TESÃO

Título simples e objetivo. Tenho certeza lhe chamou atenção. Sim, hoje vamos falar de tesão como “função” e expressão de uma necessidade humana básica e como utilizá-lo dentro do contexto BDSM nos tempos atuais.

Bom, mas o que é tesão? Bom, em linhas gerais a gente pode descrever o tesão como a expressão de uma necessidade sexual. Uma das definições encontradas online diz que o tesão é um “vivo interesse sexual” e é nesta definição no qual eu vou me apoiar. Nós sentimos tesão quando vemos alguém interessante sexualmente para nós, quando somos estimulados sexualmente de alguma forma, seja in vivo, ou imaginando uma situação, vendo um vídeo). Muitas vezes o tesão está em nossa cabeça! Não que não envolva uma complexa estrutura biológica que começa no cérebro e termina no órgão sexual (ou outras partes do corpo, afinal, andamos à margem da sociedade).

Não podemos negar que o tesão está ligado ao sexo e sexo, pasmem, é uma necessidade humana básica. Maslow, psicólogo americano elaborou uma pirâmide com as necessidades básicas do ser humano – isso no século passado, acredito que hoje algumas coisas se mudariam; Pois bem, na base da pirâmide estão as nossas necessidades fisiológicas, tais como comer, dormir e, claro, sexo!

Já discutimos por horas aqui sobre a relação o sexo com o BDSM e de como sentimos prazer. Não é de uma forma tradicional, não precisa ter o ato sexual para sermos estimulados sexualmente, pois o BDSM envolve uma intensa carga erótica. E o erotismo está ligado ao? Exatamente: Ao sexo!

Não é meu papel neste texto trazer sobre a forma como sentimos tesão em determinados estímulos, já falamos sobre isso antes aqui no site por diversas vezes. Podemos sentir tesão em praticamente tudo, o que vai depender da nossa história de vida, nossas experiências, pensamentos que nutrimos e as emoções que estão associadas. O que eu quero trazer para vocês hoje como uma reflexão é como podemos suprir este tesão, esta necessidade biológica básica em tempos em que o mundo está recomendamos que estejamos afastados?

Nessa altura, leio a mente de vocês e vejo uma coisa: Masturbação! A masturbação é sem dúvidas uma das principais saídas! Fazemos isso desde o início da adolescência, é através dela que conhecemos nosso corpo, nossos gostos, o que gostamos ou não. E pode ser a partir da masturbação, dos pensamentos que temos, das atitudes que temos ali, que podemos descobrir alguns fetiches. Me lembro que descobri muito dos meus ainda na adolescência, de olhos fechados, me masturbando, em uma sessão de auto-amor, como diz um colega meu.

Pois bem. Se estamos privados de relações sociais, em um primeiro momento a masturbação preenche uma lacuna bastante importante. Porém chega uma hora em que isso não é mais suficiente. E vamos falar a verdade: se a masturbação fosse suficiente, o nosso eu adolescente de 14, 15 anos não estaria louco por sexo, batia uma gozava e seguia a vida. Tem uma hora que a masturbação não preenche uma necessidade nossa. Para fazermos sexo precisamos de uma outra pessoa.

E aqui vão algumas alternativas:

1) Claro que ter alguém para ter um relacionamento é de suma importância e resume muito estas preocupações, mas não é todo mundo que dispõe desse luxo.

2) Brinquedos sexuais. Hoje, o mercado erótico tem mil e um produtos de ordens mais variadas para fazer com que você satisfaça o seu desejo de forma saudável e solitária. Os filmes da série “De Pernas pro ar” ilustram muito bem esta relação, de uma forma deveras humorada;

3) Pessoas de confiança, o famoso PA ou aquela amizade colorida que você sabe que pode contar para estes momentos. Vamos pensar que estamos em um momento em que é indicado isolamento social, mas eu tenho uma pequena filosofia de vida “se eu posso sair para trabalhar, trombar com pessoas que eu não sei quem são, não sei como estão se cuidando, porque eu não posso sair com uma pessoa que eu sei que é da minha extrema confiança em um lugar que me trás confiança”. Somos ensinados à privar nosso bem estar em função de um bem estar coletivo e, as vezes, um pouco de egoísmo consciente é saudável.

4) Por fim, a dica mais polemica que eu posso dar que eu vou dedicar o texto da próxima semana para isso são as sessões virtuais. Um minuto para que vocês reajam e me xinguem mentalmente. Agora, meu complemento: sessões virtuais com pessoas que são de sua confiança, os quais você já tem um tempo de convivência, uma confiança mútua, um contrato muito bem estabelecido, que vocês já tenham se encontrado pessoalmente. Sessões virtuais com pessoas que você acabou de conhecer é um tiro no pé, mas com uma pessoa que já é o seu play-partner há um tempo é saudável e pode ser recomendado. ´

Precisamos vivenciar nossa sexualidade, precisamos do erotismo em nossas vidas. Os tempos estão cinzas, sem cor, sem cheiro. Podemos colorir a nossa vida com as cores do BDSM, com o cheiro do couro, com o calor das velas, com a pressão das cortas. Para vivermos o BDSM com excelência, precisamos de flexibilidade cognitiva, uma função cognitiva básica que a grande psicóloga americana Adele Diamond resume brilhantemente em “Flexibilidade é o contrário de rigidez”.

E, por fim, deixo uma reflexão. Como estamos vivendo nossa vida? Estamos sendo flexíveis – dentro dos nossos padrões conscientes e funcionais ou estamos sendo rígidos, deixando nossas vontades de lado?

Se persistirem os sintomas, procure o Terapeuta mais próximo.

AUTOR: DR PSI

Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas.

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Uma resposta

  1. Estamos passando por uma fase muito complicada realmente. O sexo é tão necessário quanto a comida para nós, e é necessário estimular a libido para que não se torne um ato mecânico sem graça. O sexo onanista não é capaz de nos satisfazer por completo, mesmo com a grande oferta de estimulação atual – em especial a internet. E, mesmo para aqueles que têm a sorte neste momento de ter um(a) companheiro(a), muito do estímulo vem de contato com outras pessoas, com interação física real ou por meio de fantasias.
    Estar privado desta interação nos deixa mais “pobres” do ponto de vista da libido. Qualquer fantasia que possa ser desenvolvida e aplicada ao sexo neste momento, seja dentro do contexto BDSM ou não, pode ajudar a atravessar esta tormenta.
    E é ainda mais complicado para quem não tinha o hábito de lançar mão de artifícios para apimentar o sexo – testar novas fantasias ou novas práticas numa fase em que o contato humano está restrito pode levar a frustração e até mesmo perda do interesse pela prática.
    Acredito que, por ora, temos que nos contentar em estarmos vivos e saudáveis – e sorte de quem conseguir ir um pouco além!

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