Antes de ler o texto, já fica a dica: não existe fórmula.
Temos diferentes encontros, com diferentes pessoas, em diferentes fases. Como vai haver uma fórmula pra que tudo aconteça fluidamente de maneira exatamente igual sempre?
A gente passa a vida acreditando que sexo ou é de um jeito ou é de outro. Que somente seguindo o comportamento reproduzido de forma “aceitável” do que seria prazer pela sociedade teremos ou não um sexo satisfatório. Nos deixamos levar pela mesma sociedade machista que não consegue abordar de maneira consciente o tema sexualidade, nem falar de educação sexual nas escolas, julgando as variações que fogem do considerado “normal” por ela como pecaminosas, erradas e incorretas, generalizando assim algo que acontece não só na troca entre as pessoas, mas também no individual e fixando a ideia do sexo apenas para fins reprodutivos.
Num outro extremo temos os roteiros de filmes pornográficos direcionados para cada especificidade. Do sexo heterossexual com homens muitas vezes violentando mulheres e chamando aquilo de prazer até homens gays num soca-soca sem fim com pintos gigantescos, como se tudo fosse apenas penetração, como se todo pau fosse grande, como se todo mundo gostasse daquilo, como se essa fosse a referência ideal do que seria prazer.
Sexo é aprendizado.
As pessoas precisam parar de considerar sexo um comportamento apenas instintivo realizado para alcançar uma satisfação biológica e lembrar que fatores psicológicos como emoções, sentimentos, afetos e crenças fazem parte do comportamento sexual.
Mesmo que tudo não passe de uma foda de aplicativo.
Para transa ser considerada boa é necessário algum tipo de conexão que vá além de características físicas atrativas e do equivocado objetivo coletivo: somente gozar.
Quando alguém tem crenças exigentes ou disfuncionais em relação a si mesmo ou a como uma transa deveria acontecer baseada em experiências anteriores ou boatos, algumas emoções e comportamentos indesejados podem influenciar a ação dessa pessoa. Em nossa cultura, a aprendizagem sobre sexo ainda acontece de maneira etnocêntrica, perpetuando assim crenças em relação ao tamanho, cor, idade, tempo de execução, entre outras sandices transmitidas de geração para geração ao longo dos anos.
Quem nunca ouviu falar que se masturbar seria “coisa de homem”? Que bater punheta demais fazia nascer pelos ou calos nas mãos…!? Que apenas adolescentes e jovens se masturbam? Que masturbação é apenas individual?
Uma pessoa pode sim fazer uma performance de filme pornográfico, desde que ela considere todos os possíveis componentes existentes numa transa de maneira fluída. No filme pornô é tudo cortado e montado pra agradar os olhos. Na vida real pode ter dor, vontade de fazer xixi, passar cheque, posições cansativas, pinto que amolece, pausa para retomar o fôlego e um milhão de outras ‘cositas’ mais.
Sendo o sexo um aprendizado, exige obviamente paciência e respeito ao outro e a si mesmo. Encontrar o próprio compasso que satisfaça você e seu(s) parceiro(s) não acontece da noite pro dia e muito menos baseado em referenciais de uma sociedade excludente, machista, heterocisnormativa e que trata o sexo como algo que deve ser mantido às escuras, evitado e não falado. Converse, se expresse, conheça seu corpo, seus pontos fortes e prazerosos, seus pontos fracos também. Ninguém é uma máquina e nem precisa ser.
Deixe de lado as crenças erradas passadas de geração para geração acerca do sexo.
A única fórmula sexual que pode dar certo é aquela que você desenvolve a partir do autoconhecimento e no diálogo explorando com seu(s) parceiro(s).
AUTOR
RIGLE GUIMARÃES
Psicólogo e Terapeuta Sexual com foco no público LGBT+ e abordagem de comportamentos sexuais variados.
Instagram: @psicorigle com conteúdo voltados a questões que vão da saúde mental à sexualidade.
TROQUE A PORNOGRAFIA PELA FANTASIA
RELACIONAMENTO PRECISA TER INDIVIDUALIZADE
O FOCO DE SUA SEXUALIDADE É SEU PRÓPRIO PRAZER OU DO OUTRO?
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