ANO NOVO, RELACIONAMENTO NOVO

Ano novo chegou e com ele aquelas metas impossíveis que nós sabemos que não vamos cumprir, só fazemos porque são culturalmente aceitos. Prometemos voltar para academia, emagrecer N quilos, economizar X dinheiros, ficar mais calmo, trocar de emprego, terminar aquele curso que começamos no início da pandemia porque eu vi no jornal que as pessoas estavam fazendo e não terminei. Por que prometemos tudo isso? Sabemos que não vamos cumprir.

Eu proponho uma abordagem diferente esse ano. Sempre prometemos coisas materiais: dinheiro, certificado, quilos a menos, fazer algo físico que temos que nos esforçar e sabemos que, na primeira semana ou no primeiro happy hour com os amigos com double de gin vamos furar e não voltar mais. Por que não pedimos coisas para nós mesmos? Coisas menores, subjetivas, diretas em que vamos ver o resultado em pouco tempo. Ao invés de colocarmos como meta emagrecer 20 quilos porque a blogueira postou uma foto de biniqui, por que eu não coloco como meta conhecer o meu corpo? Saber como ele funciona ao invés de me meter em oito tipos de dieta diferentes e entrar no efeito sanfona. Eu coloco como meta ficar mais calmo, mas não paro nenhum minuto para conseguir identificar quais são os gatilhos que me tiram da calma, que me fazem desestabilizar. Não paro para identificar quais são as pessoas que me estressam, quais pensamentos eu tenho, quais emoções que perpassam na minha cabeça quando isso ocorre.

Dentro do nosso querido e amado BDSM, eu proponho uma meta completamente diferente, inusitada e, de certa forma difícil – mas eu tenho certeza que é menos difícil do que emagrecer 10 quilos pro carnaval. Eu coloco como meta esse ano me afastar de pessoas tóxicas.

Basta vasculhar nesse site por alguns minutos que você pode encontrar diversos textos meus e da Sra Storm sobre relacionamentos e BDSM. Diversas linhas despendidas escrevendo sobre como tem muita pessoa dentro do nosso mundo que se utiliza das artimanhas e dos aparelhos de caça que temos para abusar física, psicológica e moralmente as pessoas menos informadas. Não é muito difícil de ver, pra quem tem vontade – e uma mente minimamente saudável. Minha vó sempre diz que o pior cego é aquele que não quer ver e, a cada dia que passa acredito mais nessa fala da minha avó. Podemos dar todas as evidências para a pessoa, se a pessoa não estiver predisposta a isso, ela não vai se permitir olhar para as outras possibilidades escancaradas na frente dela. Na psicologia, chamamos isso de Inflexibilidade cognitiva.

E olha o irônico da coisa…. vamos para academia, pilates, corremos, fazemos mil e um exercícios para termos flexibilidade física, para conseguirmos fazer aquela posição ou aquela amarração de shibari que aparece nas fotos artísticas do instagram. Mas nos frustramos, nos achamos um lixo quando não conseguimos fazer essas posições, porque, o que precisa ser igualmente flexibilizado não foi: meus pensamentos, minhas emoções, meus estados internos.

Bom, não vou encher vocês com sermões logo no quarto dia do ano. Temos o ano todo para isso ainda. Feliz ano nosso, fetichistinhas do Brasil. Muitas relações saudáveis pra vocês. Desejo que, nesse ano de 2022, além de tudo que vocês desejaram na virada do ano pulando ondinhas, comendo lentinha, etc. uma coisinha mais: flexibilidade cognitiva.

Se persistirem os sintomas, procure o terapeuta mais próximo.

AUTOR:

DR PSI

Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas.

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