Todas as sessões com meu Mestre são extremamente prazerosas, mas esse dia teve algo de excepcional.

Nas minhas fantasias de iniciante, ainda sem noção dos seus próprios limites, o wax play seria uma das primeiras práticas que eu pensei em realizar por imaginar ser a prática mais “levinha” e “indolor”. Sim, eu cheguei a esse meio medrosa e insegura, mas o que minha cabeça ainda não tinha processado, meu corpo já sentia intercalando sensações de tesão e medo.

Ainda na empolgação da descoberta de uma nova sexualidade, sem planos ou parceiros para vivenciá-la, fiz minha encomenda de velas próprias para a prática de wax. Durante um bom tempo, elas ficaram guardadinhas no fundo do meu armário. Mais tarde, quando já estava em uma relação D/s com meu Mestre, perguntei se ele curtia essa prática e ele disse que sim. Tratei, então, de levar as velas comigo em uma das minhas primeiras idas a São Paulo e lá elas foram acomodadas na estante do Mestre, de onde passei a namorá-las todas as vezes em que eu ia para lá. Não cabia a mim decidir quando elas seriam usadas, mas eu vez ou outra comentava sobre isso com o Mestre. Porém, como diz o ditado mais famoso do BDSM, “sub morre pela boca” e minha ansiedade por uma sessão de wax precisou esperar longos 7 meses para se concretizar.

Eis que chegou o dia em que o Mestre falou: vamos, então, fazer uma sessão de wax! Fiquei feliz quando escutei, mas já não esperava grandes coisas a respeito do wax por achar que já havia experimentado sensações mais fortes, digamos assim… rs. Antes de iniciarmos a prática, o Mestre fez uma advertência de que geralmente para retirar a cera derretida do corpo utiliza-se uma faca e me questionou se eu estava bem com isso. Eu assenti que sim, mas com a seguinte ressalva em tom de brincadeira: “desde que o Senhor não me corte, tudo bem” e rimos do meu comentário.

Chegamos ao momento da sessão que agora venho dividir detalhadamente com vocês.

O Mestre havia criado a atmosfera para mergulharmos naquela experiência: a iluminação vermelha, a música no volume perfeito para criar o clima sem tirar o foco do principal, enquanto venda, algemas e cadeira me aguardavam. Ajoelhei-me e beijei seus pés como ritual de início para a sessão. De olhos fechados, senti seus dedos deslizarem pela minha nuca e sua mão me puxou pelos cabelos até que eu ficasse de pé. Sua respiração quente no meu pescoço é o que demarca a passagem do mundo real para o mundo lúdico e onde me permito entrar de cabeça no flow.

Ele me colocou na cadeira, vendou meus olhos e algemou minhas mãos. A restrição de sentidos e o desconhecido causam uma adrenalina surreal e o fear toma conta de todo meu corpo. Logo, não contenho mais o movimento das pernas que tremem numa mistura de medo e prazer.

Quando enfim a primeira gota de cera quente toca minha pele, meu corpo responde àquele susto inicial e todos os meus poros se abrem para aquela experiência. Dali em diante cada gotícula, já não mais desconhecida, se torna elemento de puro êxtase e entrega. O líquido quente passeava por todo meu corpo, desde minhas coxas trêmulas até os meus seios eriçados pelo tesão daquele momento. Havia momentos de pausa, umas menores e outras mais longas que traziam o medo do que poderia estar acontecendo e do que estava por vir, mas brincar com o fear é tão delicioso quanto assustador e os picos de medo e prazer intercalados são absolutamente inebriantes.

Porém, o melhor ainda estava por vir… uma pausa mais longa que as anteriores e sinto o medo voltar a tomar conta de mim até que uma sensação diferente me surpreende e sinto a lâmina fria pela primeira vez. Um arrepio gelado percorre todo o meu corpo se fazendo tesão. Mestre começou a tirar a cera com a faca e vez ou outra percorria meu corpo com a lâmina. A masoca, que eu ainda negava, gritava dentro de mim pedindo mais força no toque da faca, mas não cheguei a externar essa vontade. O meu tesão era tanto que a voz não saía, no máximo gemidos e respiração descompassada era o que eu conseguia deixar escapar. O clímax se deu quando a lâmina chegou ao meu clítoris e ali ficou me masturbando. Mais uma vez medo e desejo se misturaram, mas dessa vez com um elemento grandioso: a confiança.

Com essa experiência eu percebi o quanto é importante construir relações baseadas em total confiança e que eu tinha um lugar seguro para me entregar. Entendi o quanto estar despida de qualquer poder, o quanto entregar literalmente a minha vida ao meu Senhor me transporta para um lugar de felicidade, acolhimento e completude. É quando chego a esse lugar totalmente indefesa, sem possibilidade de escapar ou tomar qualquer atitude, onde nada mais depende de mim, onde não preciso performar mais nada que a sociedade, a família e a vida cotidiana exigem de mim que minha submissão sorri pra mim e eu a abraço de volta com força.

A sessão termina quando Ele me oferece um copo d’água e eu agradeço ao Mestre por me proporcionar tamanho prazer: obrigada, meu Senhor.

Com carinho,

Bela.

AUTORA

Quem nos conduz nessa jornada pelo SubMundo é Belarina.

Onde você nos encontra:

Instagram: 

https://www.instagram.com/submundoprojeto

Twitter:

 https://twitter.com/submundoprojeto

Medium: 

https://submundoprojeto.medium.com

MINHA D/S ACABOU: COMO LIDAR COM O TÉRMINO DE UMA RELAÇÃO BDSM?

ENTREVISTA COM EQUINA NUR PARA O GRUPO ALCATEIA

ESTEREÓTIPOS E OS JUÍZES DO BDSM

O DIÁRIO DE LIBERTY – PARTE II

IRMANDADE DE COLEIRA

BDSM É UM ESTILO DE VIDA?

PET PLAY: SIGA AS PEGADAS DO TESÃO

PRAZER, BELARINA: O BALÉ DA MINHA PERSONA SEXUAL

PERSONA

SUBMISSÃO MASCULINA ENQUANTO PROCESSO

EU NÃO FAÇO AMOR. EU FODO, COM FORÇA. 50 TONS DE CINZA E O BDSM

SIM, SENHORA: MEU ENCONTRO COM A DOMINAÇÃO FEMININA

MASOQUISTA? EU?

D/s

CORPOS QUE FALAM, BOCAS QUE SILENCIAM E CABEÇAS COLONIZADAS NO BDSM

O PRAZER REVELADOR DO NÃO

WAX E KNIFE PLAY

A SUBMISSA PERFEITA

DE REPENTE CORNA: COMO ME TORNEI CUCKQUEAN

SUBMISSÃO X FEMINISMO

BDSM x ABUSO

IRMÃS DE COLEIRA

MERGULHO EM MAR REVOLTO: RED FLAGS, SUBTROP E MEU INÍCIO NO BDSM

AFTERCARE E DROP

CASTELO DE AREIA: O RUIR DO BDSM ROMANTIZADO

O CAFÉ E A VADIA: O PRIMEIRO ENCONTRO BDSM

NEGOCIAÇÃO A PONTE DO IMAGINÁRIO PARA O REAL

ABRINDO A CAIXA DE PANDORA

COM A PALAVRA – BELARINA

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress