São tantas as opiniões baseadas em experiências pessoais e crenças irracionais acerca da sexualidade espalhadas na internet, muitas vezes em tweets com menos de 140 caracteres, que todo tipo de preconceito e ignorância alimentados durante séculos por uma cultura que teve/tem como base a doutrinação religiosa, encontraram o lugar perfeito para se retroalimentar, ganhar espaço e alcançar pessoas por meio de desinformação.
Óbvio que é importante e maravilhoso termos a possibilidade de falar sobre nossas experiências sexuais abertamente, mas o problema geralmente é despertado porque as pessoas começam a se comparar umas com as outras, criando afirmações sem nenhum tipo de embasamento, interpretando o sexo de maneira equivocada, ignorando as particularidades de vida de cada um e esquecendo o quão singular é a maneira de cada pessoa sentir prazer.
O sexo é, por si só, de uma humanidade imensa, porque poucas coisas são mais humanas do que a sexualidade. A experiência do contato físico entre os corpos poderia ser aproveitada por cada pessoa que a desejasse se não fossem todos os preconceitos e medos baseados em crenças que surgem de pensamentos tais como os que consideram a heterossexualidade como princípio natural da vida e a homossexualidade como sujeira, promiscuidade, descontrole e algo desumanizado.
Não é sobre eu achar ou não certo se o cara que eu sigo no instagram vive um relacionamento aberto com o namorado. Nem é sobre o que eu penso do cara que curte levar leitada de vários homens no fim de semana e postar os vídeos no twitter. Também não me interessa o casal de padrão monogâmico que vive postando as viagens ‘românticas’ deles no facebook.
Vivências diferentes, todas particulares, todas válidas! Nenhuma melhor ou pior que a outra.
E ainda tem todas as exigências dos aplicativos de relacionamento sob o que o outro deve ou não ser. Ninguém pode exigir de mim nada, nem posso exigir nada de ninguém. Se você tem expectativas sobre como o outro deve ser, lembre-se que as expectativas são suas e não dele e vice-versa! Se fulano deseja um cara com atributos físicos de determinada forma e isso acaba virando pré-requisito pra ele, mesmo que eu perceba isso como um equívoco, só me resta: 1- dar murro em ponta de faca e sentir a rejeição dele várias vezes ou 2- desejar boa sorte e buscar o que realmente pode ser satisfatório pra mim.
AUTOR
RIGLE GUIMARÃES
Psicólogo e Terapeuta Sexual com foco no público LGBT+ e abordagem de comportamentos sexuais variados.
Instagram: @psicorigle com conteúdo voltados a questões que vão da saúde mental à sexualidade.
Uma resposta
Eu acredito que não há nada mais particular e diverso do que a sexualidade de cada um. A forma como cada um sente os estímulos, o que nos excita, e aquilo que nos corta o tesão é muito singular. Mesmo quando alguém sente prazer com as mesmas práticas, a experiência de cada um não é a mesma. Por isso, como bem explicado no texto, todas as experiências são válidas, mesmo que não nos identifiquemos com estas. Se não julgarmos os outros já estamos na metade do caminho…