ENTREVISTA COM DOM PAPAI – CANDIDATO DO CONCURSO MR LEATHER BRASIL 2019

06/10/2019

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Faça uma breve apresentação pessoal

Sou Dom Papai, secretário da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, criador do Coral Câmara LGBT do Brasil por Maestro Ettore Verissimo, secretário do Leather Club Brazil e participante ativo das atividades da comunidade leather no Brasil. Acredito que o caminho para o fortalecimento de nossa comunidade é utilizando a força econômica de nossas empresas nacionais de couro, artesãos, designers e apoiadores do movimento como produtores, casas noturnas e destaques da comunidade.

1 – O que significa para você a Cultura do Couro?

Um resgate histórico da cultura gay e queer, que é esquecida a cada dia pela falta de incentivos e até mesmo pela tentativa de ocultação de nossos líderes. A Cultura do Couro é uma conexão que homens e mulheres possuem com artistas como Tom of Finland, com personalidades da década de 60 e 70 e com a resistência que nossa comunidade manteve e mantém em busca da sua liberdade de permanecer vivo. Temos a obrigação de manter a chama da cultura leather acesa em respeito aos nossos antepassados, em continuidade da nossa cultura e pela manutenção da memória da próxima geração.

2 – Cite algum mandato de Mr Leather que você acompanhou de perto (nacional ou internacional) e o que você aprendeu com ele que gostaria de repetir. O que você faria para ir além?

Estive bem próximo aos dois mister leathers brasileiros, Dom Barbudo e Dom PC. Ambos trouxeram importantes colaborações à nossa comunidade, Dom Barbudo com a difusão de informações essenciais ao estabelecimento da cultura leather no País e Dom PC com a aproximação internacional que deixou o Brasil sob os holofotes globais com seus pioneirismos. Também segui o ousado reinado de Axe Leito, Mister Leather Netherland 2018, com o qual tive a honra de conversar e pedir conselhos. Axe instituiu o primeiro concurso Miss Leather Netherland, mesmo contra agressivos e contínuos desejos contrários da comunidade, elegendo assim a primeira mulher a representar a comunidade. Acredito que nenhum trabalho deve ser interrompido e ainda é necessário o fortalecimento das estratégias se quisermos prosperar. A minha colaboração será além, uma estratégia para a qual sou capacitado e sem a qual continuaremos a atuar de maneira pontual: quero profissionalizar as ações, reunindo a comunidade em uma grande força motriz e aproximando-nos das empresas, artesãos, profissionais, fotógrafos, produtores de eventos e de casas noturnas em todo o país. É hora de valorizarmos o couro nacional, utilizarmos um dos maiores mercados exportadores do mundo (vendemos internacionalmente 1,4 bilhões de dólares em couro e ainda assim temos dificuldades de encontrar peças em couro no país).

3 – Como você avalia a cena leather no mundo atual e complexo que vivemos e como será a cena leather no Brasil quando chegar o momento de entregar sua faixa para o próximo?

O resgate histórico da cultura leather tem fortalecido a presença dos irmãos em couro globalmente. Acredito que a tendência é de que tenhamos cada vez mais participantes e uma união entre a cena BDSM com outros personagens (PetPlay, slaves e afins), garantindo assim um retorno aos tempos áureos do couro norte-americano na década de 70. Nosso maior desafio é resistir aos tempos obscuros que vivemos, de demonização da sexualidade e da expressão individual. A cena leather no Brasil ainda enfrentará grandes embates e a hora é de nos fortalecermos como família, como grupo de consumo e como força motriz cultural.

4 – Como você avalia a posição do Brasil no cenário internacional? Que outros países tem avançado no tema que na sua opinião poderiam ser uma referência ao Brasil.

O Brasil sem dúvida está sob os holofotes da comunidade internacional devido ao trabalho exemplar de Dom Barbudo e Dom PC. Na verdade não acredito que outros países sejam exemplos para nós e sim que nós estamos pavimentando a estrada para que outras regiões possam nos seguir. E que não nos enganemos, o pioneirismo é muito mais difícil, pois nos sujeita a erros pelo desconhecimento do caminho. Caso me perguntem quais as comunidades admiro, fico impressionado com as ações que valorizam as primeiras gerações do couro, garantindo assim um respeito histórico aos que abriram caminhos para a nossa liberdade.

5 – Qual o seu principal projeto ou ação para contribuir com a Comunidade Leather?

A – Aproximação com a indústria de couro brasileira, promovendo profissionalização de artesãos e gerando novos artistas e criadores de roupas e acessórios leather

B – Valorização da indústria nacional, por meio de cadastro de descontos e informações periódicas sobre o movimento leather

C – Aproximação das marcas já existentes, permitindo uma maior divulgação do universo leather a pessoas interessadas e mailings especiais

D – Criação da posição de Bluf Hostess, uma experiência de sucesso na Europa que define um dos membros da comunidade como chave na recepção de novos entusiastas.

E – Valorização dos eventos brasileiros, aproximando produtores de redes de hotéis, agências de turismo e outros possíveis patrocinadores, criando descontos especiais durante os períodos específicos e até mesmo estratégias de visitação em grupo por todo o Brasil.

6 – Como você quer ser lembrado no final do seu mandato?

Como o Mister Leather que ampliou a cultura leather para além de seus seguidores, envolvendo empresas e possíveis patrocinadores na difusão desta extraordinária e rica cultura.

7 – Mande um recado para seus admiradores!

Muito obrigado por todo o carinho e pela contínua boa energia que sinto cotidianamente nos eventos e em encontros gerais. Sigamos juntos na busca por uma família leather cada vez mais estruturada. We Are Leather Family. Somos a família leather brasileira.