Eu sou sádico. Isso significa que gosto de infligir dor. Para muitos que estão no BDSM, pode parecer algo normal, afinal vários Tops se identificam e se reconhecem sádicos. Mas o que é ser sádico? Vamos pensar um pouco nisso, pela perspectiva do Top, neste caso, pela minha perspectiva.

Quando eu digo que sou sádico, eu estou assumindo que gosto de causar dor em outra pessoa. Estou assumindo que gosto de bater em outra pessoa ao ponto de deixá-la marcada e com vários roxos. Estou assumindo que tenho prazer em ferir alguém.

Talvez o que ninguém parou para pensar e se perguntar é o que isso causa na mente do sádico. Como o sádico lida com esta questão? Como ele se protege no sentido de não surtar com essa ideia? Como ele lida com a questão de não se considerar um agressor, um abusador, um psicopata?

O que eu posso dizer é que não é tão simples quanto parece. Entender que meu prazer está no sofrimento do outro, aceitar que o que me move é causar um certo dano no corpo de outra pessoa, é um processo contínuo. O meu estado emocional, psicológico e até mesmo físico passam por muitas mudanças, desde o momento em que eu sei que farei uma sessão até a execução e conclusão da mesma.

No físico, a descarga de adrenalina que eu recebo é absurda. Eu me sinto como se tivesse corrido duas maratonas. Eu realmente fico exausto após uma sessão.

No emocional, eu tenho um misto de tesão, desejo e ansiedade.

No psicológico, eu sempre me pergunto: O que eu sou? Um agressor, um abusador ou apenas alguém que têm um desejo e um prazer enorme na dor?

Quando eu digo que para qualquer prática é necessário muito diálogo, eu não me refiro apenas ao bottom. O Top também precisa estar bem com isso, precisa estar muito bem resolvido nestas questões, porque é muito fácil um Top entrar em drop por conta de um spanking. Sim, Tops também entram em drop, Tops também ficam “na bad”, Tops também precisam de aftercare após uma sessão.

Para mim, quem diz o contrário não tem o mínimo de preocupação e responsabilidade consigo e com o próximo. Achar que Top é um ser supremo, imune às reações humanas, é ser extremamente irresponsável. Eu tenho medo de pessoas que pensam dessa forma.

No meu caso, eu estou o tempo todo me avaliando, analisando cada detalhe, cada desejo, cada impulso. E nem sempre em um primeiro momento eu estou bem com esta ou aquela prática. Vou dar um exemplo:

Lá em 2012/2013 eu e minha posse (da época) decidimos que queríamos fazer um spanking com arame farpado. Sim, arame farpado. Minha primeira reação foi “Não, acho que eu não consigo e não tenho estrutura emocional para te machucar tanto assim”.

Confesso que eu quase pirei (no sentido ruim) com essa ideia, mas como era algo novo, algo que até então ninguém havia feito aqui no Brasil, fui trabalhando isso em mim durante um tempo. Depois de um longo período de reflexão, entendimento e principalmente aceitação, conversamos novamente e começamos a acompanhar alguns grupos de discussão, conversar com vários praticantes reais via chat e fomos nos aprofundando no assunto. Pesquisamos sobre os perigos, sobre a assepsia, sobre os cuidados no manuseio, sobre como montar um flogger e sobre como executar a prática.

Mas o mais importante é que ambos conversamos MUITO sobre o assunto. Por mais que estivéssemos eufóricos com a ideia, nosso psicológico ainda não estava 100%. E sabem por que? Porque fazer um spanking com arame farpado não é a mesma coisa que fazer um spanking com chicote, tala ou palmatória de madeira. O farpado fura a pele, literalmente. E se você não souber aplicar os golpes, você pode rasgar muito a pele e o dano físico será enorme. Além disso o contato do arame na pele por um período mais longo pode causar algumas reações, como por exemplo, baixar a pressão.

Eu trabalhei muito o meu psicológico para entender e aceitar isso, para lidar com o fato que eu agrediria outra pessoa de uma forma mais violenta, causando uma dor muito mais forte e intensa.

Por fim, depois de 6 meses de muita conversa, estudo, reflexão e preparação, fizemos nossa primeira cena com farpado. O aftercare? Mais conversa, mais diálogo, mais reflexão, mais aceitação. Aceitação de que é possível ter algo assim tão intenso e não pirar, de não me entender como um agressor, de me aceitar e entender que o que eu sinto é prazer e que sou responsável ao ponto de ter uma vida em minhas mãos e não fazer besteira.

O meu estado psicológico precisa estar muito bem para eu pensar em realizar uma prática. Pode ser um simples wax play. Se eu não estiver bem, se eu não entender que ali na minha frente está um ser humano como eu, se eu não tiver empatia e responsabilidade pelo bottom, eu não faço uma sessão.

Eu preciso estar seguro e sereno comigo mesmo antes de passar qualquer confiança e segurança para o bottom.

AUTOR

SENHOR ASGARD

Sádico e Dominador.

A palavra que melhor me define é sem dúvida “Intensidade”.

Entre minhas paixões destacam-se a fotografia, música, literatura, cinema e tecnologia.
Sou criativo e bem-humorado, sem deixar de ser firme em minhas convicções.

Sou alguém que apesar de abraçar certos padrões, não me limito por eles, sempre consciente de que acima de qualquer rótulo está o ser.
Minhas decisões e atos são guiados por minha lógica clara e direta, porém há sempre espaço para surpreendentes improvisações.

Observador e Detalhista.
Para mim, tudo importa. E muito pouco (ou nada) passará despercebido.

Como Dominador, espero de minha submissa inteligência e proatividade.
Sou exigente e ambicioso. Jamais me contentaria com atitudes de passividade e estagnação.

Como Sádico, desejo dar sempre um passo a mais.
Sou responsável, porém audacioso. Assisto ao sofrimento com prazer. Quando esse meu lado encontra quem realmente o satisfaça, os limites são superados e o prazer ganha uma nova dimensão.

Como pessoa, sou gentil e atencioso.
Me importo pouco com as impressões alheias. Vivo a meu modo, sem máscaras, sem excessiva diplomacia. Deixo claro minhas discordâncias e desafetos. Falo com o olhar. Sou honesto comigo mesmo.

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