TRANCADOS PARA FORA DO ARMÁRIO

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Você não precisa sair do armário se você não estiver pronto. Ponto. Era sobre isso que eu queria falar para vocês! Volto na semana que vem! Pois bem, esse texto era para sair na última semana de julho, mas o texto não estava maduro o suficiente. O tema principal pode ser um pouco polêmico e retoma alguns outros conceitos que expus nas últimas semanas.

Somos obrigados a sair do armário? Mesmo quando não nos sentimos preparado para tal? A sociedade tem um movimento quase automático de nos puxar para fora do armário quando estamos na adolescência. Todos os jovens LGBTQIAP+ “precisam” se posicionar para sair do armário e dizer como e, principalmente com quem, vão passar a noite na cama. E quando finalmente saímos, a sociedade nos puxa de volta para dentro do armário dizendo que não precisamos ser tão: não precisamos ser tão gay, tão lésbica, tão… tão…

E nem estramos entrando na seara das “novas” nomenclaturas que a sociedade ainda não conseguiu entender. Não sou gay, sou não binário, não sou bissexual, sou pan. Por que temos que nos enquadrar em nomenclaturas? Porque precisamos sair de um armário de heteronormatividade para nos enquadrarmos em um armário de possibilidades dentro da prateleira das infinitas nomenclaturas de gênero LGBTQIAP+.

Há algumas semanas trouxe um termo da psicologia do desenvolvimento chamado Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) que é, em linhas gerais, um andaime que suporta o que aprendemos e o que ainda está em nossa zona de desenvolvimento. Se, em nossa zona de desenvolvimento não está mudar todo um estilo de vida que, muitas vezes já estamos acostumados para adentrarmos dentro de um padrão de normalidade fora da curva de normalidade.

O ponto em questão é que se não nos sentirmos preparados, nós não temos que fazer isso ou aquilo para enquadrarmos dentro do que terceiros estão dizendo para gente que é certo e o que é errado. Lutamos tanto para nossa independência, nossa liberdade, nossa autonomia, mas esquecemos que, na verdade, nossa liberdade é escolher em qual prisão nós vamos nos fechar. Saúde mental, na minha concepção é entender estas prisões e sabermos que, no final das contas, embora estejamos presos, nós temos a chave, nós podemos sair e voltar quantas vezes necessário. Quantas vezes quisermos. Isso é ser livre! Isso é ser autônomo! Isso é ser saudável.

Dizem que o gênero é fluido, mas o ser humano também é. Somos plásticos, conseguimos nos moldar frente às necessidades e dificuldades. Essa nossa capacidade é chamada de neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do nosso cérebro de formar novas conexões cerebrais a partir de novas situações enfrentadas. Tudo na nossa vida produz neuroplasticidade: aprender um novo idioma, aprender uma habilidade nova, conversar com uma outra pessoa sobre um assunto o qual não estamos acostumados, negar alguma coisa que já está na nossa rede de modo padrão. E essa última, como é libertadora!

E da mesma forma que nós precisamos de tempo para aprendermos novas habilidades, precisamos de tempo para nos aceitarmos. Precisamos de tempo para associarmos novas informações, novos estímulos, novos comportamentos. Além de tempo é preciso de coragem. A primeira lei de Newton na Física diz que um objeto parado tende a ficar parado até que tenha uma força que o tire da inércia. Na vida em um geral, essa força que nos tira da inércia é a coragem. A coragem para sermos quem somos, a coragem para sairmos da estaca zero, a coragem de nos aceitarmos que está tudo bem e que não precisamos nos expor a uma situação que ainda não estamos preparados.

Se persistirem os sintomas, procure um terapeuta mais próximo.

AUTOR:

DR PSI

Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas.

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