Em sequência ao texto “PUNIÇÃO E CASTIGO: COMO UTILIZAR” , vamos continuar falando de punições/castigo e as recompensas dentro do contexto BDSM. Ao longo deste texto vou usar o termo punição, pois este é um termo comumente usado dentro da Psicologia Comportamental. Se você tem interesse em saber a diferença entre castigo e punição, dá uma corridinha no texto da segunda feira do dia 09/11.
As punições e castigos são quase como a marca registrada do BDSM. Acredito que, quando baunilhas, quando pensávamos em cenas BDSM sempre pensávamos em dores, punições, castigos, etc, etc, etc. Uma visão deveras distorcida do real contexto e espero que este site quebre bem estes paradigmas. Mas dentro da cena, além das punições, bondages, e outras expressões artísticas que são fotografáveis, temos também as recompensas.
Mas afinal, o que são essas recompensas? Você sabe muito bem o que elas são. Na verdade, o mundo é movido pelas recompensas. Trabalhamos porque, no final, recebemos uma recompensa – o nosso salário; fazemos sexo para recebermos uma recompensa – o prazer. A recompensa dentro da cena BDSM, além do prazer é claro, pois uma cena BDSM sem prazer e consentimento é abuso (fica a dica), pode ser manifestada de diversas formas.
Um carinho específico que seja de vontade do bottom, inserido no Aftercare pode ser uma recompensa, o sorriso de satisfação do top perante uma atitude positiva do Bottom, a sensação de dever cumprido, de desligamento do mundo real por algum tempo e foco apenas em si mesmo – ou no outro – e a satisfação de se conhecer, conhecer o seu corpo, o do parceiro, de conhecer novas situações, novas práticas, sair do no normal por apenas algumas horas. Tudo pode ser visto como recompensa/reforçadores, depende, claro, dos olhos de quem vê.
Aos pseudodominadores ‘sádicos’ de plantão que só se importam com o prazer próprio, não estão dizendo que quem tem que encontrar essa recompensa é apenas o bottom, o submisso, internamente após uma cena. Geralmente quem proporciona as primeiras recompensas é o top. Pense bem, por mais que um submisso curta humilhação, curta se sentir inferior e este seja uma motivação real para ele, temos que lembrar que tudo não passa de uma cena. E se não tivermos um momento posterior aquilo de conversa, comunicação, de feedback, de cuidado, desde um carinho onde anteriormente houve um spank, um simples ” está tudo bem, você quer tomar um banho?” até um “isso foi ótimo, gostei bastante”, a cena e as práticas punitivas não se diluirão. Do mesmo jeito que temos que saber entrar em uma cena e criar um clima que propicie a sessão BDSM, temos que saber finalizá-la, trazer o bottom de volta para a realidade onde nós os auxiliamos a tirar.
E, para finalizar, assim como as punições tem que ser vistas em um momento de comunicação ativa entre as duas partes – ou mais – integrantes da cena – as recompensas também tem que ser acordadas neste momento. A recompensa não é apenas o prazer de servir/ de ser servido, mas é saber que a outra pessoa que está ali compartilhando aquela cena conosco está genuinamente feliz, satisfeita e cuidada.
AUTOR: DR PSI
Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas
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