CIÚMES NO BDSM

2378
1
Share:

ATÉ ONDE VAI O CIÚMES NO BDSM?

Vamos falar sobre ciúmes? Ih, lá vem o Dr. Psi falando sobre emoções novamente. Sim! Vou falar sobre emoções enquanto eu puder (e o Barbudo deixar, claro!). Pois bem, vamos falar um pouquinho sobre como algumas relações baunilhas se repetem na cena BDSM.

Mas afinal, o que seria o ciúmes? Como sempre, para definir uma emoção eu vou seguir a lógica da teoria das emoções. O ciúmes seria, então, uma emoção secundária que, nada mais é do que uma mistura do amor com o medo.

Ciúmes seria, então, o medo de perder algo que gostamos.

Não sentimos ciúmes daquilo que não gostamos, daquilo que aturamos. Estranho falar que o ciúmes pode estar associado ao amor e, nesse ponto, eu devo desiludir vocês para dizer que o amor romântico que geralmente está associado ao ciúmes é uma falácia! O ciúmes está ligado ao amor (apego) e que pode ser dirigido a qualquer pessoa ou coisa. Tenho ciúmes dos meus livros, dos meus amigos, das coisas que eu tenho e gosto.

Pois bem, o ciúmes entra em cena nesse cenário. O BDSM, por outro lado, é uma relação em que muitos afirmam não haver emoções. Emoções são inerentes do ser humano, como já defendi aqui algumas vezes. É tão natural quanto a nossa vontade de dormir, comer, ir ao banheiro. O que muda em relação ao BDSM e ao baunilha é como expressamos as nossas emoções, nossos sentimentos.

Mas a pergunta que não quer calar é: Sentimos ciúmes no BDSM? E antes de responder, pergunto: sentimos amor no BDSM? Sentimos tristeza? Nojo? Medo? Raiva? Todas essas emoções são automáticas, biológicas, registradas no nosso código genético básico, registradas em nosso cérebro desde quando o mundo é mundo. O ciúmes já é um pouco diferente. Sentimos a sensação da perda quando vemos um top ao qual nós entregamos na noite passada usando e se deleitando de outro bottom. Às vezes ainda, na nossa frente. Aquela sensação de querer se mostrar, que é o melhor e de exibir. Isso é ciúmes! Então sim, é possível haver ciúmes na cena BDSM. Alguns tops, dos mais sádicos, até gostam de criar propositalmente cenas de ciúmes em bottons para testar o autocontrole.

O que vai mudar em relação ao ciúmes no BDSM e no baunilha é justamente como vamos expressar este ciúmes. Basicamente não há espaço para expressão do ciúmes dentro do BDSM, justamente porque há todo um jogo diferenciado em função das emoções. No BDSM há um grande jogo das emoções. A Sra Storm é uma grande entusiasta do fear play e, há algumas semanas, escreveu sobre jogos de medo dentro do BDSM, para ilustrar como as emoções ficam modificadas dentro da cena.

Nas nossas relações baunilhas, o ciúmes é muito incentivado. Quando adolescentes, somos incentivados a expressar nossos ciúmes através de indiretas e diretas. Quando temos relacionamentos consolidados, o ciúmes é instigado, testado. Há uns anos atrás, fazia muito sucesso na televisão aqueles testes de fidelidade que brincavam com o ciúmes de casais héteros e homossexuais.

Quando fazemos a transição do baunilha para o BDSM, muitas coisas mudam! Nesse site há centenas de postagens para ilustrar como a situação muda entre um e outro. Por isso, há a importância da construção da persona, da dissociação da pessoa física para a persona BDSM que nos montamos para jogar durante algumas horas, alguns dias. Do mesmo jeito que criamos um personagem, esta nova persona pode se tornar frio, calculista, ausente de emoções, embora nossa pessoa física sinta tudo aquilo que a cena nos permite sentir.

O cérebro da pessoa e da persona é apenas um, não há diferenciação. Não temos uma pessoa física para a persona que habita em nós. Cabe a nós racionalizar aquela emoção de forma a entender que a relação que temos e outra, completamente diferente da relação baunilha que vivemos a maior parte do tempo.

Apenas sente, ou melhor ajoelhe-lhe e desfrute racionalmente das emoções que o BDSM pode nos permitir de uma maneira que só elas podem nos permitir.

Se persistirem os sintomas, procure o terapeuta mais próximo.

AUTOR:

DR PSI

Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas.

SADISMO E EMPATIA

BDSM VIRTUAL

TESÃO

ALIENAÇÃO CONSCIENTE: ACEITANDO O QUE NÃO PODEMOS CONTROLAR

ALIENAÇÃO CONSCIENTE

PERSONA, PERSONALIDADE E BDSM

SOLIDÃO, SEXO E PANDEMIA

MIMADOS EMOCIONAIS

AUTOESTIMA

DECEPÇÕES CAUSADAS PELO BDSM

RAZÃO X EMOÇÃO

BDSM X PODER

EGO, ARROGO E BDSM

CUCKOLD: O PRAZER DA TRAIÇÃO

FARDAS: POR QUE DESSE FETICHE?

ANO NOVO. NOVAS PRÁTICAS?

EMPATIA NA CENA BDSM

MONEY SLAVE

CONCILIANDO A VIDA BAUNILHA E A FETICHISTA

AFTERCARE, UMA NECESSIDADE PSICOLÓGICA

PUNIÇÃO E RECOMPENSAS NO CONTEXTO BDSM

PUNIÇÃO E CASTIGO: COMO UTILIZAR

VERGONHA EM PRÁTICAS NÃO TRADICIONAIS

AUTOESTIMA E BDSM

AGE PLAY: LIBERTANDO A NOSSA CRIANÇA INTERIOR

QUAL O LIMITE DO FETICHE?

A ORIGEM DOS FETICHES

EXPERIÊNCIAS INFANTIS, FETICHES ADULTOS – PARTE 2: EXPERIENCIAS SEXUAIS

EXPERIÊNCIAS INFANTIS, FETICHES ADULTOS – PARTE 1: O PAPEL DAS CRENÇAS

PORNOGRAFIA VERSUS MUNDO REAL – PARTE 2

PORNOGRAFIA VERSUS MUNDO REAL – PARTE 1

DADDY, PORQUE AMAMOS?

DOMINAÇÃO PSICOLÓGICA: GUIA PRÁTICO

CRENÇAS SOCIAIS E O SEU PAPEL NO BDSM

DOR X PRAZER

HUMILHAÇÃO

ROLE PLAY

BDSM E LIMITES – UMA RELAÇÃO SAUDÁVEL

FETICHE MUITO ALÉM DAS PARAFILIAS

Share:

1 comment

  1. morroi 31 maio, 2021 at 10:25 Reply

    Uma pitada de ciúmes pode até ser um bom tempero pra uma relação baunilha. Dentro do BDSM considero um pouco descabido este tipo de sentimento porém, se houver, concordo que não há espaço para que seja expressso.
    Ciúmes em demasia, no entanto, podem ser indicativos de insegurança e imaturidade. Entendo que as pessoas são diferentes mas, como nunca senti ciúmes, na minha visão é um sentimento desnecessário.

Leave a reply

Você tem mais de 18 anos? Todo o conteúdo deste site é destinado ao publico adulto (+18 anos).