O tema de hoje, vai ser um compilado de textos sobre o mesmo tema. Sra Storm e o Mestre Sadic vão falar, ao longo da semana, sobre variações deste mesmo tema. Fiquei incumbido de apresentar este tema. Como tudo, qualquer texto que postamos aqui tem um peso muito grande, pois muitas vezes discutimos algo que não existe na internet. Este tema vai ser lincado com diversos outros temas que eu já escrevi aqui.

Complementando com o tema de semana passada sobre Ego/Arrogo dentro do BDSM, vamos discutir hoje sobre o poder dentro do BDSM. O poder é uma coisa difícil de ser definida, mas fácil de ser identificada, principalmente dentro do cenário que estamos inseridos. A cultura do BDSM envolve, quase que obrigatoriamente, relações de poder. O top tem poder sobre o bottom, o bottom entrega seu poder ao seu Mestre supremo. Desde que feito através de uma conversação assertiva, respeitando os limites de cada um dos lados (Já discutimos isso quando falamos sobre limites).

No texto da semana passada falei que muitas vezes os esquemas de arrogo e grandiosidade, na verdade, escondem um ego extremamente frágil, um ego de cristal que se quebra apenas com um olhar e, para isso, montamos uma carapaça para esconder este ego fragilizado. O BDSM é o cenário perfeito para isso. Praticamente tudo nos lembra poder. É simples, “todo” top (e aqui escrevo um pouco de ironia) “tem” que ter (ironia novamente) acessórios como coleiras, chicotes ou floggers, peças de couro. As fotos que ganham mais likes nos Instagrans fetichistas são as fotos que envolvem roupas de couro, “machos viris” fumando charutos, Dommes usando saltos altos, batom vermelho (né, Sra Storm), meias calça etc. etc. etc. Por que piramos quando vemos fardas? Falamos disso há algumas semanas. Isso nos remete poder!

Ok, até aqui estamos navegando sobre o óbvio, na verdade estou puxando em minha memória para fazer os links com os outros temas que já escrevi aqui. Acontece que muitas vezes o poder está intimamente ligado com o esquema de arrogo. Pessoas arrogantes, narcisistas, possuem uma visão de podem fazer o que quiserem, independente dos limites das outras pessoas. As vontades alheias são meras opções a não serem consideradas em visão das minhas vontades.

Agora vamos juntar tudo. Imagina uma pessoa com um ego enorme, que quase não cabe dentro de si – o Jhonny Bravo, mas com um perfil mais sádico – a ponto de “querer” submissos e submissas para que lhe sirvam, lhe venerem, lhe adorem, inflando este ego que já é inflado. Este pode usar acessórios mil, provavelmente ele vai amar spanking, humilhação, irá fazer lives e ter um twitter onde xinga e humilha o bottom, dando tapas e até mesmo socos no mesmo, retirando dinheiro do bottom no final – o famigerado Money slave que eu já comentei aqui anteriormente. Não tenho nada conta a prática, mas, como tudo no BDSM ela precisa ser feita com cuidado e muita conversação.

Até então, nas linhas acima, eu descrevi uma sessão BDSM “padrão” onde as pessoas acham que envolvem uma sessão. Tudo isso nos leva a loucura quando temos um contrato muito bem definido, os limites, as safe words bem delimitadas, tudo bonitinho como manda o figurino e como já cansamos de escrever aqui. Batemos muito nesta tecla justamente porque isso pode ser um tiro no próprio pé, trazendo uma visão completamente errônea do BDSM.

O que temos que entender sobre a questão do poder e do BDSM é que muitas vezes esses “Tops” de apoderam desses prefixos (Dom, mestre, senhor etc. etc. etc) para mostrar um lado quase animalesco que vem guardado dentro de si, sem uma fronteira com a realidade. A relação BDSM praticamente envolve uma persona, a construção de uma persona que muitas vezes não tem muito a ver com a nossa realidade. Conhecemos, por exemplo, o Dom Barbudo, sério, autoritário, sempre trajado de couro, exalando poder, sempre ouvindo Madonna em suas sessões. Porém, não conhecemos a pessoa real atrás a pessoa que incrementa a persona que é o Dom Barbudo. E eu também não vou contar para vocês. Só posso dizer que esta pessoa é maravilhosa dos dois jeitos.

Essa distinção não ocorre em pessoas que utilizam o BDSM para justificar suas práticas e atitudes disfuncionais. Falei disso no texto sobre Money Slave, estas pessoas que utilizam uma prática ou uma cultura para se beneficiar, para mostrar que podem, quando na verdade, estão apenas compensando uma crença de desvalor que, à noite, quando estamos sozinhos na cama, esperando o sono chegar, grita em plenos pulmões.

Um último recadinho: BDSM não substitui terapia. Procure um psicólogo mais próximo.

 

AUTOR: DR PSI

Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas

 

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Uma resposta

  1. Uaaauuu Post incrivél Parabéns
    Falou muitas verdades, álem de vários pontos por de trás do Bdsm.
    Fantástico

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