ENTREVISTA COM FIEL – CANDIDATO DO CONCURSO MR LEATHER BRASIL 2019

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Faça uma breve apresentação pessoal

Eu sou o Fiel, um jornalista paulistano especializado em marketing, sommelier de vinhos e cervejas, adestrador de cães (humanos e animais!) e amante de peças diferenciadas de couro e pequenos detalhes que fazem a diferença. Faço parte da comunidade do couro no Brasil há 8 anos, fui um dos participantes do BDSM Camp e do Calendário Leather, um dos principais disseminadores da comunidade dog play e organizador ao lado de Dom Barbudo do Jantar Leather, um dos maiores eventos do meio em São Paulo.

 

 

1 – O que significa para você a Cultura do Couro?

O couro tem três grandes significados: liberdade, empoderamento e tesão. Liberdade porque era vestido em couro que os primeiros homens gays saíram às ruas de Berlim para defender a igualdade e liberdade da expressão sexual de cada um, vestimenta que foi imitada nas grandes passeatas da Califórnia e tornou-se símbolo de luta das minorias; Empoderamento porque até meados da década de 1970, o gay era sempre retratado como um homem frágil, magro demais e débil, o que mudou quando desenhistas como Tom of Finland e Etienne passaram a ilustrar os gays com robustez, força é muito couro; Por fim, couro é sim um fetiche que desperta tesão, sensualidade e me dá prazer estar por perto.

 

 

2 – Cite algum mandato de Mr Leather que você acompanhou de perto (nacional ou internacional) e o que você aprendeu com ele que gostaria de repetir. O que você faria para ir além?

Gosto muito de todo o trabalho do canadense Patrick Smith antes, durante e depois de seu mandato. Apesar de jovem (ele tinha entre 29 e 30 anos quando se tornou International Mr Leather, em 2015), ele sempre militou pelas minorias sexuais mesmo nas regiões mais conservadoras do Canadá e dos Estados Unidos, onde viveu por um bom tempo. Patrick utilizou muito as plataformas digitais a seu favor, para estar presente em outras regiões mesmo estando longe, à época em que era Mr. Los Angeles. Ao assumir o título internacional, conseguiu visitar países que fogem dos tradicionais na comunidade leather – ele foi para a índia, para comunidades da África e até participou de fóruns humanitários e religiosos com nossa bandeira leather. Ele inclusive criou o primeiro e maior acervo digital da comunidade leather internacional, o Leatherpedia, que cada vez mais ajuda a divulgar a cultura do couro, tão em falta hoje. Assim como ele, vou além do núcleo que temos hoje. Domino as plataformas digitais e posso levar nossos modelos testados e aplicados do norte ao sul do brasil, criar células que vão se expandir em eventos até ter unido nossas pequenas comunidades que estão espalhadas e precisando de visibilidade.

 

 

3 – Como você avalia a cena leather no mundo atual e complexo que vivemos e como será a cena leather no Brasil quando chegar o momento de entregar sua faixa para o próximo?

O mundo ainda é muito preconceituoso, e temos uma longa jornada pela frente, mas vale a pena celebrar algumas vitórias. O cenário internacional tem se modificado. Estamos em um ano em que o International Mr Leather é um homem trans negro, em que temos um dog eleito na Alemanha, entre outros sopros de diversidade. Mas tem muito a ser construído ainda. Temos uma falta enorme de cultura por aqui, além de um preconceito ultrapassado que acaba pondo em xeque todo o potencial de acolhimento do Brasil.

 

 

4 – Como você avalia a posição do Brasil no cenário internacional? Que outros países têm avançado no tema que na sua opinião poderiam ser uma referência ao Brasil.

O Brasil é ainda um país pobre e preconceituoso, mas todas essas dificuldades nos faz ser mais criativos e, de certo modo, até acelerados. A comunidade leather no Brasil cresceu muito desde a primeira edição do Mr. Leather e rapidamente ganhou visibilidade internacional. E o mundo gosta do brasileiro. Seja pela simpatia ou por nosso sex appeal que é quase outro fetiche na comunidade. Temos que agarrar essa vantagem, pois acredito fortemente que o Brasil tem todo o potencial para ser um dos pólos de disseminação da cultura leather no mundo.

 

 

5 – Qual o seu principal projeto ou ação para contribuir com a Comunidade Leather?

Como Mr Leather, quero ampliar o alcance da minha influência para muito além de São Paulo. É por isso que mapeei o Brasil, nossos 26 estados, e estou em contato com leathers do país todo. Já temos eventos e ações muito consolidadas aqui, em São Paulo, e está na hora de usarmos o que aprendemos para fortalecermos a comunidade a nível Brasil. Como jornalista e profissional de marketing digital, já me envolvi em divulgações da mídia, em documentários e outros projetos. Como um mister que domina as plataformas digitais, posso levar nossos modelos testados e aplicados de norte a sul, criar células que vão se expandir em eventos até ter unido nossas pequenas comunidades que estão espalhadas e precisando de visibilidade.

 

 

6 – Como você quer ser lembrado no final do seu mandato?

Me parte o coração saber quanta gente se esconde por aí por preconceito. Me dói ver gente se afastando por não se sentir incluído. Fico triste porque muita gente ainda não sabe que pode fazer parte da comunidade mesmo sem ter uma jaqueta de couro! Como o mister leather que mais ampliou nossa comunidade, seja trazendo novos membros nas regiões em que já temos maior presença, seja incluindo no mapa leather brasileiro nossos irmãos e irmãs de outros estados do país. Ao fugir do senso comum, ao empoderar a autoconfiança das pessoas e utilizar novos meios de nos unir, posso começar um movimento que cruzará as fronteiras.

 

7 – Mande um recado para seus admiradores!

Estou muito orgulhoso de participar de um concurso tão importante de uma comunidade que amo tanto, e mais feliz ainda por ver tanta gente de fora de São Paulo mostrando as caras na rua, com a coragem que este meio precisa para crescer. No fim, quem tem que ganhar é a comunidade e qualquer brasileiro que se identifica, mas tem medo ou receio de se aproximar. Não é preciso uma faixa para fazer tudo isso, mas com ela vem o peso de uma responsabilidade que estou disposto a tomar e me comprometer para levar nossa cultura mais longe. Somos minoria e precisamos de representação, alguém com a diplomacia para transitar e dialogar em diversos grupos, LGBTs ou não. Já vou além do senso comum, e com isso quero criar um movimento que certamente abrirá mais portas na comunidade leather brasileira.

 

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