O DIA SEGUINTE

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Camilla acordou quando um pequeno feixe de luz atingiu seus olhos. Olhou para a cama e percebeu que ele ainda estava dormindo. Se levantou lentamente, evitando ao máximo fazer qualquer barulho e foi tomar um banho.

Entrou no banheiro e se olhou no espelho. E ao se olhar, um misto de sensações invadiram sua mente. Começou a olhar e tocar cada marca, cada corte, simplesmente para sentir aquela dor que ela conhecia tão bem. E a cada toque, a cada sensação de dor, uma alegria e uma sensação de satisfação ia surgindo e tomando conta do seu ser.

E pensar que há menos de 3 meses ela sequer sonharia em ter algo assim. Não que ela não soubesse o que era, mas viver tudo aquilo, daquela forma e, principalmente, com ele era algo que ela jamais pensou ser possível. Começou a lembrar da sua adolescência, da sua juventude e dos momentos em que, de alguma forma, procurava sentir algum tipo de dor, sempre com aquela preocupação em não deixar ninguém notar suas reações.

Lembrou de quando o conheceu, naquele grupo de amigos. A forma como ele se portava, como falava, como olhava nos olhos das pessoas quando conversava. Ela era recém-chegada no grupo e mal falava. Mas ele sempre foi muito atencioso com ela, sempre cumprimentando ao chegar e se despedindo ao sair. As poucas cenas públicas que ela tinha presenciado foram inesquecíveis. Sempre intensas, sempre apaixonantes, sempre envolventes. Era nítida a expressão de dor e prazer que cada bottom sentia ao estar em uma cena com ele. E ela sempre quis experimentar algo assim, mas o medo da rejeição sempre a afastava.

E agora, ela estava ali, vivenciando tudo que sempre sonhou e se apaixonando por cada marquinha deixada por ele em seu corpo.

Por fim ela voltou à realidade e terminou seu banho. Se trocou, pegou o interfone e pediu o café da manhã. Não demorou muito e a campainha da suíte tocou. Ela abriu a porta, a pessoa perguntou se podia entrar para deixar o carrinho com o café, mas Camilla disse que ela mesma faria isso. Se despediram e ela fechou a porta.

Começou a olhar o que haviam trazido, para ter certeza de que estava tudo certo, conforme ela havia pedido. De repente ela é abraçada. Levou um susto enorme, mas em seguida se acalmou e se aninhou. Ele se aproximou do ouvido dela e sussurrou:

– Bom dia minha cadelinha! Dormiu bem?

Camilla quase teve um orgasmo ao ouvir aquilo. Sorriu como nunca sorrira antes, e apenas acenou positivamente com a cabeça.

– Venha, vamos tomar nosso café ali na varanda – disse ele

Foram até lá, ele se sentou e ela já estava se ajeitando ao lado dele, no chão, quando ele a deteve e apontou para a cadeira que estava vazia, ao lado da dele. Ela olhou, meio sem entender, mas ele novamente apontou para a cadeira.

– Posso servi-Lo antes, Senhor?

Ele acenou positivamente. Ela serviu uma xícara de café com leite, fez um prato com ovos mexidos e bacon e colocou à frente dele. Em seguida serviu um copo de suco de laranja para si e se sentou ao lado dele. Ambos estavam ali, calmos, serenos, observando a bela vista da sacada, como se tivessem todo o tempo do mundo.

Ele percebeu que ela estava longe em seus pensamentos, muito provavelmente pensando o que aconteceria em seguida e, como bom observador, encontrou ali o momento ideal para falar sobre a noite anterior.

– Você foi simplesmente perfeita ontem, Camilla.

Camilla estava tomando um gole de café quando ouviu a frase. Isso a fez engasgar e ele, riu muito da situação. Esperou que ela recuperasse o fôlego e continuou.

– Poucas vezes, desde que eu comecei a me envolver com mulheres submissas, alguém conseguiu me surpreender dessa forma, mas você realmente se superou. E eu posso notar pelo seu semblante, que apesar das marcas, cortes e dores, você está bem, está calma e feliz.

– Sim, Senhor. Eu realmente estou me sentindo muito bem. E fico muito feliz que o Senhor tenha gostado de mim, de alguma forma.

