O PRAZER REVELADOR DO NÃO

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Antes de convidá-los a entrar no meu mundo lúdico e contar mais uma experiência do fantástico SubMundo de belarina, gostaria de frisar que a negação que relatarei aqui não foi descabida e que me foram apresentados todos os motivos daquela proibição. Chamo a atenção para isso, pois já ouvi muitos relatos de dominadores impedindo suas submissas de estarem com amigas e até em encontros familiares e aqui não se tratava desse contexto. Nunca fui proibida de estar entre amigos e familiares, porque isso nem faz parte de um acordo saudável em minha concepção. Mas no caso em questão era um evento relacionado ao BDSM, onde haveria pessoas do meio, então havia muita sensatez naquele “não”.

Já estava inserida na comunidade BDSM há algum tempo, já tinha meu Dono, nossas práticas e dinâmicas estavam bem alinhadas e eu estava me sentindo bem completa e satisfeita com nossa D/s e com a forma como escolhi vivenciar minha sexualidade. Nossos acordos prezam muito mais pelo respeito aos nossos prazeres, desejos e aos seres humanos falhos que somos do que qualquer tipo de liturgia, o que não significa que não tenhamos nossos próprios rituais ou que não haja hierarquia entre nós.

Eis que o inusitado me aconteceu…

Meu Mestre é um grande incentivador dos meus desejos, das minhas descobertas e está sempre me encorajando a estar no meio, participar, estudar ou qualquer outra demanda que eu apresente a Ele.

No entanto, nesse dia, Ele disse NÃO!

Fui convidada por uma amiga a passar um final de semana com ela e ir a um evento em uma casa fetichista em que eu ainda não havia estado. E, como de costume, fui dividir isso com meu Senhor e, após eu relatar sobre o convite, recebi um áudio Dele com a seguinte resposta: “Não, você não vai!”

Imediatamente após ouvir suas palavras, senti o movimento involuntário dos meus músculos faciais e me peguei sorrindo. Sim! Eu estava sorrindo! Quem fica feliz depois de ouvir um “não”? Na hora eu não racionalizei o que estava acontecendo, mas fui acometida por uma instantânea felicidade. Eu estava na rua, entre buzinas e faróis, e, de repente, tudo ficou em câmera lenta. Lembro de puxar o ar como se inspirasse suas palavras pra dentro de mim e na hora em que expirei era como se um processo químico as tivesse transformado em satisfação e contentamento.

Não era a proibição o objeto da minha alegria, era a carga significativa daquela atitude. O meu prazer naquela negação era a representação da minha submissão. A sensação era de que eu havia sido inundada pelo sentimento de pertencimento. Eu era Dele, eu era Sua posse e era esse o grande significado daquele NÃO naquele momento.

Claro que eu já me sentia posse há muito tempo e me regozijava cada vez que ouvia “bom dia, MINHA vadia”. E está longe de ser o “vadia” que mexe comigo, mas sim o pronome possessivo que o antecede. Porém, naquele dia não foi apenas eu me sentindo posse, como das outras muitas vezes, mas foi como meu Dono tomou posse do que era Dele, o tom assertivo de suas palavras e a altivez do seu discurso.

Ali, descobri mais uma faceta que alimenta a minha submissão e vai me preenchendo até que ela transborde em mim e eu tome consciência desses elementos que compõem a minha persona submissa. Aquela negação, que eu sabia não se tratar de nada arbitrário, me mostrou onde reside o meu prazer no jogo de poder e eu não canso de me surpreender com novas sensações e percepções que esse universo pode proporcionar.

Com carinho,
Bela.

AUTORA

Quem nos conduz nessa jornada pelo SubMundo é Belarina.

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