.

Homens tendem a sempre “aumentar” o tamanho de seus membros, mas aqui vai minha singela recomendação: se iludir nesse momento só vai fazer com que comprem gaiolas que não servirão de forma proveitosa e isso, fará com que a experiência da castidade não seja assim tão prazerosa e talvez também, não cumpra seu propósito real!

Muito importante também de ser lembrado é que, toda e qualquer medição deve ser feita com o pênis flácido! Nem “meia bomba” nem “escondido de frio”! Flácido!

Faça várias medições em diferentes momentos do dia. Você eventualmente encontrará seu número médio.

Mediu tudo certinho?

Agora então, é “só” escolher o modelo que mais apetece!

Nem todas as gaiolas são iguais. Existem vários modelos que atendem vários tipos de necessidades e interesses então, vou citar aqui as duas mais comuns:

CB6000 – nome genérico para aquelas gaiolas que são compostas de um anel que circundeia o escroto, uma haste moldada e uma parte para a glande. Algumas possuem uma abertura na ponta para permitir fazer xixi. Existem ainda modelos onde o espaço para a glande não é moldado ou seja, é só uma haste e existem ainda modelos que, não possuem abertura na ponta para o xixi mas sim, uma parte para encaixe da glande que parece uma gaiolinha, que ajuda E muito na hora do xixi!

BARRA DE METAL: essas são as gaiolinhas mais “bonitas” na minha opinião! São aquelas que possuem barras de metal de travamento. Aqui encontramos aquelas que possuem a haste inteira e aquelas que possuem barrinhas como se fossem gradeados.

Outra característica que diferencia as gaiolinhas é a quantidade de pele que aparece e o quanto fica exposto para estimulação. E para essa exposição temos:

OPEN ENDED: a ponta sai e deixa a glande exposta, permitindo a estimulação

CAGED: (gradeada) ótima ventilação enquanto restringe a maior parte da estimulação

PARCIALMENTE FECHADO: (CB 6000) quase totalmente fechado, quase sem estimulação

COMPLETAMENTE FECHADO: não permite que nenhuma forma de estimulação (ou ventilação) e precisam ser retiradas para urinar

Existem ainda, modelos específicos para homens com pênis muito grandes ou muito pequenos, só uma questão de procurar!

Já decidiu tudo isso?

Agora escolhe o material!

Existem gaiolas de aço cirúrgico, titânio, policarbonato (plástico) ou 100% silicone.

O plástico é mais comum e bem leve e, em caso de emergência, os pinos de conexão podem ser cortados com um alicate simples.

O silicone é mais indicado para iniciantes pois se acontecer algum problema, só precisa de uma tesoura.

Os de material metálico fornecem peso extra, que alguns homens gostam porque os lembra de que estão usando porém, existem duas considerações a serem feitas: 1) mais difícil de sair em caso de emergências e, 2) esquece passar por alguma porta de banco, aeroporto ou qualquer outra porta detectora de metal sem chamar atenção!

Começou a usar?

Higiene é ESSENCIAL!

Pode parecer estranho mas em pleno 2020 estamos vivendo uma crise sanitária onde precisamos ensinar adultos a lavarem as mãos então, não custa dizer que, mais do que nunca, se você estiver casto, a necessidade de higienização é DIÁRIA! Sem desculpas! Todo santo dia! Não se esqueça que é uma área quente e úmida e não queremos nenhuma bactéria montando acampamento.

Use água morna e sabão (antibacteriano se quiser, gosto muito do Lifeboy, na minha opinião infinitamente melhor que do Protex) para lavar em todos os lugares e todos os cantos. Isso pode ser complicado para os homens que não são circuncidados, mas você só precisa encontrar um jeito.

Algumas pessoas recomendam o uso de cotonetes para entrar em peças de difícil acesso ou através do eixo, minha única recomendação é, usem cotonetes de qualidade! Cotonetes de pouca qualidade irão se soltar e aquele material quando sujo pode causar infecções.

Após a lavagem, você deve secar completamente toda a região e pode até mesmo contar com o secador de cabelo em ar frio para ajudar! O importante é não deixar passar nem deixar nada molhado pra não criar bactérias.

Além disso, certifique-se sempre se não tem de nenhum corte, arranhões, irritações, etc. Se alguma dessas coisas aparecerem, é tirar a gaiolinha e cuidar da região.

Fazer xixi não será um evento normal se você estiver usando uma gaiolinha. Primeiro, a maioria dos homens acha MUITO mais fácil (e mais limpo) se sentar. Eu particularmente acho super válido afinal, melhor sentar e fazer xixi em paz do que não conseguir direcionar o xixi, sujar todo o banheiro e depois ainda por cima ter que limpar né? Agora, sentado ou limpando o banheiro depois, nunca se esqueça de se secar com papel higiênico!

