*CONEXÃO: ATANDO-SE A SI MESMO*

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Olá amores, tudo bem? Hoje quero conversar sobre uma (das muitas) razões pelas quais andei sumidinha por aqui: sobre conexões. Isso é processo, então talvez tudo que eu fale aqui possa ainda ser complementado, algumas coisas mudadas, mas enfim, queria compartilhar com vocês o que tenho pensado sobre o assunto, principalmente, sobre o meio.

Muitas vezes buscamos a conexão com uma outra pessoa, afinal, muitas vezes elas estão relacionadas com algum tipo de verticalidade, não é mesmo? Se falamos em casos de troca de poder em algumas dinâmicas, é porque precisa existir um dualismo de alguém que recebe e outro que cede o poder.

[um disclamer importante: claro que você não precisa estar em uma relação com uma pessoa top para se identificar como bottom. Identificação ultrapassa uma relação. Mas exercer questões relacionadas com essa identidade passa pela relação com o outro. Uma pessoa em submissão só assim está quando está submetida a um outro. Mas não estar em uma situação de submissão não invalida sua identidade como pessoa submissa].

Mas antes disso, de que forma você se conecta consigo mesmo? Afinal, quando falamos de BDSM, como já abordamos em uma série aqui, é um jogo. E antes do jogo, você é uma pessoa, indivíduo, com seus desejos, anseios, fetiches, tesões, limites, entre outros. E, para além do jogo, com vivências, dores, traumas, momentos bons e ruins… Tudo isso não se desliga quando você entra em uma sessão.

Se você está passando por momentos difíceis e isso desconecta você de si mesmo, como é possível estabelecer esse elo, essa troca, essa sinergia? E estamos falando em sessões, imagine quando as dinâmicas passam daquele momento? Por exemplo, como você estabelece suas tarefas dentro de uma Ds quando sequer consegue encontrar um espaço para entender, por exemplo, suas próprias emoções (sejam as boas, sejam as ruins)?

Isso vale, também, para que possamos entender como estabelecer essa conexão com o outro. Se eu estou mais conectada com aquilo que me move, entendendo meus limites, meus desejos, meus anseios, permite que você possa fazer trocas genuínas com outras pessoas e, de fato, gerar uma conexão, e não uma série de concessões que mais anulam os seus desejos em prol de atender do desejo da outra pessoa.

Muitas vezes achamos que essa conexão com nós mesmos se dá ali no encontro. Mas afinal, será que aquele encontro estamos ali presentes, quando estamos desconectados?

E isso vale, também, para saber a hora de identificar o momento de dar um passo atrás: quando passamos a não nos reconhecer, ou quando tudo fica borrado ou, ainda, quando as coisas não causam mais aquele frio na barriga que causavam antes, é talvez o momento de “pegar as cordas” e atar os nós consigo mesmo.

Isso não significa necessariamente que precisamos romper as relações ou nos afastar do jogo. Mas sim, talvez, ter um tempo de nos encontrarmos. As vezes, no meio do turbilhão de emoções com o outro, deixamos a voz que fala de nós mesmos calada. E uma hora ela vai berrar, porque ela vai sim querer se fazer ouvida – cedo ou tarde.

E, também, esse tempo pode ajudar a compreender quando nossos desejos mudam. As vezes a hierarquia não faz mais sentido. Ou, então, queremos que ela esteja ainda mais presente. A vida é dinâmica, e os desejos também. Se não paramos para nos escutarmos, as vezes o custo dessa mensagem silenciada pode ser cara demais.

Não há conexão que se estabeleça de forma sincera com os demais que não passe, primeiro, por conectarmos com nosso íntimo.

AUTORA

HACKING SEX

Nascido de uma ideia de mudar o sistema por dentro, aproveitando as brechas de vulnerabilidade para repensarmos e fortalecermos as concepções sobre (a)sexualidade(s), em constante (des)(re)construção, feito de forma coletiva. Construindo uma comunidade com o fortalecimento de todos os membros, abrindo espaços para trocas colaborativas de ideias, para que todos possamos crescer juntos no processo.

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