Crescemos num mundo em que, até pouco tempo atrás, a sexualidade não reprodutiva sempre foi vista como inconveniente e onde a homossexualidade era (é) tratada como doença e aberração.
Se para heterossexuais desfrutar da sexualidade ainda é difícil, pois estão limitados a tantos mitos e preconceitos, imagine para pessoas homossexuais. Sem recursos educativos, acabamos recorrendo a pornografia como solução. Solução que não soluciona.
Se por um lado possuímos nossa predisposição biológica para nos divertimos sexualmente, por outro temos preconceitos judaico-cristãos que resultam numa cultura de fobia ao sexo. A soma do biológico com o cultural acaba sendo conflitos e mais conflitos que impedem as pessoas de exercerem livremente o próprio prazer. De serem as protagonistas reais do próprio sexo.
Internalizamos desde cedo que a sexualidade é um assunto que não deve ser falado abertamente, pois é sujo, feio, pecaminoso e desconfortável. Somos tão pequenos quando recebemos essas mensagens que não podemos pensar criticamente sobre elas e simplesmente as incorporamos em nossas mentes. Quando nos tornamos adultos, nossa sexualidade nos faz sentir vergonha, culpa, medo e ansiedade. Essas emoções sentidas muitas vezes de forma extremamente intensa interferem no prazer, relaxamento e comunicação.
Todo desconforto sexual é resultado do número de dissonâncias e conflitos que estão ocorrendo em nossas mentes. Por um lado, posso querer realmente me perder chupando um pau, por outro posso me sentir reduzido ao pensar em passar a tarde ajoelhado dando prazer a um ou vários homens.
Por um lado, pode me apetecer ficar com desconhecidos numa sauna, por outro, isso pode me deixar tão ansioso que eu só consigo pensar no número de doenças com as quais poderia ser infectado.
Por um lado, adoraria ver meu namorado me amarrando na cama e me chicoteando, por outro, fico pensando que ele vai me achar indecente e imoral.
E nem vamos falar de um bukkake ou gangabang, morreríamos de vergonha antes de admiti-lo. Então, ao invés de vivenciá-los, ficamos secretamente assistindo vídeos sobre tais práticas. Isso não é nada se pensarmos na quantidade de preconceitos que existem sobre o passivo, aqueles que tem uma relação aberta, os “cornos”, os cumwhores…
Exceto contra gays que fodem como casal e na postura do missionário, há preconceitos contra quase tudo o que ter a ver com a nossa sexualidade.
A solução pra toda essa carga pesada contra nossa sexualidade é abandonar os preconceitos culturais e substituí-los por critérios pessoais baseados no respeito à própria sexualidade, liberdade e conhecimento científico fornecidos pela sexologia. É aqui que entra ajuda de um profissional de psicologia e/ou sexualidade para juntos construírem caminhos e meios que desconstruam tudo aquilo que foi internalizado negativamente em épocas anteriores.
AUTOR
RIGLE GUIMARÃES
Psicólogo e Terapeuta Sexual com foco no público LGBT+ e abordagem de comportamentos sexuais variados.
Instagram: @psicorigle com conteúdo voltados a questões que vão da saúde mental à sexualidade.
TROQUE A PORNOGRAFIA PELA FANTASIA
RELACIONAMENTO PRECISA TER INDIVIDUALIZADE
O FOCO DE SUA SEXUALIDADE É SEU PRÓPRIO PRAZER OU DO OUTRO?