Para finalizar, mais dois eventos corriqueiros que muita gente esquece:

DORMIR: 09 entre 10 homens possuem ereções noturnas. Se você mediu bem tudinho antes de comprar sua gaiolinha, com certeza isso não será um grande problema, um desconforto talvez mas nada que venha a machucar e, em caso de dor extrema, pare a brincadeira e não use até encontrar um do tamanho correto!

PÊLOS: pêlos crescem! Então, se for ficar engaiolado por mais de um final de semana, mantenha seus pêlos sempre aparados e curtinhos pois se estiverem meio longos, vão enroscar, puxar e machucar!

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MULHERES

Como para mim, BDSM independe de sexo e também estou aberta a ter bottom mulheres, elas também estarão passíveis de castidade, afinal, eu gosto da prática em si, independe de com quem será feita!

Nesse caso, vou dividir o pouco que sei sobre o cinto de castidade.

Os modelos mais atuais consistem em um cinto ajustável com travamento + uma faixa em forma de U que se ajusta também confortavelmente na cintura e nos órgãos genitais das moçoilas.

Escolher um cinto de castidade é infinitamente mais fácil do escolher uma gaiolinha até mesmo porquê, as medições no time das meninas são mais simples.

As mulheres, também com fita métrica flexível, devem medir: a cintura, quadril (para cintos que terão laços secundários), virilha dianteira (cintura até o períneo), virilha posterior (cintura até o ânus).

Detalhe: se optar por cinto que tenha laços secundários nos quadris, a medição das virilhas devem ser feitas em dois tempos: da cintura até o laço secundário e do laço secundário até o períneo e/ou ânus.

Mediu tudo certinho?

Agora é escolher o material!

Aço cirúrgico ou titânio são os mais fáceis de limpar. Mas existem também os de plástico e até mesmo os de silicone, muito mais para iniciantes que precisam se acostumar com tudo o que estará acontecendo!

Detalhe, por mais maravilhosos que os cintos de castidade de couro ou borracha possam ser nas vitrines e nos sites, não há nenhuma recomendação do uso dos mesmos uma vez que o material é poroso, acumula bactérias e por consequência acaba desenvolvendo doenças nas regiões genitais. Nem pensar queremos isso, não é mesmo?

Começou a usar?

A HIGIENE aqui também é ESSENCIAL!

Alguns cintos são mais fáceis de limpar pois possuem menos cantos, fendas e lescos lescos. Quanto mais tiver, mais coisa para se prestar atenção e limpar minusciosamente.

Assim como nos meninos, as meninas também terão que lutar contra suor e fluidos corporais tudo em um ambiente fechado e abafado ou seja, sabonete antibacteriano e água morna em tudo!

A seguir vem uma etapa igualmente importante, a secagem! Certifique-se de que tudo está seco o mais completamente possível. Use o secador de cabelos no ar frio para te ajudar nessa missão. Inclusive, muitos ginecologistas recomendam que as mulheres sequem suas partes íntimas com um secador de cabelos, independente de estarem castas pois a região genital feminina precisa estar sempre seca para evitar a proliferação de bactérias! Então meninas, fica aqui uma diquinha de saúde!

Uma vez por semana, é necessário tirar o cinto e fazer uma inspeção completa em seu cinto de castidade. Faça uma limpeza profunda, entre em todas as áreas minúsculas com cotonetes (de novo, de boa qualidade para não soltar fiapos), use bastante sabonete antibacteriano e se possível, dê umas borrifadas com spray antisséptico e deixe secar naturalmente.

Além disso, fique bem atenta com região genital. Ao menor sinal de vermelhidão excessiva, irritação ou outros possíveis problemas é hora de interromper a brincadeira e somente voltar quando tudo estiver saudável!

Do ponto de vista “técnico” isso é o pouco que posso contribuir!

Embora a castidade seja um objeto de desejo de muitos Tops, não podemos nunca esquecer que ela nada mais é do que uma prática do BDSM logo, manter o SSC é essencial! E, por mais que muitos de nós pense em manter nossos bottoms em castidade eterna, temos que ter em mente que, se essa restrição começar a mexer negativamente com o bottom, é hora de parar! A prática tem que ser prazerosa para ambas as partes!

GUIA: TUDO SOBRE O CINTO DE CASTIDADE (CB) – VERSÕES EM PORTUGUÊS E INGLÊS

AUTORA: SRA STORM

Chef de cozinha e empreendedora da área de alimentos e no BDSM Top dedicada às práticas de Wax Play, Flogging, Branding, Castidade e Inversão e algumas outras pequenas perversões!Instagram: @darkroomcla com conteúdo instrutivo da subcultura Kink e BDSM.

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