Na semana passada eu falei um pouquinho sobre o que são habilidades sociais, como podemos encontra-las no BDSM e como que, as vezes a encontramos mais em nossa vida fetichista e não encontramos em nossas relações baunilhas. Naquele texto, soltei a expressão responsabilidade emocional, como um termo que usamos para dizer que nos importamos com a emoções de outras pessoas. Tu te tornas eternamente responsável pelo aquilo que cativas, já dizia o pequeno príncipe. Então, eu parei pra pensar: nós realmente sabemos utilizar essa tal de reponsabilidade emocional?
Bom, primeiro vamos as definições de terminologia. Responsabilidade emocional, como o próprio nome diz é a nossa capacidade de nos responsabilizarmos pelos processos emocionais, muitas vezes emitidos de nós para terceiros. O quanto que eu estou ciente das emoções que eu causo no outro e o impacto que isso causa. Temos todo um paralelo com um outro termo muito no dia a dia chamado empatia, mas esse termo eu já sei que eu já discuti bastante com vocês ao longo dos anos de textos.
Mas, o que muitas pessoas não sabem, ou preferem ignorar saber, é que essa tal responsabilidade emocional envolve também a preocupação com as emoções que nós causamos em nós mesmos. Como assim? Somos tão acostumados a olhar para fora de nós mesmos, olharmos os estragos e as reformas que fizemos nas outras pessoas que mal olhamos para dentro de nós mesmos. Não temos esta preocupação de nos sentirmos, nos entendermos e, principalmente nos respeitarmos. Do mesmo jeito que eu falei na semana passada que, a habilidades sociais são ensinadas de cultura para cultura, a responsabilidade emocional, de certa forma também é ensinada.
Você não pode se sentir triste e chorar no velório de um ente querido, pois sempre tem outro ente querido mais necessitado que você e certamente você vai ouvir “você tem que cuidar de fulaninho….”, você não pode expressar alegria a passar em uma coisa pela qual você se empenhou muito porque você vai ser arrogante. Você não pode passar férias na Europa e postar fotos sem parar, uma atras da outra, sem ouvir comentários de que você foi bancado por alguém. Ter, o que vou chamar agora de Autorresponsabilidade emocional envolve entender todos esses processos e saber que você pode sentir tudo isso, pode ter acesso a todas essas emoções sem suprimí-las.
O quanto nós negligenciamos nossa capacidade de sentir nossas emoções em prol de outras pessoas? Recebo com frequência no consultório clientes que falam que possuem altos índices de responsabilidade emocional, quando na verdade o que elas possuem é um excesso de doação de seu tempo, de suas emoções para outras pessoas enquanto há uma subjugação de suas próprias necessidades emocionais.
E isso não é diferente no BDSM. O quanto nos doamos para ensinar tal assunto a uma pessoa, nos abrimos para os desejos do Top ou experimentamos novas atividades e práticas para o Bottom onde, na verdade, não gostaríamos de experimentar. Acho ótimo que o BDSM tenha essa abertura e essa clareza nas ideias, é posto preto no branco o que é esperado e o que não é esperado, quais os limites e as potencialidades práticas e comportamentais. Mas o quanto esse ponto falta em termos de responsabilidade emocional no BDSM?
Fica para reflexão.
Se persistirem os sintomas, procure o terapeuta mais próximo.
AUTOR:
DR PSI
Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas.
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