COMUNICAÇÃO, ASSERTIVIDADE E BDSM

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Há meses eu tenho escrito aqui sobre a importante de nós comunicarmos, não só dentro do contexto do BDSM, mas assim como na vida como um todo. E é sobre isso que vamos conversar um pouquinho hoje.

Vamos começar conceituando o que é está linda palavra assertividade, muito fita e pouco entendida. De uma maneira muito geral a assertividade pode ser entendida como aquele comprimento que emitimos quando queremos transmitir uma informação, porém essa transmissão de informação tem que ser passada no nível adequado, sem negligenciamos os nossos sentimentos e aquilo que queríamos passar, assim como não podemos impor aquilo que estamos falando como verdades absolutas. Pois bem, a assertividade é o meio do caminho entre a passividade e agressividade.

Comportamentos assertivos estão em falta atualmente. Nossa cultura e nosso velho costume de sermos dicotômicos não conhecem o bom e velho meio termo que teria, em teoria, que nortear a nossa vida. Tendemos a suprimir todas as reações que não são agradáveis, tendemos a ser “submissos” de alguma forma quando deixamos nossos desejos de lado seja lá por qual motivo. Por outro lado, quando temos que impor a nossa vontade, tendemos a ser mais agressivos, não se importar com a opinião alheia, somos incisivos.

E aí que mora exatamente o problema. Não podemos ser dicotômicos quando se trata de nós mesmos e principalmente quando se trata dos outros. A vida não é binária. Não podemos escolher sim ou não, zero ou um para qualquer escolha que fizermos. E a assertividade entra como esse 0,5 quando se trata de comunicação.

Parece óbvio mas o óbvio as vezes precisa ser dito. Toda fala tem como objetivo transmitir uma informação para outra pessoa. Neste momento estou optando pela palavra escrita para transmitir está informação para você que está lendo. E quando passamos a informação temos que contar com as variáveis que envolvem está transmissão.

Um exemplo simples, sempre que estamos conversando por mensagem e DE REPENTE A PESSOA COMEÇA A ESCREVER EM CAIXA ALTA, automaticamente pensamos que está pessoa está brava. Isso porque associamos a caixa alta com gritos, de que a pessoa está sendo mais incisiva na forma de falar. Obrigado cognição social.

Porém está variável e fácil de entender pois somente contamos com ela. Quando estamos frente a frente com outra pessoa, temos outras variáveis em jogo além do conteúdo da fala: o tom da voz, os olhos, a expressão corporal, tudo isso vai contar para entendermos uma informação.

Com tudo isso e extremamente fácil cometermos engano, falsas crenças quando lemos as expressões faciais e as intenções de alguém. É apenas uma vírgula para sermos interpretado errados. A assertividade reduz um pouco esta nossa dificuldade em sermos interpretados. Quando somos assertivos, nos comunicamos de forma assertiva, transmitirmos todas as informações que desejamos sem ferir o espaço da outra pessoa e respeitando o nosso próprio espaço.

E como fazemos isso? Como temos comportamentos e como desenvolvemos uma conversa assertiva? Simples. Pensando no que vamos falar.

Vamos pensar em tudo que falamos hoje, muitas coisas apenas saíram da nossa boca, aposto. Mas quantas foram pensadas? Pensadas racionalmente? Algumas vezes engolimos algumas palavras, outras vezes apenas soltarmos o que pensamos sem avaliar se aquelas palavras iriam atingir o receptor da maneira que queríamos que aquela informação chegasse.

E como isso funciona dentro do contexto BDSM? Os termos passividade e agressividade são dois termos muito usados dentro do contexto BDSM. E ele e extremamente válido para algumas questões. Mas quando estamos falando em comunicação estes termos simplesmente não podem acontecer. Vamos pensar que tudo começa com uma conversa, com um contrato para depois partir para a prática. Este site está cheio de postagens de como fazer isso.

BDSM é uma cultura de entrega. A vida e uma entrega. Se não formos honestos com nós mesmos, sobre o que gostamos, sobre o que não gostamos. E se não deixamos isso muito claro para nós mesmo e também para a outra pessoa que está ali em nossa frente, está relação está fadada ao fracasso. O top, que necessariamente assume a postura agressiva da relação, precisa ser honesto ao bottom e dizer o que lhe agrada e principalmente o que lhe desagrada. O bottom que assume a postura submissa tem que ser honesto com o top inclusive durante a prática BDSM. O feedback e necessário para nortear a prática que está tendo. Quanto se trata de comunicação não podemos ser passivos, esconder o que desejamos falar. Do mesmo jeito que não basta impor a nossa vontade e ignorarmos os sinais que muitas vezes o nosso corpo apresenta. Nosso corpo e nossos pensamentos nos dão feedback sobre aquilo que realmente desejamos e queremos. Ser assertivo significa isso. Entender nossas vontades e expressarmos elas da melhor maneira que conseguimos, sem impor e sem agredir o espaço alheio.

Se persistirem os sintomas, procure um terapeuta mais próximo.

AUTOR: DR PSI

Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas

 

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2 comments

  1. Diego 1 março, 2021 at 11:44 Reply

    Parabéns ao Senhor Psi.
    Conteúdo maravilhoso que nos ensina muitas coisas, uma escrita clara e direta.
    Cada vez mais o site de Mestre Barbudo, ensinando com conteúdos tops de linha.

  2. morroi 1 março, 2021 at 20:09 Reply

    Explicação muito clara e objetiva – poderia dizer, assertiva, rs… A teoria é irretocável, porém na prática é exatamente como o texto descreve, tendemos a não ser honestos conosco e nem com os outros. Penso que as relações sociais cotidianas nos moldam de tal forma – mais uma vez, como diz o artigo – para suprimirmos nossos desejos, que nem nas situações mais íntimas somos capazes de nos desfazer destas amarras e nos libertar.
    É um exercício imenso, e conseguir alcançar esta assertividade é para poucos, infelizmente.

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