Olá povo do fetiche, todos bem?

Estou um tempo sumida daqui mas a vida baunilha, vem me atropelando … hahhahaha, não posso reclamar por serem coisas boas e, consequentemente muitas novidades boas para vocês também!

Mas hoje, depois de duas semanas acaloradas que tivemos no BDSM Brasil, venho trazendo um assunto pouco comentado, mas muito importante: o peso do nosso nick dentro da comunidade.

Quando nascemos, nossos pais nos registram com nomes, que eles esperam que assim sejamos conhecidos, e as motivações nessa escolha, foge completamente ao nosso controle, ou seja, precisamos passar a vida com nomes que, se eventualmente não gostamos, nós que lutemos! A lei brasileira até prevê a possibilidade de troca de nome quando o requerente provar em juízo que o nome escolhido pelos pais, lhe causa algum transtorno ou prejuízo vexatório, mas isso é para um outro fórum de discussão.

Pois bem, daí crescemos, atingimos a maioridade, nos descobrimos sexualmente e chegamos no BDSM e aqui nos deparamos com uma “comunidade de nicks”, (nick que vem a ser o curtinho de nickname, que em inglês significa “apelido”).

A primeira pergunta que muita gente me faz é: “Sra Storm, eu preciso mesmo criar um nick?”, e a minha resposta vai ser sempre SIM e, com letras maiúsculas.

Mas oras, por quê Sra Storm?

E aqui eu posso elencar alguns motivos, mas o mais forte e principal deles é que, tudo que fazemos aqui dentro do BDSM é a possibilidade que damos ao nosso alterego o direito de existir.

Para aqueles que não estão acostumados com o conceito de alterego, vamos lá …

Quando a gente fala de BDSM estamos falando e um jogo lúdico erótico. Dentro de qualquer jogo, criamos “personagens”.

Vou me colocar aqui como exemplo, no BDSM me reconheço como sádica erótica, ou seja, eu obtenho o meu prazer erótico através da imposição da dor e/ou desconforto a uma segunda pessoa, assim funciona a Sra Storm. Na vida baunilha, a Patrícia é incapaz de fazer mal para uma formiga, a Patrícia é fofa! 🌚 (corre aqui Dr. Psi kkkk)

Logo, eu crio o alterego “Sra Storm” que dará vazão a essa ludicidade que existe no jogo BDSM e também, para me dissociar da minha personalidade primeira, a Patrícia e dar espaço para a pessoa que se alimenta eroticamente por vias dissidentes.

Quando eu digo que somos um jogo lúdico, eu digo que performamos papéis que cumprem com nossos desejos, isso não quer dizer que a nossa persona BDSM não seja real, mas sim, que ela anda em paralelo à nossa existência baunilha.

Nas minhas interações baunilhas (sim, elas existem!), não é a Sra Storm quem dá as caras (embora ela sempre dá um jeitinho de aparecer, essa safada kkk), mas sim, em quase sua totalidade, é a personalidade da Patrícia. Já no meu jogo BDSM, a Patrícia fica lá sentadinha só assistindo às peripécias Storm.

Ter uma persona definida, com nick, faz com que consigamos psicologicamente também colocar início, meio e fim aos nossos jogos.

Esse é, para mim, o principal motivo de termos um nick, depois disso vem a questão vida baunilha x vida BDSM. Nem todas as pessoas possuem espaços familiares e de amizade livres e compreensivos o suficiente para “mostrarem” esse lado mais dissidente. Muita gente vive o BDSM num universo paralelo à vida baunilha, simplesmente porque não podem dizer tudo às claras, e essas pessoas precisam não somente viver suas sexualidades, como também serem respeitadas para serem felizes.

Óbvio que tem gente que não precisa ter essas preocupações baunilhas, e jogam o BDSM com seus próprios nomes, OK! Bacana, legal para elas, mas elas são a exceção, da exceção, da exceção de nós todos!

Entendido esse primeiro momento, chegamos à próxima pergunta: “como eu escolho um nick?” e é exatamente nesse momento do questionamento que eu quero conversar com vocês.

O seu nick no BDSM é algo que pertence a você, que pode ser desde uma particularidade sua que você queira evidenciar, ser um apelido de infância que te traz uma memória boa, ser a homenagem a um/a/e personagem famoso e assim por diante … mas entendam, esse nicks precisa ser uma representação SUA.

Uma coisa muito comum que vemos no BDSM, é o bottom transferindo para o Top essa decisão de criar um nick, daí essa pessoa que entra no BDSM com o nome de “abelha”, arruma uma Ds (via de regra express!) e amanhã se chama “chapeuzinho vermelho de Dom Lobo Mau”. Depois de amanhã, se essa Ds acabar, esse bottom passa a se chamar “xena fênix”, faz algum sentido para vocês? Conseguem reparar o salseiro?

