AMOR NA ERA DOS APLICATIVOS

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O mundo contemporâneo tem como características básicas o individualismo, o imediatismo, a diversidade, a flexibilidade, a fluidez das relações, a globalização. É portanto, com esses traços que os relacionamentos ocorrem.

A internet afetou a forma de se relacionar das pessoas. A era da informação, marcada pelo avanço tecnológico, modificou o nosso dia a dia, nosso comportamento e, claro, os relacionamentos e vínculos amorosos. O olho no olho tem sido substituído pelo olho na tela. As relações têm sido mais virtuais do que presenciais, mesmo entre pessoas que estão fisicamente perto.

A superficialidade das relações revela-se na dificuldade de comunicação entre as pessoas. Elas são experts em expressar o que pensam através das redes sociais, mas presencialmente tem dificuldades em trocar ideias, de aprofundar uma conversa, o que interfere na construção da intimidade.

Numa sociedade capitalista que incentiva o consumo, independente da necessidade, para depois descartar e reiniciar o ciclo, não é difícil imaginar que isso atinge os relacionamentos. Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, afirma que vivemos a era do desapego, do provisório, de incertezas e a busca incessante pelo novo é carregada de angústia e ansiedade. O sujeito busca algo, no entanto não sabe exatamente o quê.

Claro que o amor existe e é lindo quando acontece, mas ele dificilmente consegue acompanhar a pressa dos aplicativos, das redes sociais, dos filmes românticos de duas horas ou das músicas apaixonadas de três minutos. Ele é uma construção que exige tempo, dedicação, aborrecimento e adaptação não necessariamente nessa ordem e tampouco só com esses quatro elementos.

Com a pressa do mundo de hoje grande parte das pessoas não chegam nem a subir o alicerce da casa da paixão, elas simplesmente esperam que aconteça como nas novelas, mas levantam acampamento pra experimentar parceiros diferentes antes mesmo de tentar fazer dar certo com algum.

O assunto é extenso. Porém, é importante compreender que para haver vínculo amoroso com bases sólidas, onde há a construção de uma intimidade que possibilita conhecer a fundo quem é o outro, é preciso tempo. Tempo para perceber este outro, mas fundamentalmente para perceber-se e reconhecer as próprias dificuldades e não fugir delas, projetando no outro a responsabilidade de supri-las. Quando isto acontece, o resultado é desencontro.

AUTOR

RIGLE GUIMARÃES

Psicólogo e Terapeuta Sexual com foco no público LGBT+ e abordagem de comportamentos sexuais variados.

Instagram: @psicorigle com conteúdo voltados a questões que vão da saúde mental à sexualidade.

A TAL PROMISCUIDADE

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1 comment

  1. morroi 28 agosto, 2021 at 09:11 Reply

    Quantos de nós não têm dificuldade em expressar seus sentimentos ao vivo e conseguem dizer com facilidade o que “sentem” nas redes sociais? Não é mais fácil dizer “eu te amo” no celular do que na frente da pessoa a quem se (pretende) amar? Sempre escutei a fala “papel aceita tudo”, mas essa pode ser transposta para o teclado do computador ou celular hoje… Um relacionamento se constrói, com amor, afeto, compaixão, empatia e também com raiva, frustrações e decepções… O mundo é imperfeito, nós somos imperfeitos, e tudo bem! Só não podemos deixar que nossas sensações ruins prevaleçam sobre as boas. E temos que aceitar que não há nada na vida real que se compare àquilo que idealizamos.

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