SIM, SENHORA: MEU ENCONTRO COM A DOMINAÇÃO FEMININA

Ao adentrar o SubMundo dos prazeres é fundamental que você entenda que por aqui buscamos vivenciar nossa sexualidade em um espaço que preza mais pelas sensações do que pelos estereótipos. É bem verdade que não é sempre que temos sucesso porque não chegamos nesse universo como uma tela em branco, ao contrário, trazemos bagagens, trazemos experiências construídas a partir de uma cultura normatizante. Porém, fazemos um esforço para desconstruir todos os padrões que por tanto tempo nos foram impostos.

Pensando nisso, o SubMundo quer mostrar para você, queride leitor, todas as possibilidades maravilhosas e interessantes de construir dinâmicas e relações para que você possa enxergar outras cores e outras paisagens além das que o mundo baunilha te apresentou.

Então, hoje o SubMundo traz um relato emocionante da querida senhorita g sobre a primeira vez em que ela se submeteu a uma dominadora e a importância dessa experiência que confrontou suas crenças sobre o feminismo e sobre si mesma.

Com a palavra, senhorita g…

“Eu estava quieta no meu canto e despenca no meu colo um convite.

“G, topa escrever pro Submundo?”

Festeira que sou, eu corri pra vir colocar o meu tijolinho nesse projeto tão legal da querida belarina. Então abram suas cervejas que vamos mergulhar na minha primeira experiência com uma Domme e em como ela ajudou a moldar a g que eu sou hoje.

Um certo dia, lá estava eu, a masoquista feminista que por um bom tempo se questionou por “gostar de apanhar de homem”, conversando com um parceiro Top sobre minha admiração pela dominação feminina, quando ele me questionou se eu já tinha pensado em jogar com uma Domme.

Eu não sei dizer porque a ideia nunca tinha me passado pela cabeça, mas aconteceu que a partir daquela conversa ela não saiu mais de lá. Eu já tinha ficado com mulheres no baunilha, mas aquilo tinha um peso diferente.

Tanto a ideia sambou na minha cabeça que eu fui atrás do tal Top pra dizer que ele tinha me deixado com vontade e agora ele tinha que se virar pra me ajudar a resolver a questão (impertinente, me julguem…).

Conversamos e ele me disse que tinha uma amiga SW e que poderíamos combinar uma sessão a três, configuração que até hoje me balança as pernocas.

Grupinho de WhatsApp criado, conversamos o básico e marcamos um papo ao vivo. Com meia hora de papo já deu aquele fogo de ir pra algum lugar.

Pensa numa pessoa FRITANDO de excitação… era eu aquele dia. Eu não conseguia parar quieta. Só que no momento que eu entrei no carro com eles me bateu a consciência do que eu estava indo fazer. Não só era minha primeira vez com uma Domme, como eram dois Tops no comando e só euzinha pra servir.

Meu amigo tinha dito que apenas assistiria, como o bom voyeur que ele era, mesmo assim eu precisava achar meu centro como submissa.

Chegamos no motel e eu ainda buscando meu registro interno. Foi com a primeira ordem que as coisas começaram a assentar dentro de mim.

– Fique no carro e aguarde a gente te chamar.

– Sim Senhora.

Eu fiquei ali olhando eles subirem e digerindo que tinha dito meu primeiro “sim Senhora”. Aquilo era grande.

Eu nunca tinha tido aquela sensação com “sim Senhor”, porque eu comecei a praticar muito antes de entender o que eu estava fazendo, teve muito “sim Senhor” dito da boca pra fora.

Aquele momento foi diferente, tinha consciência, tinha compreensão, tinha contexto. E contexto pra mim é a chave da brincadeira. Quando o Dom desceu pra me chamar eu já tinha entrado no jogo.

– Deixe seus sapatos aqui, salto alto só ela que usa.

– Sim Senhor.

Antes de abrir a porta do quarto ele ordenou que eu tirasse a roupa e me vendou. Foi no escuro e totalmente vulnerável que eu entrei para a sessão que mudaria meu jeito de me entender no BDSM para sempre.

Ajoelhei onde ele mandou e esperei os minutos que duraram uma vida.

Mãos suaves removeram minha venda com as unhas arranhando de leve as maçãs do rosto.

– Menina, olhe pra mim.

Na minha frente tinha quase um metro e noventa de mulher, era perna que não acabava mais com as meias arrastão delineando os contornos. Eu com meu 1,59m ajoelhados enchi a boca de água ao ver o volume dos seios no decote do espartilho. O rosto moreno emoldurado por uma cascata de cachos negros trazia o sorriso sádico e um leve desdém no olhar que me fizeram borbulhar.

Ela trazia nas mãos uma coleira. Acreditem, mesmo para uma avulseira de carteirinha, a coleira na sessão tem peso. Aquela coleira tinha um sabor especial, senti-la fechar no pescoço e olhar a mão feminina segurando a guia pela primeira vez é uma cena que dificilmente eu vou esquecer.

Certamente eu não vou esquecer o primeiro tapa estalado no rosto, o primeiro “cadela” e a intensidade das emoções que me invadiu. Beijei os pés nas sandálias de salto alto com os olhos cheios de lágrimas.

Anos de questionamentos e de luta interna do feminismo contra o masoquismo escoaram pelo ralo naquele momento com uma Mulher na posição Dominante.

O spanking naquela sessão nem de longe foi o mais intenso que eu já recebi na vida, mas foi a única vez que eu chorei soluçando do começo ao fim. Um choro catártico de alívio e de auto aceitação, finalmente se rompeu o elo incômodo que insistia em vincular dentro de mim o masoquismo com a condição feminina.

A cada golpe eu deixava para trás a “mulher que gosta de apanhar de homem” e consolidava a “pessoa que gosta de apanhar de pessoas”.

Pode parecer apenas semântica, mas foi o passo mais significativo que eu dei no meu caminho de auto conhecimento dentro do BDSM. Se eu sou a g que eu sou hoje, em grande parte é pelo impacto daquela sessão.”

SubMundo por senhorita g.

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@senhoritagescritora

 

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