Outra prática bastante comum também, entre as pessoas com comportamento Red Flag, é que elas chegam, fazem merda na comunidade se chamando por exemplo, “Spartakus”, somem por um tempo, e depois voltam como “Spartamus”.

Quem permanece na comunidade por mais de um verão, está, assim como eu, cansada/o/e de ver isso acontecer, inclusive porque, a memória do “BDSMer médio topzera” tende a ser igual a de um peixinho beta, então, para alguns RF basta alguns meses fora, para todo mundo esquecer!

Um outro ponto muito importante que vocês precisam sempre ter em mente é que, não existe um SPC do BDSM, não existe um “tribunal validador” do praticante, ninguém que hoje caminha por essas terras pantanosas, tem nem sequer o direito, de tentar validar um outro praticante, seja por pedido de foto, disso ou daquilo, inclusive quem faz isso tem nome né meu povo?

Tudo o que a gente tem no BDSM é o nosso nome, que eventualmente vem a ser o nosso “nick”, ele é o nosso cartão de visita, ele é o que vai dizer, quando seu nick for jogado numa roda de conversa, a fama que você tem, independente da fama que seja, ela sempre acompanhará o seu nick, e um nick de respeito não se constrói numa pandemia, nem com meia dúzia de fotos bem feitas em studio! Um nick, tem o poder de abrir e fechar portas!

Aos bottoms que estão me lendo, parem com essa sandice de transferir para seus Tops o seu “batizado”!

Se você se reconhece como um “menino sapeca”, seja sempre um “menino sapeca” e, se você firmar uma Ds comigo, por exemplo, você será o “menino sapeca de Sra Storm”, e no dia que essa Ds terminar, você volta à condição de bottom livre, mas não pode nunca perder a sua característica de “menino sapeca”

Meu amigo Dom Barbudo, possui um dog (lindo, que eu sou apaixonada inclusive!), o Lupo. Amanhã ou depois se o Barbudo o desencoleirar, ele continuará sendo o Lupo, porque esse nome é a representação da personalidade dele.

Se ficar muito difícil de entender, façam uma analogia com a vida baunilha: quando alguém casa, essa pessoa pode agregar o sobrenome do cônjuge (atualmente a lei prevê que tanto homens como mulheres façam isso). Logo, a Maria Aparecida de Freitas pode vir a se chamar Maria Aparecida de Freitas e Silva, e, se um dia ela se divorciar, ela tira o Silva, voltando ao status de Maria Aparecida de Freitas.

Não é tão difícil de entender, não é mesmo?

Então, para resumir tudo isso, vamos lá
📌 Tenham nicks para delimitarem começo, meio e fim de jogo
📌 Tenham nicks para separar a sua vivência baunilha de sua vivência BDSM
📌 Lembrem-se que o seu nick precisa TE representar, e não o que o outro acha que você é
📌 Pessoas que mudam constantemente de nick, são sempre vistas com maus olhos

E por último, mas não menos importante,

📌 Você pode mudar seu nick, mas sempre alguém lembrará quem você foi no passado!

Desejo a todos um Feliz Natal, e que seja uma noite de muita paz, saúde, e que cada um de vocês passe ao lado daqueles que lhes são caros!

Um beijo natalino e por favor, hidratem-se para evitar ressaca!!!!

Champagnem-se
Feliz Natal
Sra Storm

AUTORA

SRA STORM

Terapeuta sexual e praticante de BDSM. Sádica e voyeur assumida, suas práticas preferidas são as de caráter mais psicológico porém, se encanta também por práticas como Wax Play, Flogging, Branding, Castidade e Inversão e algumas outras pequenas perversões!
Instagram: @darkroomcla com conteúdo instrutivo da subcultura Kink e BDSM.

DEZEMBRO VERMELHO

ENTREVISTA DA SRA STORM PARA O GRUPO BDSM COMUNIDADE E ARTE

DESEJOS

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL X BDSM

EVOLUÇÃO NO BDSM

SWITCHERS

MUITO ALÉM DO ESTEREÓTIPO

INVERSÃO

SERVIDÃO DOMÉSTICA

6/9 DIA DO SEXO

RESPEITO

CONSENTIMENTO – QUANDO O COMBINADO NECESSARIAMENTE CUSTA CARO!

FEMDOM

DEPENDÊNCIA EMOCIONAL

O PRINCÍPIO DA ISONOMIA DO DIREITO E AS NEGOCIAÇÕES DO BDSM

FINDOM

FELIZ DIA DO SPANKING

CIÚMES

AGONOFILIA

CASTIGOS E PUNIÇÕES

Ds 24/7 EPE, E AGORA?

