ENTREVISTA COM LUIZ LEATHER – CANDIDATO DO CONCURSO MR LEATHER BRASIL 2019

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Faça uma breve apresentação pessoal

Meu nome é Luiz Fernando, resido em Belo Horizonte onde faço meu doutorado em Físico-química e tenho 28 anos. Apesar de ter tesão por couro desde muito jovem, meu primeiro contato com o universo leather além do pornô se deu já aos 21 anos através de uma antiga rede social, gearfetish, onde pude conversar com outros leathers e entender melhor o meu desejo. Em Belo Horizonte ajuda na organização de eventos como o encontro Leathers de Minas, grupo do qual faço parte há dois anos e que me escolheu para representar os leathers de Belo Horizonte.

 

 

1 – O que significa para você a Cultura do Couro?

A cultura do couro pra mim significa liberdade. É algo que rompe com o casual. Apesar de existir um imaginário muito contraditório acerca dela, que é trazido pela indústria pornográfica de que tudo é voltado para o sexo, ela vai muito além e te ensina a ser mais orgulhoso de si mesmo, te leva a um maior autoconhecimento sobre sua sexualidade. As pessoas que têm tesão por couro são diferentes, mas ser diferente não é sinônimo de algo ruim, muito menos de imoral como muitos conservadores diriam. Essa diferença nos torna únicos e mais conscientes da pessoa que realmente somos e não do que o resto da sociedade espera que sejamos.

 

2 – Cite algum mandato de Mr Leather que você acompanhou de perto (nacional ou internacional) e o que você aprendeu com ele que gostaria de repetir. O que você faria para ir além?

Acompanhei de perto a representação do Dom PC. O que aprendi de mais importante com ele é que com o crescimento da nossa comunidade, é que a visibilidade é mais importante do que se pode imaginar. A simples presença dele em nossos encontros em Belo Horizonte, foi responsável por um grande aumento na participação de outros leathers nos encontros durante todo o ano. Para ir além, eu pretendo estar presente nos encontros de outros locais que não estejam tão bem consolidados como estamos nas comunidades de São Paulo e Belo Horizonte, mas claro, sem me esquecer de ser presente também nessas comunidades.

 

 

3 – Como você avalia a cena leather no mundo atual e complexo que vivemos e como será a cena leather no Brasil quando chegar o momento de entregar sua faixa para o próximo?

Atualmente o nosso cenário tem experimentado um grande crescimento. No Brasil, o concurso Mr Leather e eventos como o Leather na Rua, Leathers de Minas, Jantar Leather, Couritibanos, deram uma grande visibilidade ao movimento e pessoas que tinham seus couros guardados no armário ganharam confiança para se mostrar (não é tão fácil quanto parece aparecer com um full leather na rua no Brasil, isso me lembra minhas primeiras festas onde muita gente levava mochilas para as festas e se trocavam lá!).

Com isso vem surgindo algumas animosidades, um grupo muito grande tende a se fragmentar em “panelinhas” menores e essa fragmentação muitas vezes provoca o sentimento de não pertencimento a muita gente, surgem os falatórios… Eu espero que ao chegar no fim da minha representação como Mr Leather Brasil eu tenha contribuído para passar por cima disso, espero que os leathers entendam que a comunidade não é feita por uma ou duas pessoas, a comunidade é feita por cada um de nós e pela nossa história de envolvimento com o movimento! Dito isso, gostaria inclusive de convidar os outros leathers a usarem a criatividade para criar novas propostas de eventos, que não sejam necessariamente noturnos e em boates, precisamos continuar ocupando espaços em que os baunilhas nos vejam, para ganhar respeito, e para que outros leathers que ainda não se sintam seguros para viver seu fetiche, ganhem a confiança que precisam para tirar seu couro do armário! Visibilidade é MUITO importante neste momento!

 

 

4 – Como você avalia a posição do Brasil no cenário internacional? Que outros países tem avançado no tema que na sua opinião poderiam ser uma referencia ao Brasil.

O mundo lá fora tem olhado bastante para o Brasil. É inegável como a representação do Dom PC em eventos internacionais trouxe a atenção para a nossa comunidade. Alguns leathers inclusive se surpreenderam com a possibilidade de viver a cultura leather em um país tão quente quanto o nosso. Acredito que nossa comunidade tem feito um bom trabalho para mostrar que sim, é possível estar em um país quente e ainda assim usar couro!

Com relação a outros países, a consolidação da cultura leather na europa e nos Estados Unidos facilita a sua estabilidade como um movimento. Entretanto é interessante notar como a autocrítica ainda se faz importante nesses locais, principalmente no que se refere à inclusão de outras minorias no movimento além da minoria gay: visibilidade às pessoas trans, às pessoas com deficiências. Mas as comunidades que mais me chamam a atenção são as latinoamericanas, que têm demonstrado resiliência e persistência para consolidar o movimento em seus países mesmo com o avanço de frentes políticas conservadoras.

 

5 – Qual o seu principal projeto ou ação para contribuir com a Comunidade Leather?

O meu principal projeto é contribuir para amenizar essa fragmentação da comunidade leather, trazer as pessoas mais pra perto umas das outras e despertar o sentimento de pertencimento à comunidade, independentemente se a pessoa mora em São Paulo, ou se ela mora em qualquer outro lugar do Brasil. E acredito que isso é factível através da estimulação e participação de novos eventos em diferentes locais.

 

6 – Como você quer ser lembrado no final do seu mandato?

Eu gostaria de ser lembrado como o Mr Leather da integração, que lembrou os leathers de que apesar de já termos uma vitória enorme no que diz respeito a ocupação dos espaços, esse é um trabalho contínuo, que não pode parar, principalmente no interior! Não podemos nos esquecer que essa integração não ocorrerá sem a integração de outras minorias, como dito acima que outros países já têm feito, temos de lutar por nossa liberdade, sem esquecer das outras pessoas que também a desejam, inclusão é uma palavra chave nesse processo!

7 – Mande um recado para seus admiradores!

Ocupem espaços públicos, sejam vistos, tenham orgulho de ser quem vocês são! Não existiria comunidade sem a presença de vocês, empoderem-se disso! Sejam mais ativos, proativos e apoiadores, é hora de crescer ainda mais, não tenham medo de expor suas ideias e ideais (mas façam sempre com respeito, viu?! A gente quer é isso: ser respeitado na nossa diferença!). A ideia de um movimento social é essa, movimentar pessoas em torno de um ponto em comum que elas tenham, cada um de nós tem sua história dentro do movimento e isso já te faz importante!

 

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