Se dizer parte de uma comunidade, ou de uma subcultura como a nossa, requer também que conheçamos e saibamos sobre os símbolos de nossa comunidade, e o que eles significam.
Para seguir uma sequência histórica que, para mim faz sentido, vou escrever resumos sobre a história da Bandeira Leather, do Código das Cores e Posições de uso no corpo, o Emblema do BDSM e a Bandeira do BDSM.
Então, puxem a cadeira, sirvam-se de uma bebida e aproveitem uma pequena viagem no tempo …
A BANDEIRA LEATHER
Em 28 de Maio de 1989, Tony DeBlase apresentou ao mundo sua proposta de ideia para uma bandeira que representasse o movimento Leather. Como criador da bandeira, ele foi por muitas vezes questionado sobre o real significado do design e das cores da mesma porém, ele sempre se recusou a dar uma explicação, deixando, à cargo da pessoa que a observasse, o encontro de sua interpretação.
A bandeira mesmo aceita pela sociedade, passou por algumas idas e vindas e, em 1999, durante o evento de eleição do Mr Leather em Chigado, Tony apresenta a versão que, aparentemente, tinha sido aceita por todos, uma vez que foi, primeiramente acolhida pela “Homens e Mulheres Leathers de NY e São Francisco” e, posteriormente pela GMSMA (Gay Male S/M Activists).
A bandeira símbolo do movimento Leather é composta por 9 linhas horizontais de mesmo tamanho, intercaladas de baixo para cima em preto e azul marinho. A linha central da bandeira é branca e, em seu primeiro quadrante à esquerda encontramos um coração vermelho.
CÓDIGO DAS CORES E POSIÇÕES DE USO
Mesmo antes da instituição de uma bandeira, outros elementos eram utilizados pelos gays para que se reconhecessem dentro de uma multidão, a comunidade gay sempre teve sua forma de se expressar e demonstrar seus interesses, fazendo com que dessa maneira, os “compatíveis” se aproximassem.
Existia, e ainda existe e é em alguns lugares usado, o “Código das Cores” que é basicamente usado em lenços, que são posicionados ou nos passantes das calças, ou colocados no bolso traseiro, ou amarrados nos pulsos. Esses lenços são das cores de interesse do praticante:
Amarelo: golden shower
Azul claro: sexo oral
Azul escuro: sexo anal
Bege = cunilíngus
Branco = masturbação
Cinza = bondage
Cinza escuro = latex fetish
Fúcsia = spanking
Laranja: vale tudo a qualquer hora (mas não necessariamente com qualquer um)
Marrom: scat
Ouro = ménage
Preto = sadomasoquismo
Rosa = predileção por brinquedos anais
Roxo= predileção por pessoas com piercing
Verde Musgo = ages
Verde = prostituição
Vermelho = sadismo e fisting
Violeta = tortura de mamilos
Independente se usado nos passantes, nos bolsos ou nos pulsos, quando o lenço era usado do lado esquerdo, indicava um jogador ativo e do lado direito um passivo. Os versáteis costumavam usar lenços dos dois lados do corpo.
Dentro do universo gay feminino, em algumas cidades da Europa, ainda se utiliza o “Código dos Anéis” para reconhecimento. Mulheres gays, Leathers ou não, usam anéis no dedo mindinho das mãos, na mesma disposição de posição dos lenços.
No BDSM, algumas coisas ainda são utilizadas em alguns Clãs e eventos de alto protocolo, como por exemplo, somente Tops usam roupas pretas, somente as Tops mulheres usarem salto alto e maquiagem forte, sádicos colocam algum item de sua vestimenta em vermelho e bottoms, não usam roupas íntimas e andam descalços.
O EMBLEMA DO BDSM (TRISKELION)
Em meados dos anos 90, houve uma discussão no meio BDSM sobre a necessidade de um símbolo que representasse a subcultura. Um símbolo que fosse discreto aos olhos dos baunilhas mas forte o suficiente para a identificação mútua entre BDSMers.
Steve Quagmyr, líder da discussão, sugeriu então usar o símbolo próximo da Order of the Triskelion (Triskelenorden), que era um símbolo que muito se assemelhava com o símbolo do yin-yang por conta de sua representação de equilíbrio e, teve como influência o anel de O, do livro “A história de O”.
Os protótipos do projeto ficaram prontos em 15 de abril de 1995, passaram por inúmeras revisões e acertos e, quando se entendeu que todas as arestas foram aparadas, no final de 1997, o emblema passa a ser reconhecido por muitos dentro da sociedade.
O Triskelion, que é uma palavra grega que significa literalmente “três pernas” é a forma básica do nosso emblema, com três braços curvados para fora do centro e fundido se com um círculo abrangente e sempre de forma simétrica.
Tudo foi minimamente pensado no símbolo. As bordas serem em cores metálicas (cinza ou dourado), remete ao metal presente em muitos de nossos acessórios, os campos internos serem pretos, traz à tona a cor do sadomasoquismo além de fazerem alusão também ao “lado obscuro” da sexualidade de todos.
Outro ponto interessante de quando o emblema foi pensado, é que ele é todo tripartido, ou seja, ele sempre se parte em três, por ser o três, uma unidade numérica presente em algumas características do BDSM.
A primeira característica diz respeito às dinâmicas que compõem o acrônimo:
BD
DS
SM
A segunda característica da representação do três, é as posições de jogo reconhecidas:
Top
Switcher
bottom
E a terceira característica da representação do três, diz respeito à base sugerida por david stein quando da junção das dinâmicas e criação do acrônimo
S
S
C
O símbolo, que para um baunilha comum não tem representação nenhuma, para nós, adeptos do BDSM, representa o equilíbrio e sensatez na realização dos nossos desejos.
A BANDEIRA DO BDSM
A bandeira foi criada para que se preservasse a garantia de direitos igualitário a qualquer pessoa que possuísse um relacionamento baseado na relação com conceitos de BDSM.
Ela eh uma fusão da bandeira Leather (afinal nosso berço está lá!) e do Triskelion, sendo que esse, ao invés de posicionado no primeiro quadrante esquerdo, é posicionado no meio da bandeira e pode ser estampado em preto ou em vermelho, a cor reconhecida como a cor do sadismo.
AUTORA: SRA STORM
Chef de cozinha e empreendedora da área de alimentos e no BDSM Top dedicada às práticas de Wax Play, Flogging, Branding, Castidade e Inversão e algumas outras pequenas perversões!Instagram: @darkroomcla com conteúdo instrutivo da subcultura Kink e BDSM.
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