AGE PLAY: LIBERTANDO A NOSSA CRIANÇA INTERIOR

Acredito que este é um dos temas mais polêmicos da cultura BDSM – e fora também. Por esses dias eu estava olhando um grupo do facebook onde havia um print de um rapaz que curtia Age Play e diversos comentários completamente irracionais massacrando esta prática. Naquele momento havia pensado até em responder alguma cosia, mas o pessoal não valia muito a pena, batendo em uma militância errada.

Mas o que é o Age Play? Como todas as roleplays dentro do BDSM, a Age Play não passa de uma representação de papéis no qual uma das pessoas, no caso o bottom, representa uma idade abaixo da que ele realmente tem. O Age Play pode envolver também cuidados infantis, como uso de fraldas, chupetas e outras coisas.

E é sobre isto que o Age Play se trata: uma relação de cuidados! Conversando sobre o rumo dos posts, ouvi muitos relatos sobre uma prática que é realizada além do ato sexual. Já discutimos algumas vezes sobre isso, o quanto o BDSM independe das relações sexuais tradicionais. Estamos justamente na norma que diz que o prazer está em outas práticas que vão além do ato sexual. O Age Play vai de encontro com essa premissa do BDSM. Muito dos comentários que eu li naquele grupo do facebook era associando esta prática, este fetiche com práticas pedófilas. Não quero entrar neste mérito, mas tenho que ao menos citar que toda cena BDSM é realizada com maiores de idade e, uma vez todos os envolvidos sendo maiores de idade não tem nenhuma relação com a pedofilia.

Para discutir a gênese deste fetiche poderia discutir sobre horas as ideias psicanalíticas de regressão, de uma fase do desenvolvimento psicossexual Freudiano não completa, um Édipo não soluto, ideias de arquétipos Jungianos entre outros temas e teorias que renderiam grandes livros. Mas, como devem saber, eu gosto dos ideais psicanalíticos, mas estes não baseiam a minha prática profissional. Podemos entender essa relação de carinho que muitas vezes está associada também a uma relação daddy/son (indicações de leitura sobre meu texto sobre Daddys, no dia dos pais e sobre Role Play) como uma relação de cuidado extremo onde a pessoa torna completamente vulnerável e precisa de um cuidado intenso.

Isto me lembrou algumas premissas da Teoria do Esquema de Young (indicação de leitura, “Reinvente sua vida” editora Sinopsys), onde temos algumas Necessidades Emocionais Básicas apoiadas na Teoria do Apego de Bowlby (editora Martins Fontes) onde temos quatro necessidades emocionais básicas que são mais ou menos atendidas na infância dependendo do ambiente em que você está inserido. Uma dessas Necessidades é a necessidade de apego e pertencimento, onde o indivíduo necessita ser cuidado e com um senso de pertencimento em algum lugar. E acredito que o contexto das cenas do Age Play traz um pouco disso. Através desta relação de cuidado a pessoa se sente amparada, acolhida de forma integral, mesmo que as práticas BDSM no geral possam envolver um pouco de intensidade.

AUTOR: DR PSI

Psicólogo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, psicopedagogia clínico e institucional e atualmente especializando em neurospicologia. Sempre fui interessado no mundo do BDSM, com a primeira experiência por volta dos 19 anos. Atualmente interessado em disseminar esta cultura em seus diferentes aspectos e as influências psicologias que estão atreladas

 

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