Há algumas semanas, comecei a escrever aqui sobre Jogos de Impacto ou Impact Play como preferem os amigos do inglês! Hoje vou trazer mais um que é, de longe, um dos fetiches mais intencionados e, na minha opinião, um dos mais complexos de se ter total dominância da prática, o Whipping.

O Whipping é o jogo performado através do instrumento que possui 1 parte rígida e 1 parte flexível de filamento, isso mesmo, um chicote!

O chicote é o primeiro instrumento supersônico criado pela humanidade!

O chicote foi usado como arma e consequentemente instrumento de punição, antes mesmo do período medieval, sendo sua origem verdadeira ainda incerta mas, há registros de pelo menos 2 mil anos atrás, em guardas do Tibet .

O fato do chicote ser um instrumento supersônico, é exatamente o que o torna tão perigoso. O chicote pode ser aplicado com muita força no bottom sem que isso cause quase nenhum dano, bastando para isso, que a ponta seja leve e não tenha sido aplicado o movimento de onda nele.

Este movimento de onda é o que causa a “quebra”, ou seja, aquele som característico do chicote.

O som do chicote, é na verdade, uma explosão gerada pelo rompimento da barreira do som pelo ar arrastado na ponta do chicote, logo, uma explosão supersônica.

O grande problema é que este efeito de “quebra” é tão perigoso que pode acontecer até mesmo acidentalmente, exigindo uma boa perícia do domador para controlar quando o evento acontece e não aplicar uma “quebra” na pele do bottom por acidente.

Curiosidade interresante: a pessoa que empunha o chicote, recebe o nome de domador de chicote ou somente domador.

O chicote pode ter seu filamento de diversos comprimentos porém, o comprimento escolhido deve ser proporcional ao seu tempo de treino e prática, uma vez que o Whipping transita facilmente pelo universo das Edges.

Um chicote pode ser feito de nylon, borracha ou, como mais costumeiramente, de couro. A decisão de escolha é pessoal, e deve sempre seguir seu conforto em saber manusear.

Whipping não é jogo de impacto de amadores, e todos devem estar cientes de suas consequências. Tirar sangue do couro do bottom pode facilmente acontecer portanto, aos bottoms mais desavisados, fica aqui a dica da Sra Storm: estudem! Se entendam! Se vocês tem problemas com sangue, colocam sangue como seus limites, talvez o Whipping não seja a praia de vocês. E está tudo bem! Ninguém precisa forçar a barra para caber em nada! Nem na vida, muito menos no BDSM! Entrar numa cena de Whipping achando que vai sair só com umas “marquinhas” é desperdiçar lombo à toa!

A forma mais extrema de uso do chicote é exatamente, a que mais se deseja evitar. Que seria, aplicar a quebra na pele do bottom. Isso pode causar lacerações profundas, e por este motivo, se deve sempre evitar regiões cujo risco de laceração torna a prática inviável, como regiões de grandes artérias além de cabeça e coluna.

Na minha singela opinião, o treinamento do Whipping é o mais difícil que temos. Além de todo o controle que temos que ter nos braços, punhos e força, o senso de distância deve ser excelente, principalmente quando se joga com Bull Whips.

Um jeito de treinar é colocar duas cadeiras com 1,5m de distância entre elas e um papel sobre os assentos fazendo assim, uma espécie de “ponte”. Esse papel é o alvo! Pratique até que você consiga golpear sem o chicote encostar nas cadeiras e nem cortar o papel.

Conseguiu? Diminua a distância entre as cadeiras, e vá assim até você alcançar a precisão do açoite! A utilização de uma folha de papel é necessária para que se treine o combo “precisão x intensidade” caso contrário o pulso se acostuma a controlar a precisão usando mais força para direcionar o golpe.

Vou falar novamente para ficar bem claro: Whipping transita facilmente entre as Edges então, treinar, estudar, treinar, estudar e treinar mais um pouco é essencial.

De um modo geral, os chicotes podem ser utilizados na parte superior das costas, parte detrás das coxas e bundinhas! É muito importante manter distante dos chicotes a cabeça, o pescoço, a barriga e a coluna. Existe um aparte específico, principalmente dos chicotes longos, de não serem utilizados na parte detrás das coxas para que não haja o risco eminente de envolvimento involuntário. (Para envolvimento involuntário ver a publicação sobre Flogging).

Uma coisa importante no Whipping também, é a manutenção da saúde do chicote. Chicotes de couro por exemplo, exigem limpeza e hidratação constante. Floggers, chibatas e chicotes de couro, quando não bem cuidados acabam perdendo a elasticidade natural do material e ressecam e esse ressecamento acaba enrijecendo o couro fazendo com que se perca consideravelmente a qualidade da performance.

Para o Aftercare, cuidados com a limpeza e assepsia da parte açoitada são essenciais. Então, ao fim da cena, é banho e spray anti séptico. Nunca, em hipótese alguma use o spray diretamente na pele suja. Depois de tudo isso, acompanhar o bottom nos dias/semanas seguintes, até mesmo para entender o tempo/processo de resposta da pele do bottom, já quem sabe, pensando em uma próxima sessão!

Então queridos, acho que o recado ficou claro né? Antes de sair por aí chicoteando pessoas, estudem, se preparem e garantam que todo mundo sairá bem da brincadeira!

Revisão : Sr Violinista, Mentor e Mestre em Whipping

AUTORA: SRA STORM

Chef de cozinha e empreendedora da área de alimentos e no BDSM Top dedicada às práticas de Wax Play, Flogging, Branding, Castidade e Inversão e algumas outras pequenas perversões!Instagram: @darkroomcla com conteúdo instrutivo da subcultura Kink e BDSM.

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