A HISTÓRIA DE CADA UM

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Sempre soube que era diferente, que tinha gostos peculiares, mas até então não sabia que, como eu, outras pessoas tinham esses mesmos gostos e desejos. E em 2003, não tínhamos tanta informação como temos hoje principalmente sobre fetiches.

No início fiquei meio sem saber o que fazer e como fazer, afinal naquela época não existia muita informação e a Internet era algo bem mais restrito e limitante. Google não existia e os buscadores eram bem mais simples. De qualquer forma acabei encontrando as saudosas salas de bate-papo do UOL.

O aprendizado naquela época era um tanto diferente de hoje. Conversávamos muito e trocávamos muita informação, tanto pelas salas quanto pelas listas de discussão por e-mail. Sim, boa parte dos debates eram por e-mail e quer saber? Funcionava!

Depois de 3 anos entre salas de bate-papo e listas de discussão, conheci uma casa temática e me tornei um frequentador assíduo, indo 3 vezes por semana, toda semana.

Fiz amigos e aprendi muito com os outros praticantes, fossem eles Tops ou bottoms. Participei de workshops, palestras, debates, eventos e churrascos. Mas nem tudo eram flores. Claro que desde aquela época tínhamos egos inflados, intrigas, tretas e abusadores, mas os praticantes eram mais unidos, além do fato da comunidade ser bem menor.

Muita coisa mudou desde aquela época. Hoje não é muito diferente quando alguém descobre e se identifica com o BDSM. O acesso à informação é muito mais fácil e rápido, mas eu sinto falta do calor humano, amizade e do respeito de antes.

Sim, existe muito desrespeito. Desde apelidos apelativos até adjetivos chocosos. Um exemplo clássico é o termo “Dino” que se refere àqueles que estão a mais tempo no BDSM. O problema não é o termo em si e sim o que está por trás. Na grande maioria das vezes é sempre usado de forma pejorativa. Ser Dino não é sinônimo de alguém com mais vivência e sim ser chato, antiquado, retrógrado, empata foda.

Desde que o mundo é mundo, os mais novos aprendem com os mais velhos, afinal idade, experiência e vivência são pontos importantes e relevantes no aprendizado de cada ser humano em qualquer esfera. Mas aqui isso nesse nosso mundinho não funciona como deveria. Aqui os mais antigos são motivos de chacota e piada. A pessoa chega hoje e depois de um mês vira coach ou então lê meia dúzia de textos e sai palestrando. Outros esquecem que para se construir uma casa deve-se começar pelo alicerce e não pelo telhado e invariavelmente trocam os pés pelas mãos. E quando você vai falar algo, no intuito de orientar ou mesmo alertar, é recebido com ironia e sarcasmo.

Claro que qualquer um pode ser um autodidata, mas isso não lhe dá o direito de ignorar e ridicularizar a história dos outros. E sim, eu sei que muitos praticantes antigos fizeram e ainda fazem besteira, mas essa estatística é muito maior com a geração mais nova. E o motivo é simples: Orgulho e Ego.

Assim como eu, outros tantos criadores de conteúdo dedicam boa parte do seu tempo preparando material para orientar, embasar ou mesmo dar um norte para quem está chegando agora e ainda se sente perdido, mas o feedback que boa parte de nós recebemos é nariz torcido, ironias, piadas maldosas e ataques gratuitos de puro ódio.

O que muitos esquecem é que se hoje temos uma estrutura mínima dentro do BDSM, com protocolos, bases, regras de conduta, definições, etc, é porque os tais “Dinos” levaram muita porrada e quebraram muito a cara, para entender e definir esses parâmetros, justamente para que os novos não precisassem passar pelos mesmos perrengues.

Fazendo uma analogia simples, se hoje você consegue ir de São Paulo a Santos em uma rodovia asfaltada é porque alguém bem antes de você fez esse trajeto a pé, abriu trilhas, depois construiu uma estrada e, por fim, a pavimentou.

Então, antes de ridicularizar e ignorar a história daqueles que vieram antes de você, olhe e veja o que já foi feito. Dê valor a isso, porque se não fosse por eles, hoje você não teria o que tem da forma como é.

Sim, muita coisa ainda precisa mudar e temos ainda muita gente vivendo no passado, mas em minha humilde opinião, esses são a exceção à regra. Da mesma forma que os mais antigos precisam evoluir e acompanhar as mudanças, os mais novos precisam ser menos arrogantes e olhar para o que já foi feito. BDSM deveria ser algo simples e prazeroso, mas está se tornando cada vez mais complicado e exaustivo.

Pense nisso. Olhe para você e se pergunte que tipo de pessoa você é e quer ser. Você não precisa dizer amém para tudo, mas você precisa olhar para trás e reconhecer o que já foi feito por aqueles que vieram antes. Respeite a história de cada um. Você tem todo o direito de não concordar, mas você não tem o direito de simplesmente ignorar e desrespeitar tudo o que já foi feito.

AUTOR

SENHOR ASGARD

Sádico e Dominador.

A palavra que melhor me define é sem dúvida “Intensidade”.

Entre minhas paixões destacam-se a fotografia, música, literatura, cinema e tecnologia.
Sou criativo e bem-humorado, sem deixar de ser firme em minhas convicções.

Sou alguém que apesar de abraçar certos padrões, não me limito por eles, sempre consciente de que acima de qualquer rótulo está o ser.
Minhas decisões e atos são guiados por minha lógica clara e direta, porém há sempre espaço para surpreendentes improvisações.

Observador e Detalhista.
Para mim, tudo importa. E muito pouco (ou nada) passará despercebido.

Como Dominador, espero de minha submissa inteligência e proatividade.
Sou exigente e ambicioso. Jamais me contentaria com atitudes de passividade e estagnação.

Como Sádico, desejo dar sempre um passo a mais.
Sou responsável, porém audacioso. Assisto ao sofrimento com prazer. Quando esse meu lado encontra quem realmente o satisfaça, os limites são superados e o prazer ganha uma nova dimensão.

Como pessoa, sou gentil e atencioso.
Me importo pouco com as impressões alheias. Vivo a meu modo, sem máscaras, sem excessiva diplomacia. Deixo claro minhas discordâncias e desafetos. Falo com o olhar. Sou honesto comigo mesmo.

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