– De alguma forma? Vamos dizer que eu gostei de tudo. Desde o preparo do ambiente até o bilhete. Ah, aquele bilhete. Você sabia exatamente o que isso causaria em mim, o que iria ser liberto a partir daquele momento, não sabia?

– Sim, eu sabia. Quer dizer, saber exatamente não, mas eu tinha uma ideia. Ali, a única certeza eu tinha era que eu queria estar ali. Eu precisava estar ali. Mais do que tudo. Eu queria sentir tudo, eu queria fazer tudo, eu queria entregar tudo, sem me preocupar com mais nada. Naquele momento eu tinha certeza de que estaria completamente em suas mãos, mas nada mais importava. Todo o meu ser clamava por aquilo, gritava por aquilo e eu simplesmente não podia mais ignorar. Dentro de mim, eu tinha plena certeza de que eu deveria fazer exatamente como eu fiz…

Enquanto ela contava, ele a observava e sentia que tudo aquilo vinha realmente de dentro dela. E quanto mais ela falava, mais ele prestava atenção. Ela não esquecera nenhum detalhe. Lembrou de cada açoite, de cada corte, de cada tapa. Lembrou com detalhes todas as vezes em que foi possuída por ele, lembrou da força e da intensidade do sexo.

A conversa entre eles fluía naturalmente. O café já havia terminado e esfriado há tempos, mas eles nem se importaram. Conversaram por horas a fio, ora sobre a noite anterior, ora sobre assuntos triviais do dia a dia, riram de algumas situações engraçadas que presenciaram em encontros, refletiram sobre posturas de outras pessoas e, entre um assunto e outro, trocaram olhares. Muitos olhares. Olhares que falavam mais do que qualquer frase, do que qualquer gesto.

Ele conhecia bem essa sensação. Ele sabia exatamente o que aquele olhar significava. E ela também sabia. Por fim, ele se aproximou dela e a beijou. Não um beijo de quem tem uma posse prestes a ter uma sessão com ele. Era um beijo diferente, carregado de carinho, de sentimentos, de emoção e de intensidade.

Ao se afastar, ele a olhou. Ela estava ali, parada, de olhos fechados, boca entreaberta, como se o beijo ainda estivesse acontecendo. Lentamente ela foi abrindo os olhos e encontrou os olhos dele. E pela primeira vez ela não abaixou seu olhar. Ficaram assim, se olhando por alguns segundos. Ele entendeu e soube naquele instante que não era um desafio da parte dela. Ali não estava mais a submissa. Ali não estava mais a masoquista. Ali, pela primeira vez desde que ele a conhecera, estava a pessoa, a mulher. E ela sentiu o mesmo. Ela enxergou o homem por trás do sádico.

Ele se levantou, pegou-a pelo colo e foram para o quarto.

Enquanto isso, o mundo à volta deles seguia seu curso natural.

AUTOR

SENHOR ASGARD

Sádico e Dominador.

A palavra que melhor me define é sem dúvida “Intensidade”.

Entre minhas paixões destacam-se a fotografia, música, literatura, cinema e tecnologia.
Sou criativo e bem-humorado, sem deixar de ser firme em minhas convicções.

Sou alguém que apesar de abraçar certos padrões, não me limito por eles, sempre consciente de que acima de qualquer rótulo está o ser.
Minhas decisões e atos são guiados por minha lógica clara e direta, porém há sempre espaço para surpreendentes improvisações.

Observador e Detalhista.
Para mim, tudo importa. E muito pouco (ou nada) passará despercebido.

Como Dominador, espero de minha submissa inteligência e proatividade.
Sou exigente e ambicioso. Jamais me contentaria com atitudes de passividade e estagnação.

Como Sádico, desejo dar sempre um passo a mais.
Sou responsável, porém audacioso. Assisto ao sofrimento com prazer. Quando esse meu lado encontra quem realmente o satisfaça, os limites são superados e o prazer ganha uma nova dimensão.

Como pessoa, sou gentil e atencioso.
Me importo pouco com as impressões alheias. Vivo a meu modo, sem máscaras, sem excessiva diplomacia. Deixo claro minhas discordâncias e desafetos. Falo com o olhar. Sou honesto comigo mesmo.

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