CRENÇAS SOCIAIS E O SEU PAPEL NO BDSM

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Nos últimos textos que escrevi, falei um bocado sobre a influência do meio social e como isso pode interferir e formar redes neurais para determinar experiências no contexto do BDSM. Hoje, porém, vamos nos deter apenas nesse assunto. O texto tende a ser uma coisa “nova” mesclando uma coisa que costumo chamar de crenças sociais e como isso modula a nossa realidade. Somos humanos e os seres humanos, como seres pensantes trazemos a nossa cultura.

Somos humanos e os seres humanos, como seres pensantes trazemos a nossa cultura para a nossa realidade de uma maneira que somos os únicos animais que fazem isso. Nesse contexto, além da determinante genética (que por si só tem uma grande influência em nossa vida) carregamos também uma determinante histórica e cultural. Temos essas duas cargas dentro de nós e quando nascemos, essas cargas vão se sobrepondo sobre a gente – geralmente a carga genética aparece nas doenças e nas nossas características físicas e a carga cultural aparece nos nossos costumes e nas nossas crenças; Crenças, sobre a visão da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) se definem como verdades que a gente acredita sobre coisas na nossa vida e não questionamos em hipótese alguma. Só para entender, vamos lembrar a história que comer manga e tomar leite leva a pessoa à óbito. Essa é uma crença que durante muitas décadas foram sustentadas desde a época dos escravos até serem refutadas por evidências (aqui nos referimos por acontecimentos reais e concretos que nos levam a desafiar o que acreditamos).

Agora conceituados, vamos ao contexto do BDSM. Como dito em outros textos, principalmente o que explica sobre as parafilias, as práticas sexuais não normativas eram até pouco tempo tratadas como patologias de ordem psiquiátrica, pois havia uma crença social instaurada na sociedade que fazia com que práticas sexuais que fugissem da lógica de reprodução da espécie eram tratadas como “loucura” ou “atos de insanidade”. Com a revolução sexual em meados da década de 70, 80 podemos ver que este conceito começou a mudar aos poucos. Hoje o mundo dos fetiches são bem mais aceitos e até mesmo divulgados em sites e aplicativos de relacionamento, todos estão curiosíssimos para conhecer mais sobre fetiches e saber quais você curte e até mesmo aparentam estar mais abertos á conhecer novos fetiches e práticas sexuais.

Estamos em um momento de grande mudança neste sentido, principalmente dentro do contexto da cultura do BDSM, porém, ainda tem muita gente que usa essa sigla para esconder precon ceitos e conceitos que fogem do que acreditamos como real, como verdade. Toda cultura tem uma série de crenças arraigadas juntos à ela, basta pensarmos um pouco e vamos descobrir todo um “protocolo” de normas e regras sociais que “devemos” seguir para sermos incluídos dentro da comunidade.

Podemos nos alongar durante horas para descrever e refutar todas as crenças sociais arraigadas dentro da comunidade BDSM, dentro da comunidade leather, como um submisso tem que reagir ao mando do seu mestre, posições do dogplay e etc. No entanto, vamos nos focar a uma em específico? Como uma comunidade integrante de uma cultura que “foge” da norma social e sexual “normativa”, por que temos que trazer os conceitos e os pré-conceitos da comunidade e da cultura baunilha pata justificarmos os nossos papéis dentro do BDSM? Nem sempre o dominador tem que ter uma postura “máscula” e estereotipada para ser um bom dominador. Nem todos os dominadores são ativos. Desculpe suas crenças acerca do mundo BDSM estão sendo dissolvidas., mas são pontos necessários a se pensar para repensarmos nossos papeis dentro da cultura e a nossa produção (tanto no sentido interno, com fotos e vídeos e relatos, como no meio externo de divulgação desta comunidade e destes costumes). Nem todo submisso tem que ser magro, sem pelos, com a voz fina e amedrontada, basta olharmos os depoimentos e foto deste site para desfazermos este papel.

Finalizando, o post em que falamos sobre role-play e de como este jogo de representação de papéis são excitantes e estimulantes pra nossa libido, podemos pensar também que, de certa forma a cultura toda, o contexto BDSM acontece como um grande jogo de Role-Play. Terminei meu primeiro post neste site há algumas semanas atrás com a pergunta sobre limites, agora termino com uma outra pergunta para puxar o nosso assunto para a próxima semana: Realmente há como termos uma relação BDSM 24/7, ou seja, 24 horas por dia, sete dias por semana?

AUTOR: DR PSI

Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas

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2 comments

  1. Rafael Duolib 7 julho, 2020 at 14:38 Reply

    Ótimo artigo! Gays não estão isentos de ter preconceitos. Já vi muito preconceito inclusive de gays baunilha sobre a prática BDSM e a cultura leather. É preciso quebrar estereótipos.
    Abraço!

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