O QUE DESEJO PARA MIM E PARA A COMUNIDADE BDSMER EM 2022

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Perdoe-me por ser clichê, mas eu gosto de fazer listas daquilo que eu espero para o próximo ano. Adoro chegar no fim da jornada e comparar. Ver o quanto eu fui ingênua em muitas coisas e quanto a vida me surpreendeu de forma positiva em outras. E pela primeira vez, em todos esses anos nessa indústria vital (rs), eu parei para refletir o que eu desejo para a comunidade no próximo ano.

Para não ficar grande, amargo ou chato demais, decidi fazer uma lista com 7 itens (por algumas razões de projetos pessoais, eu tô achando o número 7 muito bonitinho, melhor do que o clichezão 10), curtinho, só para podermos começar esse novo ciclo com uma nova esperança. Eu sou uma otimista patológica, não adianta. Espero que no fim de 2022, possamos voltar aqui e vermos avanços nisso.

Então confira a minha lista e que tal fazer a sua? Seria bem bacana conhecer seus anseios para o próximo ano.

1. Que sejamos, de fato, comunidade

Compartilhar aquilo que temos em comum, mas termos um sentimento de pertencimento a algo maior que nós, que existe antes de nós e continuará existindo depois de nós. O BDSM terá seu legado se acordarmos amanhã e decidirmos que isso não faz mais sentido para nós. Outros virão e farão o mesmo que nós (melhor, pior, igual, diferente, enfim, não importa). Há algo intangível e maior do que cada indivíduo que deveria ser preservado e pelo qual deveríamos lutar em conjunto. E eu acredito que isso ficará mais evidente em 2022.

2. Que não nos falte novos desejos

A cristalização das crenças é uma forma de podarmos novas potencialidades que abrem a nossa frente ao longo da trajetória. Acreditar que só temos determinados gostos, desejos e que eles não podem mudar (e não só acrescentar, mas genuinamente mudar) é negar uma parte da nossa natureza. Eu prefiro ser como a Alice, que já não é mais a mesma do início do dia, antes de entrar na toca do coelho. Que cada nova descoberta seja mergulhar nessa toca e conhecer novas possibilidades de gozo. E se outras não fizerem mais sentido, tá tudo bem também. O importante é ser honesta com meus desejos.

3. Que sejamos honestos com nossos princípios

É muito difícil que batemos no peito e sigamos com nossos princípios se eles nos colocam em lugar de “persona non grata”, não é mesmo? Mas será que quando deixamos nossos princípios de lado para sermos aceitos e bem-vistos na comunidade, estamos agindo de forma responsável afetivamente com nós mesmos? Eu não acho. No fim do dia, quem tá lá colocando a cabeça no travesseiro é só você e mais ninguém. Não tem ego, chuva de comentário elogioso, número de followers que compre isso.

4. Que não nos ceguemos em nossas relações BDSMers

Que nossa admiração pelas pessoas que encontramos aqui, sejam amigos, produtores de conteúdo, Tops, partners, pessoas para avulsas, enfim, não nos cegue. Que as famigeradas “passadas de pano” por ser alguém que gostamos ou que não queremos confrontar deixem de existir.

5.Que entendamos que para sermos transgressores, precisamos romper com o status quo

O BDSM é transgressor por natureza. Não adianta dizer que não. Só o fato dele romper com a ideia normativa de que sexo é resumido a coito já o torna transgressor. Mas também não estamos isolados do meio social e, portanto, quando não estamos atentos, acabamos reproduzindo moralidades e estruturas hegemônicas que não condizem com esse princípio do BDSM.

E por isso eu quero dizer: espero muito que em 2022 não vejamos mais gordofobia, machismo disfarçado de piada, entre outros problemas que encontramos em 2021.

6. Que não tenhamos medo de entrar “na toca do coelho”

Seja sobre afetos ou desejos, fato é que em 2021 vi muitos relatos de pessoas que tinham medo de convidar seus “pequenos demônios” para tomar um café, conversar e encará-los. Ouvir o que eles têm a dizer. Fato é: muitos dos nossos afetos e desejos nos colocam em posição de aceitarmos nossas falhas, imperfeições e vulnerabilidades. E em um mundo que toda falha é execrada, como se todos fossem alecrins dourados, pessoas perfeitas, torna-se difícil acolher aquilo que é nosso “dark side”.

Eu quero poder olhar para o lado da sombra e o lado da luz de dentro de mim com maior leveza. Esse foi um dos meus grandes problemas em 2021 e transmito isso a vocês: que possamos nos acolher com menos maniqueísmos.

7. Que gozemos muito

Sim, BDSM é sobre gozo, sobre orgasmo. E isso não quer dizer, novamente, uma ligação com o coito. Você pode gozar sem envolver estímulo de genitália. Sem envolver ejaculação. O gozo está para além disso. E que eu, você, todos nós, possamos descobrir novas formas de gozo sempre ao longo de 2022.

Que seja um novo ano gozante e prazeroso pra caralho para todos nós!
E nos encontramos em 2022!

AUTORA

HACKING SEX

Nascido de uma ideia de mudar o sistema por dentro, aproveitando as brechas de vulnerabilidade para repensarmos e fortalecermos as concepções sobre (a)sexualidade(s), em constante (des)(re)construção, feito de forma coletiva. Construindo uma comunidade com o fortalecimento de todos os membros, abrindo espaços para trocas colaborativas de ideias, para que todos possamos crescer juntos no processo.

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