SAFEWORD – A CONTÍNUA NUVEM CINZA!

Duas características que diferenciam BDSM de abuso: 1) tudo que fazemos no BDSM precisa ser consentido/consensual (sim existe diferença entre consentimento e consensualidade) e, 2) é reservado ao bottom o direito de dizer quando o Top deve parar.

Porém, por mais incrível que isso possa parecer, o assunto “ter e usar uma safeword” ainda parece ser uma nuvem cinza no céu azul dos fetiches!

Vou tentar aqui, explicar de forma mais simples possível a safeword, para que a gente possa falar a mesma língua. A safeword (ou safesign) é a palavra (ou sinal) utilizada pelo bottom, durante uma prática, que dará ao Top a indicação de quando o mesmo deve dar uma pequena pausa ou até mesmo, quando ele deve parar a prática por completo. A safeword deve ser utilizada quando o bottom sente que seus limites estão sendo excedidos, limites esses que podem ser físicos, emocionais ou psicológicos.

Safewords precisam necessariamente ser simples, e por isso talvez, gostamos tanto do código de cores! Ele realmente funciona.

Dentro de uma relação saudável de BDSM, não existe motivo para o bottom se sentir envergonhado em usar a safe afinal, somente ele é capaz de dizer quando a brincadeira já deu.

Até aqui parece tudo muito simples né? Então por que será que a safeword ainda gera tanto burburinho? Fácil! Por que mesmo o BDSM sendo algo simples, o ser humano gosta de complicar! Quer ver? Vamos dar uma passeada por alguns argumentos daqueles que se dizem contrários à safe?

📌 “eu não permito meu bottom usar a safe porque minha comunicação com ele fora da cena é sempre excelente!” – pois bem, o ato de comunicar-se é uma das artes mais difíceis que existe de ser dominada. Controlamos o que falamos, não o que o outro entende. Por mais que você Top, se ache o supra sumo da arte de se comunicar, saiba que às vezes, e somente às vezes, o que você fala, pode não fazer sentido para quem ouve (assim como esse seu argumento!)

📌 “safeword não garante em nada que o Top vá parar!” – aqui eu concordo 300% com o argumento porém, dentro de um jogo onde as regras são claras e a consensualidade obrigatória, o simples fato do Top ignorar quando o bottom diz que chegou o momento de parar, não sei vocês, mas na minha opinião configura uma relação abusiva e, dependendo da prática feita (sodomia por exemplo) podemos estar diante de um caso de estupro.

📌 “pra quê safeword se o bottom, no calor da emoção, vai esquecer?” – e é para rebater esse argumento, quase infantil, que sugerimos que as palavras escolhidas para esse fim, sejam palavras simples, e não palavras de grande dificuldade nem para lembrança, nem para pronúncia.

📌 “sou RACK e/ou vivo no regime de escravidão: não dou direito ao meu bottom/escravo à safeword” – deixa eu explicar uma coisa aqui, o direito é do bottom e, por consequência, a única pessoa que pode abrir mão desse direito, é ele. Qualquer coisa que você Top faça, que retire de forma não consentida um direito da outra parte, desses lados chamamos de “abuso”, e se não estou louca, na vida baunilha também!

📌 “meu bottom não tem safe porque EU conheço meu bottom e sei a hora de parar” – esse é, na minha opinião, o mais descabido de todos os argumentos (pra não dizer o mais escroto mesmo!). É um a absurdo fora de propósito, um Top se colocar nesse local de superior infalibilidade. Não existe ninguém no mundo que tenha a capacidade de nunca falhar. Ninguém! Além disso, mesmo que você, Dom Pica das Galáxias, tenha 78 anos de BDSM, uma vasta caminhada dentro do SM, você pode, quando muito, perceber sinais físicos aparentes do bottom, você não tem a menor capacidade de prever um mal súbito e, muito menos saber o que se passa na cabecinha do bottom naquele momento. Então meu amigo, pega esse teu ar de superioridade, e vai cantar de galo para outras bandas porque tudo no BDSM, gira em torno da consensualidade.

Agora que passeamos pelo terreno contrário à safe, vamos fazer aqui um exercício de ponderação: Você bottom, precisa de uma safeword?

Sim, você precisa! agora, se você irá usar essa safe, já são outros 500 de discussão!

Por mais incrível que possa parecer, algumas pessoas ainda constroem relacionamentos dentro do BDSM, pautados na parcimônia e na confiança, relacionamentos onde o Top tem em mente que sua função é sim a de guiar seu bottom na estrada do exceder seus limites, sempre dentro do respeito e, o bottom, tem confiança em seu Top e consciência de todos os riscos que corre.

Em relacionamentos como esses, o bottom pode sim abrir mão do seu direito de safeword. Mas veja, confiança e maturidade da relação são dois fatores essenciais para que o bottom abra mão desse direito e aqui, volto a ressaltar o detalhe mais importante e significativo: quem abre mão do direito do uso da safeword é o bottom, isso não é a ele imposto.

As pessoas que se engajam nesse tipo de viagem, costumeiramente são casais que jogam juntos há muito tempo, eles se conhecem, se confiam. Isso é completamente diferente de um Top que você acabou de conhecer, ou que acabou de chegar por essas bandas, já sair “cagando regra” dizendo que “na minha Casa bottom não tem safeword!”. De um desses, meu querido bottom, foge! Foge correndo!

A você bottom, minha recomendação sobre esse assunto é: não deixe nunca que ninguém tire de você o direito da safeword. Esse direito é seu! E se você vai usá-lo, ou não, quem decide é você! Pega o teu direito à safeword e vai aproveitar o céu azul!

Já você, meu caro amigo Top, não seja essa pessoa! Use a sua posição de dominância para passar confiança, construa seus relacionamentos de forma tão saudável, que seu bottom efetivamente se ajoelhe, vende os olhos, deixe o mundo lá fora e se entregue à sua toada. Faça valer a mão que segura o chicote!

AUTORA: SRA STORM

Chef de cozinha e empreendedora da área de alimentos e no BDSM Top dedicada às práticas de Wax Play, Flogging, Branding, Castidade e Inversão e algumas outras pequenas perversões!Instagram: @darkroomcla com conteúdo instrutivo da subcultura Kink e BDSM.

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