É de suma importância abordarmos esse tema quando estamos se tratando de relações humanas. Nas últimas semanas, recebi alguns depoimentos que me levantou a orelha quanto ao papel da autoestima em relação as práticas e cenas BDSM.
Mas, a final, o que é autoestima? Vários autores da área psi vão se mostrar divergentes quanto esse tema, mas podemos considerar autoestima quando a nossa visão de si, a visão que temos de nós mesmos (crença central, já falamos sobre isso antes) possui afirmativas positivas e funcionais onde eu sei que eu tenho qualidades, eu sei que eu tenho defeitos e, acima de tudo, eu sei mesclar esses meus dois “mundos”.
E o que é esperado na visão “clássica” e distorcida do BDSM? Que o submisso seja o sujeito sem nenhuma autoestima que vive para agradar o outro deixando suas vontades de lado. E o dominador, mestre soberano de tudo como um sujeito com uma grande autoestima, uma estima tão grande que os “pequenos” devem adora-lo e usá-lo de espelho para sua vida. Desculpe dominadores, mas vocês não são o sol! (Leiam esse parágrafo com ironia).
Porém vamos aos fatos. Ninguém precisa ter uma baixa autoestima para admirar outra pessoa. Pelo contrário, uma vez que eu tenho a minha visão de self bem estabelecida e funcional, eu consigo me emparelhar com aquele que é melhor para mim. Ver até onde aquela pessoa pode ser boa na minha vida e até onde eu tenho que estabelecer os meus limites. Se eu tenho uma baixa autoestima e preciso de um outro para me sustentar e me dar esse apoio 24/7 (de qualquer lado, viu dominadores) é um alerta de terapia! Vamos trabalhar essas relações dependentes?
Ao longo dessa minha breve viagem de trem que é a minha jornada no BDSM já trombei com várias situações jocosas que me renderam bons risos e também boas discussões. Já vi dominadores que gostam de “submissos depressivos” (sic). Sim, isso mesmo que você leu. Nessas horas Freud se revirou no caixão e o Aaroon Beck perdeu um dia de vida. Nesse momento vemos que o dominador não pode ser muito certo da cabeça. Só posso dizer isso porque acho que ficou bem claro que passa de todas as regras da ética, da moral e do consentimento que falamos ao longo dos últimos meses. Por outro lado, o sub que se submete a essa cena é um sub que tem que ser olhado com bastante cuidado também, pois acredito, por experiência própria que está beirando uma psicopatia.
Para finalizar uma dica para os iniciantes: comece a cuidar de si mesmo, elogiar a si mesmo e servir a si mesmo antes de começar a servir o outro. Para os já praticantes, a dica anterior é válida.
AUTOR: DR PSI
Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas
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