Seguindo com nosso compromisso de ser um espaço de escuta e também de voz para quem vive a submissão no SubMundo, hoje quem vem conversar um cadinho conosco é a sa_de_Quíron, com quem tenho a honra de ter chegado junto a esse mundinho.
Então, com a palavra sa_de_Quíron:
“Olá, meninos e meninas que gostam de gozaaar… rs
Estive pensando bastante esta semana sobre a submissão e resolvi trazer umas reflexões para vocês neste espacinho que o SubMundo me concedeu. E para entrar comigo nessa eu convido vocês a iniciar o texto respondendo duas perguntas para si mesmo: “Existe submissa perfeita? O que é a perfeição na submissão?”
Eu, particularmente, sempre achei perigoso esse caminho da perfeição. Levando em consideração o fato de sermos seres humanos, eu acredito seriamente que ninguém alcançará a perfeição neste plano em nada que se faça, pois estamos aqui para aprender e evoluir.
Hoje, a nossa comunidade se une, na maior parte do tempo, no espaço virtual, muito por conta do cenário pandêmico que estamos vivendo. No virtual mundo das fadas e dos príncipes encantados, onde tudo é perfeito, a “submissa perfeita” pode até existir, mas por trás de fotos, textos e relatos é que a coisa acontece, é onde se situa a vida real, e é onde eu posso afirmar com conhecimento de causa que não existe perfeição. Ou seja, isso é uma utopia que funciona muito bem no nosso imaginário, nas nossas fantasias, mas lembrem-se de que no imaginário não há o outro contando a história dele, há apenas a sua versão bonita e idealizada.
Eu posso falar pra vocês um pouco sobre a minha submissão, pois eu vivo hoje uma 24/7 dentro de uma PPE. Não entendeu? A tia sa te explica! rs… Eu estou disponível 24 horas por dia para o meu TOP, dentro das esferas de poder que entreguei para ele (PPE – Partial Power Exchange – Troca Parcial de Poder). Logo, eu acordei com Ele algumas áreas da minha vida em que eu cedo meu poder decisório para Ele.
Ontem, dia 06 de agosto, fizemos 1 ano de D/s, 1 ano que decidi me entregar para o Dono e viver a submissão que foi algo que descobri que me dava prazer. Quando cheguei no BDSM, me deparei com tantos textos sobre a tal submissão perfeita e, com toda sinceridade do mundo, eu admito que ela me deixava com os olhos brilhando. Eu queria muito viver aquilo daquela forma, queria muito ser essa tal submissa perfeita para o TOP que eu fosse me entregar.
Participei de grupos de whats onde debatíamos diversos assuntos e naqueles debates me parecia que tudo isso era realmente um estilo de vida possível e, então, mergulhei de cabeça, sem pensar nas consequências, afinal, eu queria muito experimentar minha submissão recém-descoberta.
Alguns meses se passaram e aqui não cabe relatar esse processo inteiro, mas foi um período de muito estudo para compreender o universo do qual eu agora era parte, até que chegou o meu momento de servir. Conheci o Dono, nos conectamos de uma forma muito bonita e percebemos que tínhamos muita compatibilidade. Todo este processo inicial é muito gostoso, empolgante e visceral. Momento de descobertas, de autoconhecimento, enfim momentos deliciosos!
Deixei meu IG baunilha de lado e só queria ficar no BDSM. Mas com o tempo, as outras personas começam a te cobrar e você começa a perceber que precisa dar conta de outras coisas também, que o jogo não paga suas contas, o jogo não cuida do seu filho, o jogo não cuida da sua saúde física e que se sua saúde mental não estiver em dia o jogo ainda ferra com sua vida. rs…
Fui atrás de um terapeuta para que eu pudesse me sentir à vontade para falar sobre minha sexualidade sem ser julgada. Consegui um maravilhoso que me acompanha neste processo de autoconhecimento da minha persona.
Fomos ensinados que fazer “sexo” é pecado, crescemos ouvindo que sexo só pode dentro do casamento, então precisamos entender que aceitar e vivenciar nossa persona fetichista não é facil, não é um mar de rosas e em muitos momentos vamos entrar em conflitos, e quando estes conflitos vierem, se você tiver um acompanhamento psicológico, você conseguirá lidar com tudo da melhor forma possível.
Hoje, após 12 meses de D/s, tenho mais os pés no chão, já não busco aquela tal perfeição e aceito e aproveito a minha submissão com todos os desafios que ela me coloca. Eu e o Dono somos duas pessoas normais, por mais compatibilidade que tenhamos, somos seres humanos com criações diferentes, com algumas divergência de opiniões e às vezes isso se reflete também no nosso jogo. Confesso que ainda erro em coisas básicas da minha submissão, mas aceito meus erros e busco sempre aprender com eles.
Preciso falar também sobre o peso e a cobrança que sinto devido à minha exposição. Hoje, como a maioria de vocês sabem, estou à frente de projetos que ajudam muito a comunidade, principalmente iniciantes, é um trabalho que faço com amor e dedicação para que outras pessoas vivam o BDSM de forma saudável.
Estes projetos trouxeram um destaque, que confesso que nunca almejei. Amo ajudar, amo saber que os projetos têm ajudado muitas pessoas, amo o carinho que vocês têm pelo meu trabalho, mas existe uma parte que não consigo amar, que é a cobrança em cima da minha submissão e até da minha D/s.
Como já disse acima, estou longe de ser a submissa perfeita, erro bastante e hoje sinto que as pessoas idealizam essa submissa perfeita em mim. Neste momento gostaria de desabafar com vocês…
Ouvir de muitos que minha submissão é perfeita em alguns momentos me fez pensar que estava sendo uma fraude, mas com o tempo eu refleti e cheguei a conclusão de que sou responsável apenas pelo que falo/escrevo e não pelo que as pessoas idealizam em mim.
Dono é um Dominador muito criativo e não posso deixar de dar os créditos a ele de todas as sessões que ele conduz com maestria, somos amantes da arte, somos pessoas que amam belas fotos e temos um gosto ímpar! Então, quando posto fotos e relatos de nossas sessões eu estou falando da sessão em si, mas o que vocês veem ou leem ali não é um terço do que eu vivo na minha submissão. Não posto quando estamos mal, não posto quando errei, não posto quando sinto ciúmes, não posto quando ele errou, porque sim, Dominadores também erram! Assim, o que posto nas redes são os momentos de felicidades, os momentos que vivo as delícias da submissão.
Então, gostaria de fazer um apelo a vocês, subs, gostaria que refletissem bastante sobre a responsabilidade de pensar que existe a submissão perfeita, pois ela não passa de fantasia utópica. A tal “sub de alma” não é de carne, osso e coração! E ao pensar nessa perfeição, vocês estão caminhando para um lugar perigoso, um lugar onde vocês vão se cobrar infinitamente, onde vocês podem querer se anular e o saldo disso pode não ser nada positivo.
E, hoje, eu não acredito que um dia serei aquela submissa perfeita que eu lia nos textos quando cheguei por aqui… sabe pq não serei? Porque aquela submissa anularia quem eu sou, todas as minhas lutas, todos os meus calos e tudo que conquistei. Aquela submissa perfeita não enfrentou todas as dificuldades da vida, ela não tem cobranças, ela não tem desafios, ela vive exclusivamente para servir. A minha submissão, ao contrário, traz marcas invisíveis que a vida me deixou, marcas que me ajudaram a ser a submissa que sou.”
SubMundo por sa_de_Quíron.
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Quem nos conduz nessa jornada pelo SubMundo é Belarina.
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