PRIMAL

CRACHÁ BDSM – O RETORNO

CRACHÁ BDSM

SUB DE ALMA

GOR x BDSM

LITURGIA

TUTOR X MENTOR

BAUNILHA X BDSM

MUMIFICAÇÃO

MONOGAMIA E BDSM

PRIVAÇÃO DE SENTIDOS

PRIVAÇÃO DO ORGASMO

QUIROFILIA

ALTO PROTOCOLO

ODAXELAGNIA

O SADOMASOQUISMO, A INGLATERRA, O CONSENTIMENTO
E COMO ISSO NOS IMPACTA

Ds VIRTUAL

PODOLATRIA

BONDAGE

GATILHOS MENTAIS E EMOCIONAIS

FEEDERISMO

COLEIRAS

HIEROFILIA

TRANSFERÊNCIA DE ESFERAS

GRAVIDEZ NO BDSM

BDSM A 3! OU A 4, NUNCA SE SABE… – SENHOR VIOLINISTA

BDSM A 3! OU 4, NUNCA SE SABE…

BLOOD PLAY

ISTs NO BDSM

O VIÉS DE CONFIRMAÇÃO E O BDSM

AFTERCARE DO TOP

DOM SPACE

DOMINAÇÃO POR BAIXO

SUBMISSÃO SIM, SUSERVIÊNCIA NUNCA!

FEAR PLAY

SER DISSIDENTE É SER RESISTENTE

FLUXO DE PODER

PRIMEIRA SESSÃO

EXPECTATIVAS X REALIDADE

BDSM, PALCO DE EGOS FRÁGEIS

FETICHES & AFINS

BASTINADO

COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA NO BDSM

FETICHE DO VOYEURISMO E FETICHE DO EXIBICIONISMO

LIMITES E LIMITAÇÕES

POSTURA E ABORDAGEM

FIRE PLAY

EDGES PLAY

CONVERSAÇÃO, NEGOCIAÇÃO E CONTRATO

DESLIGAMENTO

ABUSOS! PRECISAMOS FALAR SOBRE

BDSM, POR ONDE COMEÇAR?

SUA DINÂMICA, SEU PERFIL!

MASCULINIDADE TÓXICA E BDSM

PADDLING I CANING & CROPPING

SESSÕES AVULSAS

WHIPPING

EMPRÉSTIMO NO BDSM

SÍMBOLOS – LEATHER E BDSMFETICHES, PARAFILIAS & TRANSTORNOS DE PARAFILIAS

SAFEWORD – A CONTÍNUA NUVEM CINZA!

TIPOS DE RELACIONAMENTO

BISSEXUALIDADE E PANSEXUALIDADE X BDSM

POSIÇÕES: TOP, BOTTOM E SWITCHER

OUTUBRO ROSA – ESSE PROBLEMA TAMBÉM TE PERTENCE?

ORIGEM DO BDSM

BDSM, POR ONDE COMEÇAR?

HUMILHAÇÃO ERÓTICA

DOMINAÇÃO PSICOLÓGICA

FETICHE X CAPITALISMO – ENTENDENDO O DESEJO DE TER!

CASTIDADE

SUB SPACE

CONTRATO BDSM – MODELO EM ANEXO

CONSENTIMENTO NO BDSM

HISTÓRIA DA CULTURA LEATHER

RELAÇÃO BDSM X SEXO

UMA REFEIÇÃO SENSORIAL

24/7

IMAGEM SOCIAL E BDSM

IMPACT PLAY

FETICHE X FANTASIA

AS BASES DO BDSM E AS DIFERENÇAS ENTRE ELAS

RED FLAGS

Uma resposta

  1. A imensa maioria de nós não tem a possibilidade de escolher seu próprio nome baunilha – exceto em alguns casos de redesignação, ou quando o nome é motivo de vergonha. Então, no BDSM, podemos fazer esta escolha! E uma escolha bastante consciente, entendendo o significado do nick. E, como a Sra. Storm bem explicou, trata-se de parte da criação de uma persona. Eu sei que, quando estou atendendo pelo nick morroi, eu não estou na minha vida “civil”, e que quando volto a responder pelo meu nome social o jogo terminou. É uma forma de ajudara a entrar e sair do personagem. Eu demorei meses até conseguir encontrar um nick com o qual me identificasse, que fosse único e retratasse minha essência. E consegui – em outra língua, está certo – mas é um nick cujo significado é claro pra mim porém não tão óbvio a todos. E gosto bastante dele!
    PS: eu já citei aqui em outro comentário, mas pra quem não sabe, morroi significa servo em Basco.

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