EXPERIÊNCIAS INFANTIS, FETICHES ADULTOS – PARTE 1: O PAPEL DAS CRENÇAS

Este é um dos assuntos que eu mais gosto de falar e um dos assuntos que mais rendem conteúdo, então pode esperar duas (ou mais parte desse tema, só depende de vocês). Pois bem, uma das perguntas que o Mestre Barbudo e eu recebemos pelo Instagram foi sobre o impacto das nossas experiências de vida no que somos hoje e como isso pode impactar em nossos fetiches. Tenho que começar dizendo que quase tudo que ouvimos, vemos, e vivenciamos vai formar a forma que lemos o mundo. Precisamos entender isso antes de evoluirmos com o tema de hoje.

A terapia Cognitivo-comportamental (TCC), abordagem que eu sigo e atualmente sou especialista, diz que temos uma estrutura máxima que molda a nossa forma de pensar que chama crença e podemos entender a palavra crença no sentido religioso, ou seja, uma coisa que acreditamos fielmente e não contestamos. Para entender com clareza sobre o impacto das crenças, eu costumo dizer sobre a crença que os antigos tinham com manga com leite. Não vou me alongar aqui, mas esta crença foi imposta deste o tempo da escravidão no Brasil e que foi refutada por fatos científicos, ou seja, evidências. Guarde bem essa palavra – Evidências; falamos um pouco sobre crenças no nosso post sobre Crenças sociais, mas agora estamos falando da mesma crença, mas a que construímos individualmente.

Todos nós temos crenças, nossas crenças podem ser entendidas na maneira prática como óculos por onde vemos a realidade. Algumas crenças nos ajudam a ver melhor, como óculos de grau apropriados, porém as vezes colocamos óculos que distorcem a nossa vista e nos fazem ver as coisas de maneira errada, e as vezes vemos mais e em outras vezes, vemos menos coisas.

A FORMAÇÃO DAS CRENÇAS

As nossas crenças se formam a partir das nossas experiências de vida. Por exemplo, se eu cresço e me desenvolvo em uma família que me coloca para baixo e diminui, provavelmente eu desenvolveria crenças de desvalor em relação a mim mesmo, ou seja, não vou me sentir valorizado. O bullying, por exemplo, faz isso de maneira bastante (in)eficaz. Por outro lado, se eu cresço cercado de pessoas que me valorizam, as crenças que vão ser formadas estarão relacionadas à este alto desempenho, a esta autoestima, etc. etc. etc.

MODELO COGNITIVO

O que temos que ter em mente também, que é de suma importância, é que estas crenças vão influenciar a forma que vamos pensar e a forma que pensamos vai influenciar a maneira como vamos sentir nossas emoções e, consequentemente nossos comportamentos. Isto chamamos de modelo cognitivo. Se eu acredito que eu sou desvalorizado, vou me comportar para que isso se afirme de alguma forma, mesmo eu me comportando de forma a negar ou compensar esta crença. Para que que mudemos nossa forma de agir, temos que mudar a nossa forma de pensar.

Trazendo isso para o contexto que gostamos e é o propósito desta página e repetindo o que eu já falei em outras publicações, precisamos nos basear em evidências (quase científicas) para os nossos pensamentos. Nosso pensamento pensa tudo. Em um segundo eu sou a pessoa mais valorizada do mundo, em outro, não, tudo mudando de um segundo pelo “lindo poder dos nossos pensamentos” (leiam isso com ironia. Quando se trata de fetiches, temos que entender que, por se tratar de um “desvio sexual não normativo” não temos uma explicação muito racional de como isso se forma, mas podemos pensar em um condicionamento de alguma forma, que explicarei na próxima postagem.

Para finalizar, um resuminho: nossa experiência de vida vai moldar nossas crenças. Nossas crenças por outro lado, vão formar a maneira que pensamos, sentimos e definimos os nossos comportamentos, como um óculos que mostra a realidade distorcida. No contexto fetichista, dependendo da forma com que vamos encarar a cultura, as vias de acesso que temos da mesma, vai moldar as nossas experiências fetichistas e/ou sexuais.

AUTOR: DR PSI

Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas

 

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