EXPERIÊNCIAS INFANTIS, FETICHES ADULTOS – PARTE 2: EXPERIENCIAS SEXUAIS

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Para começarmos as discussões desta semana quero que vocês lembrem da primeira experiência sexual de vocês. Quase consigo ver faces de estranhamento do outro lado da tela. A minha também não foi lá essas coisas. O que eu quero discutir hoje é que: mesmo a nossa primeira experiência não seja ruim, a gente não desistiu e continuou até encontrar uma coisa boa nessas relações onde sentimos prazer. Se, mesmo com uma primeira experiência ruim e possivelmente dolorosa, pois lembrem-se da linha tênue entre dor e prazer – nós não desistimos e continuamos tentando até aquilo dar certo. Nota: vamos deixar vem claro que estamos falando aqui de experiências sexuais “normativas” entre muitas aspas, considerando uma relação baseada na penetração. As questões de preferências sexuais e gêneros como assexuais, gouines, entre outras possuem uma outra forma de raciocínio.

Porque tentamos fazer isso? Olhando racionalmente, experiências sexuais, principalmente as primeiras, são demasiado dolorosas, mais ruins do que boas, muitas vezes vergonhosas, mas ainda sim continuamos (uma série que discute bem a ideia das primeiras experiências sexuais é a série Sex Education, da Netflix). Vamos pensar agora em homens que tem relações sexuais onde não sentem prazer, mulheres que passam anos tendo relações sexuais sem ter orgasmos entre outras situações que, olhando com os olhos de quem faz parte de uma sub-cultura que tem experiências sexuais entrelaçada em toda a relação sexual prezando por experiências sexuais sem ter o ato sexual propriamente dito podemos achar estranho, mas esses fatos são mais comuns do que imaginamos.

Pois bem, as experiências sexuais, por mais ruins que possam ser na primeira, tem como base a busca de prazer – não sejamos hipócritas, poucas culturas atuais inda realizam sexo unicamente por reprodução – e até encontrarmos essa busca de prazer procuramos em diferentes estilos e modelos de relações sexuais. De certa forma, acho que os fetiches se encontram nessa busca de uma forma de prazer não normativa. Conheço pessoas do mundo Leather, por exemplo, que só sentem tesão vestindo peças de couro, sem eles o tesão simplesmente não vem, assim como eu conheço pessoas que o mundo leather e tudo que envolve é apenas uma maneira de sentir prazer que não dependem do fetiche para sentirem prazer de forma plena

Estamos falando aqui de uma lei de modelagem de comportamento chamado condicionamento. Tudo na vida é permeado de condicionamentos – desculpem psicanalistas, mas é verdade -. Em linhas gerais, podemos entender a lei de condicionamento como um estímulo que é apresentado para nós determinadas vezes até que nos possamos emitir determinados comportamentos. Um dos experimentos mais conhecidos sobre o condicionamento é sobre o pequeno Albet, um bebe de alguns meses que, ao ver um ratinho, não sentia medo nenhum e até brincava com ele, porém toda vez que o ratinho de aproximava o pesquisador apertava uma buzina que produzia um som alto e estridente, fazendo a criança se assustar e chorar. Com alguns pareamentos como este, a criança, apenas de ver o ratinho, (possivelmente se lembrava do barulho) e começava a chorar, mesmo sem a presença do barulho. Isto é condicionamento da forma mais pura e simples e é a explicação mais básica sobre o funcionamento cerebral na ansiedade (minha especialidade, posso escrever um post só sobre isso se quiserem)

Porém o condicionamento não quer dizer que assim nós possamos nos acostumar com tudo e todos apenas por uma aproximação sistemática aquele fato ou situação. Somos seres humanos complexos e essas leis que aplicam de forma eficaz dessa forma unicamente em animais. Nós temos os nossos pensamentos que interferem – tanto para o bem quanto para o mal, depende da situação – das nossas emoções e expressões emocionais, dos nossos comportamentos que podem ir completamente além do que esperávamos, entre outras milhares de variáveis.

Tentando responder a pergunta do leitor que relatei no post na semana anterior, sem tentar expô-lo e de uma forma que todos os leitores consigam entender: todos somos condicionados de centenas de milhares de formas diferentes, esses condicionamentos são quase automáticos. Se, ao termos medo de uma pessoa e ela ter determinadas características, dependendo de quanto medo eu sentir, ao ver a característica dessas pessoas eu vou começar a sentir as mesmas reações físicas de medo que senti naquela situação (Ansiedade da forma mais pura, simples e baseada em evidências). Mas isso não quer dizer que você tem que ter medo daquela situação ou evitar aquelas características toda sua vida. Diversas terapias, principalmente a Terapia Cognitivo-Comportamental (abordagem que eu trabalho) vão trabalhar de forma a quebrar esse padrão de condicionamento para que os indivíduos tenham vidas mais plenas sem ficar dependentes desses pensamentos, emoções e comportamentos.

Uma das coisas que eu sempre falo para os meus pacientes em primeira sessão de psicoterapia que é para que eles fiquem cientes de uma vez é que o nosso passado é passado, podemos nos apegar a ele para explicar o que somos hoje, porém ele não pode determinar a forma como nos comportamos daqui para frente. O que aconteceu eu não posso mudar, mas eu posso mudar o que vai acontecer daqui pra frente na minha vida. E, quando estamos falando de experiências sexuais, temos que ter sempre em mente um conceito de qualidade de vida. Se eu faço o que eu faço e me sinto bem com isso, qual problema temos? Se eu me sinto bem no momento e se eu tenho uma sensação estranha depois é um sinal de alerta, melhor procurar um auxílio, porém se eu faço isso para suprir uma necessidade emocional extrema ou um descorforto que eu não consigo nomear é um sinal vermelho, procure um auxílio urgente. Encontro-me a disposição para conversas caso necessário, basta mandar uma mensagem para o mestre Barbudo que ele passará meu contato.

AUTOR: DR PSI

Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas

 

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