PORNOGRAFIA VERSUS MUNDO REAL – PARTE 1

Ao longo da semana o Mestre Barbudo fez uma postagem no Instagram sobre os assuntos que vocês, leitores, gostariam de ler no meu blog. Um dos que me chamou mais atenção foi este tema. Na verdade, era os efeitos psicológicos pelo consumo em excesso de pornografia. E, só para começar vale lembrar que tudo na vida, por melhor que seja, em excesso faz mal e isso não seria diferente com a pornografia.

Pois bem, antes de entendermos sobre os efeitos da pornografia e o que o excesso dela causa nas nossas vidas e em nossos relacionamentos, precisamos entender algumas relações sobre o prazer. E este é o conteúdo de hoje. Este tema vai ser dividido em duas partes, para que eu possa me dedicar mais a explicar tudo isso.

É gostoso quando estamos sozinhos, encontrarmos um bom filme pornô e assistirmos, batendo aquela punheta, principalmente em um momento como este em que estamos passando (COVID/19) que, para nossa segurança e para segurança de outros, é melhor não sairmos de casa para encontrar as pessoas. E o que fazemos com o nosso tesão? Antes de mais nada precisamos saber que é absolutamente normal sentirmos tesão.

Tesão é biológico, sexo é biológico. A Cultura que enfia uma carga de coisas e situações e protocolos e regras que temos que seguir, ditando o que é e o que não é prazer. Esta é uma discussão que já fizemos um bocado por aqui.

Existe um psicólogo que aprendemos ainda nos primeiros anos de psicologia e é um dos grandes nomes da psicologia (geralmente citam ele ao longo das aulas de psicologia de outros cursos) que é o americano Abrahan Maslow. Pois bem, Maslow dizia que todos os seres humanos tem prioridades e, apesar de temos as nossas prioridades individuais, temos algumas em comum. Foi ele quem construiu uma pirâmide das necessidades, colocando em escalas o que mais precisamos (como base da pirâmide) até o que menos precisamos (como ponta da pirâmide)

A pirâmide das necessidades de Maslow tem cinco níveis. O nível mais básico é o fisiológico que envolve nossas necessidades fisiológicas e aí está o sexo como uma necessidade fisiológica indispensável para o ser humano. Os outros níveis são: segurança, amor/relacionamentos, estima e realização pessoal. Só para não perdemos a nossa linha de raciocínio, o sexo é uma necessidade humana básica, precisamos de sexo porque nós surgimos dele e até então, mesmo com toda a tecnologia do século XXI, a nossa forma de reprodução da espécie ainda é sexual.

Então, não se sinta culpado por pensar em sexo de alguma forma, seja ele o sexo normativo no sentido de reprodução até o sexo por prazer. Temos que dar graças por sermos capazes de fazermos sexo e sentirmos prazer nisso. Aliás, temos que dar graças por sentirmos prazer sexual em situações não sexuais. O BDSM é um ótimo exemplo disso. Não precisamos ter sexo necessariamente em uma sessão BDSM para nos sentirmos sexualmente satisfeito. Gozamos muito mais com a nossa cabeça do que com o nosso órgão genital seja lá qual ele for.

Para colocar em xeque isso que eu acabei de dizer, pense nas seguintes situações: se você conhece alguém transsexual, pergunte para el@ sobre como el@ obtém prazer e como foi esse processo antes da cirurgia de resignação de gênero. A primeira vez que eu ouvi essa frase “Gozamos muito mais com a cabeça do que com nosso órgão genital” não foi em um livro, na verdade acho que nunca li essa frase em um livro, mas sim de uma transexual quando eu ainda estava na faculdade e fazia um trabalho sobre população LGBTQIA+ e religiosidade.

Outra situação que podemos tomar como exemplo é quando estamos com a cabeça cheia de problema (seja ele físico, emocional, problemas do trabalho, etc) e não conseguimos “desligar” destes problemas. Não vamos conseguir nos dedicar no sexo com nosso parceiro/a, não conseguimos ter o prazer que queremos ter e não conseguimos dar o prazer que queremos dar. Nossas amaras mentais nos proíbem disso. Conversamos sobre isso no texto “submissão como ato de libertação” e concluímos que quando olhamos para uma situação com determinado pensamento, vamos reagir de uma forma, e se olharmos de outra maneira, com outros pensamentos, vamos agir de outra forma.

Pois bem, para amarrar o tema de hoje, ou pelo menos a primeira parte dele, temos que ter em mente o seguinte. Sexo é ótimo, é base da nossa estrutura biológica e da nossa vida, de certa forma, temos que agradecer por sentirmos prazer no seco e em situações não sexuais e a pornografia entra neste cenário de algum modo.

De certa forma, a pornografia estimula nossa imaginação e nos leva a sentir este tesão para nos estimularmos sexualmente de alguma forma seja com masturbação, voyerismo, etc. Porém, não podemos deixar nos enganar por tudo aquilo que estamos vendo. Sendo sexo ou não, aquelas pessoas são atrizes, atores que estão atuando. Muitas vezes estes não sentem prazer real no que está acontecendo naquela cena tãããão prazeiroza (no youtube e na internet tem dezenas de entrevistas e documentários com atores pornôs falando sobre o mundo real atrás da indústria pornográfica).

Enfim, e como tudo que é produzido, principalmente em nossos tempos capitalistas, nos levam a ver uma vida perfeita, um sexo perfeito, com corpos maravilhosos (muitas vezes), com enredos imaginativos e até certo ponto bizarros criados de propósito para estimular a nossa imaginação, em cenários primorosos ou inusitados, de uma forma que aquilo não aconteceria na nossa vida real, como na novela das nove de um canal de tv. E este é exatamente o perigo, mas isto é assunto para a parte dois deste tema

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AUTOR: DR PSI

Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas

 

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