BDSM E LIMITES: UMA RELAÇÃO SAUDÁVEL

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Uma coisa que muito me assusta quando olho, dento da cultura BDSM, os submissos, ou as pessoas que se denominam submissas – pois a meu ver é apenas um aspirante – dizer em uma conversa pré-sessão que topa tudo e não tem limites. Assim como também vejo “dominadores” e uso aspas de propósito, denominando-se “sádicos” e não respeitando os limites do submisso, querendo uma relação sem nenhum tipo de limite, seja ele físico ou até mesmo psicológico.

Tudo na vida tem um limite, a tão cobiçada liberdade é uma questão um tanto utópica e limitada. Ninguém é completamente livre. Você é livre até um ponto, você pode fazer tudo o que quiser até um ponto. Tudo tem um limite: limite de peso que uma balança aguenta, limite do cartão e crédito, limites de roupas que cabem no seu guarda roupa, limites de gozadas que você pode dar em um único dia. Quando vejo essas pessoas relatando que não possuem limites quando se trata de uma relação BDSM um grande alerta vermelho salta na minha cabeça no mesmo momento e penso em duas coisas: 1) a pessoa não sabe absolutamente nada sobre os pilares do BDSM e; 2) a pessoa tem algum sério problema e precisa ser avaliado, conversado com muita calma.

Relembrando para fins didáticos: relações BDSM se baseiam em três letrinhas SSC (são, seguro e consensual). Uma relação BDSM tem que ser saudável para ambos, pois muita gente – e digo muita mesmo – usa essa pequena sigla de uma subcultura para justificar abuso sexual, pois isso está cultura acaba sendo um tanto quanto julgada. Uma relação precisa também ser segura, não podemos fazer o que quisermos nos termos que achamos que são necessários, é preciso uma boa conversa antes com os integrantes dessa relação, por algumas vezes até despir aquele personagem que criamos como dominadores e submissos para entender as necessidades do outro e, por fim, definir o que vai ser uma prática Consensual.

Eu sempre tenho em mente essas três palavrinhas sempre que converso com alguém sobre o assunto. Uma relação que não tem duas pessoas psicologicamente saudáveis não pode se configurar em uma relação BDSM segura. Uma relação com pessoas que dizem que não possuem limites é datada ao fracasso e, da mesma forma, uma relação com práticas não consentias pode claramente se tornar um crime.

O BDSM como cultura é vista como uma cultura “subversiva” onde se chega no limite entre o prazer e a dor e, para os leigos, nos limites entre a sanidade mental e a loucura. Não vamos entrar no mérito do que pode ser considerado loucura ou patologia, descrevi isso no post anterior. Mas acredito com todas as minhas forças, a partir de todos os meus estudos teóricos de oito anos na psicologia, assim como como minha visão prática deste mundo que estes indivíduos que devem ser olhados com bastante cuidado. Existem algumas características de personalidade na psiquiatria e na psicologia que podem ajudar a explicar estes modelos como o Transtorno de Personalidade Dependente ou o Transtorno de Personalidade Limítrofe ou Borderline que muitas vezes não são diagnosticados e muito menos tratados. E uma vez que estas pessoas com estas características, por exemplo, podem ser reforçadas negativamente para manter esses sintomas, agravando o seu quadro.

Ao longo dos próximos posts, pretendo descrever um pouco mais essas relações entre as nossas próprias características pessoais em relação às sessões BDSM. Comentem suas dúvidas, com casos que vocês tenham vivido, com suas experiências pessoais, isso vai nos ajudar muito a ajuda-los a transformar a experiência BDSM em uma relação saudável e prazerosa.

AUTOR: DR PSI

Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas

 

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