Cá estamos para conversar um pouquinho sobre castidade, estado que todos estamos com esse frio de São Paulo. Ou não? Podemos entender a castidade em um sentido histórico como a não realização da prática sexual.
No BDSM, a castidade pode ser entendida nesse espectro de, desde não realização do sexo (ato sexual em si – penetração) como a não realização de nenhuma prática da seara sexual, do amplo espectro sexual – e erótico – que envolve a nossa cultura.
Para o BDSM, a castidade pode ser entendida como a proibição do ato sexual (principalmente pelo Top sobre o Bottom), mas também pode se ter variações, como a proibição da masturbação, por algumas vezes até mesmo de tocar o órgão genital, proibindo assim, não só o ato sexual, mas o prazer em geral.
E como tudo no BDSM – ou quase tudo na verdade – a prática da castidade tem o objetivo de: É obvio, poder! Poder sobre o ato sexual, poder sobre o órgão, poder sobre o prazer do outro. Costumo dizer – e não sou só eu – que o BDSM é um grande jogo de poderes.
Fazendo um paralelo da castidade sob a visão do BDSM para a visão da castidade eclesiástica, basta pensarmos um pouco, e também, pesquisarmos um pouco para vermos que, em uma visão religiosa cristã, a castidade serve para “largarmos” o mundo dos humanos e nos aproximarmos de Deus. Na visão Budista, a Castidade pode ser um dos caminhos para atingirmos o nirvana ou qualquer outra forma de elevação espiritual. Mas agora, tirando a pureza e voltando para o submundo do universo BDSM, para que serve a castidade? Para descaracterizar o humano que existe, muitas vezes no bottom, assim como suas vontades e malícias, desejos e entregá-los na não do Top de uma forma bastante concreta: com uma chave! Ao trancarmos os nossos genitais com um cinto de castidade e entregarmos a chave para o Top, estamos entregando para ele também de uma forma concreta os nossos desejos, nossos anseios, nossas vontades. Tenho que pedir permissão para o Top para me masturbar, para sentir prazer. E isso é puramente controle.
Para os “submissos de alma” (leiam o termo com ironia), a castidade é só mais uma forma de se ausentar de seus desejos, de suas responsabilidades com si mesmo e entregá-las nas mãos de terceiros. Meio preocupante, não é? Lendo esta frase eu consigo enquadrar inúmeras variáveis e me vêm na cabeça inúmeras perguntas que me preocupam tanto o termo submisso de alma.
Mas, aí vem o que sempre conversamos e o que eu “prego” e, mais do que isso, imploro ao longo desse ano que escrevo: moderação. Moderação é a chave para um melhor aproveitamento de tudo que temos disponível no meio. Sentir prazer é ótimo e, a privação do prazer pode nos levar a outros níveis de experiências sexuais e eróticas que muitas vezes, quando estamos focados apenas no gozo sexual, com as zonas erógenas tradicionais, acabamos não percebendo. Mas, acredito que todo praticamente de BDSM que se preze sabe disso né? Ou não?
Se persistirem os sintomas, procure o terapeuta mais próximo!
AUTOR:
DR PSI
Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas.
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Uma resposta
Entregar o controle do seu desejo nas mãos de uma outra pessoa parece uma coisa muito louca, não? Mas é extremamente excitante! Claro, como bem lembrado, tudo feito com bom senso e moderação. Eu mesmo não aguentaria ficar “trancado” por muito tempo…