PET PLAY: SIGA AS PEGADAS DO TESÃO

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Quando iniciei minha caminhada no BDSM, há quase uma década atrás, pensava muito em como deveria me portar, ou quais práticas deveriam ser as minhas preferidas, ou mesmo aquelas que eu gostaria de dominar por excelência, pois sempre fui preocupada em fazer as coisas muito bem feitas, com a astúcia de uma Raposa.

E por falar em animais, eu fantasiava às vezes cenas na minha cabeça onde eu me vestia como um bicho para ter a experiência de um visual diferente, um comportamento oposto ao meu habitual, porque me deixava com muito tesão a ideia de não ser mais eu por alguns momentos, e de fato pertencer a alguém, não como um objeto mas sim como algo maior, que eu nem sabia significar ainda….

Mesmo pesquisando e me encantando pela teoria do Pet Play, somente libertei o animal que existia em mim, muitos anos após minhas primeiras práticas e quando encontrei um parceiro que explorou isso comigo de uma maneira muito interessante e excitante.

Este momento foi um divisor de águas no entendimento da minha libido e foi quando eu realmente me encontrei nesse universo lúdico, muitas vezes com tijolos sombrios e tortos, mas ainda assim cheios de prazeres, que fazem parte da construção do Castelo de Fetiches que há dentro das nossas mentes!

Sim, sou uma Raposa, prazer.

Muitas pessoas me perguntam ou podem se questionar “Porque escolheu uma Raposa?”, e posso garantir que essa pergunta faz muito sentido, visto que a grande maioria dos Pets são cães ou gatos, mesmo que a Fauna Pet no BDSM seja repleta de animais diferentes, como cavalos, vacas, porcos, lobos e tantos outros.

Eu escolhi ser uma raposa pois a palavra, o termo quando aplicado a seres humanos, significa gente esperta, inteligente, sagaz, eficiente, ou seja, ela adjetiva pessoas com grande capacidade de se sair bem de determinados problemas ou que encontram soluções para adversidades mais difíceis de formas inusitadas!

Ela é um dos animais mais inteligentes e perspicazes da Terra e sua característica principal ilustra uma infinidade de crônicas e fábulas nas quais é apresentada como o lado forte das histórias, mesmo sendo um animal pequeno e que poderia ser devorado pelos predadores maiores e mais ferozes da floresta.

Eu não queria ser apenas um animal obediente que assim como na música da Kelly Key obedece aos comandos “Sit, junto! Sentado e calado”, eu queria mais do que isso…

Desejava mostrar ao meu Dono que poderia ser um animal que usa de sua inteligência para caçar ou para fugir, já que eu nunca gostei de ser boazinha. Nesse mergulho ao Pet Play, também pude explorar melhor as minhas características de Brat e jogos com elementos de luta, fuga e negação começaram a fazer parte das minhas interações com meu Dono da época.

Duas orelhas, um rabo…. e uma coleira.

Quando escolhi meu animal, pesquisei muito sobre ele e me muni de muitos elementos de inspiração que passaram por personagens literários, como a raposa do Pequeno Príncipe, uma certa passagem de Maquiavel em O Príncipe, e até filmes da Disney.

Feito isso eu fui atrás de materializar esse bicho na minha pele!

Mandei fazer uma cauda imensa, felpuda e laranja, acompanhada de longas orelhas para dar vida à Raposa. Quando meu conjunto ficou pronto e eu o vesti pela primeira vez, me senti a coisa, não mulher e nem bicho, mais incrível do mundo. Olhava no espelho a movimentação do meu quadril e como aquela cauda balançava, e à medida que minhas expressões faciais mudavam, as orelhas davam um tom completamente animalesco para o meu rosto e me senti muito satisfeita com o resultado daquilo tudo que eu estava me tornando.

Eu estava pronta para jogar Pet Play e então disse para meu Dono que depois de pensar muito no assunto e construir meu animal, eu gostaria de jogar quando ele quisesse. Aquela cauda ficou olhando para mim pouco mais de 1 mês até que meu Dono pedisse que eu a colocasse.

Foi num dia meio frio e era quase junho quando eu fui a Raposa pela 1º vez.
O Dono chegou na minha casa dizendo que tinha um presente, pediu que eu abrisse sua mochila e lá dentro havia uma sacola de Pet Shop! Meu coração acelerou e eu já sabia o que significava…

Dentro da sacola tinham 2 potes vermelhos de comida para animais, uma coleira preta bem grossa com spikes e um osso de brinquedo! Ele comprou um osso porque queria me adestrar.

Realmente eu havia pesquisado muito sobre raposas domesticadas e elas podem se assemelhar demais a cães quando vivem em lares com humanos. Elas aprendem a brincar, gostam de dormir na cama com seus tutores e viram bichos muito agradáveis de se ter, apesar de não serem tão dóceis assim e serem muito desconfiadas.

Ele sempre chegava no meu ouvido e dizia “tira toda a roupa agora” e eu sabia que iríamos começar algum jogo, e daquela vez não foi diferente. Me despi e fiquei olhando para ele com o meu semblante de petulância habitual, como quem espera alguma coisa que não é muito surpreendente e ele já estava acostumado a ter que me ajoelhar diante dele pelos cabelos, porque eu nunca me dobrava por boa vontade, então assim o fez:

• Hoje você vai ser meu bichinho, safada! Quero ver você fugir, porque se ficar, vai ser meu animalzinho de estimação para sempre, nunca mais vai ser livre por aí…. Vai colocar seu Rabo e as orelhas, AGORA.

Eu fui, e quando voltei a casa estava meio escura e ele com a coleira na mão…. Só tive um momento para respirar e logo começamos uma espécie de dança em torno da mesa de centro da minha sala. Ele queria me pegar e ia conseguir mesmo que eu não deixasse as coisas tão fáceis assim.

Depois de uma luta no sofá, mordidas, grunhidos e eu começando a chorar, ele meteu a coleira no meu pescoço! Me botou de 4 no sofá, me comia com força e eu só pensava naquele plug com um rabo imenso dentro de mim. Aquela sensação de estar dominada pela força, sendo bicho, sem poder expressar com palavras o que sentia, me deixou escorrendo de tesão pelas pernas e explodi num orgasmo intenso que molhou meu rosto de lágrimas e minhas coxas de gozo.

Naquela noite nem conseguimos ter uma aulinha de adestramento e não comi nos meus potinhos pois fiquei cansada, mas senti que fui muito bem para uma primeira vez.

Depois de voltar a ser humana, a Ana novamente ressurgida do fundo da floresta dos meus fetiches, pensou no quanto é importante encontrarmos a pessoa certa para explorarmos determinadas coisas e como o tempo é essencial para deixarmos transbordar facetas nossas que há tanto poderiam estar guardadas…Nessa noite eu e meu Dono conversamos bastante sobre como foi aquela sessão e como poderíamos evoluir esse cenário nas nossas brincadeiras. Essa DS acabou, mas sou grata até hoje por ele ter feito nascer em mim uma das coisas que mais gosto no meu ser.

A Raposa demorou 6 anos para surgir, mas quando veio, tornou-se a minha maior persona dentro dos meus Jogos BDSM e é onde eu me sinto mais livre, e feliz com a minha sexualidade.

Lambeijos,
Raposa para SubMundo.

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AUTORA

Quem nos conduz nessa jornada pelo SubMundo é Belarina.

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