A grande maioria das pessoas que desconhecem o lugar de onde parte a construção do BDSM acaba confundindo o que fazemos no SubMundo com abuso. Porém, para nós que já estamos inseridos nessa cultura, há uma diferença enorme entre esses dois universos. O BDSM inclui jogos e práticas que um leigo pode olhar com certa desconfiança, mas cabe a nós enquanto comunidade mostrar que não é exatamente como o senso comum imagina que é.

Claro que toda regra tem exceções e, assim como em todos os setores da sociedade, o BDSM não está imune a ter praticantes mal intencionados, relacionamentos tóxicos, abusos de natureza física e/ou mental, mas o que queremos frisar aqui é que nossas práticas, quando norteadas pelos princípios éticos, nem de longe são sinônimos de abusos.

As dinâmicas realizadas no SubMundo devem ser sempre consensuais, devidamente negociadas e acordadas entre todos os praticantes. SEMPRE devem incluir uma safeword (entenda safeword como qualquer sinal, seja verbal ou não verbal, previamente combinado para interromper a prática, diminuir a intensidade de um jogo ou alternar entre dinâmicas dentro de uma sessão), assim como devem incluir o aftercare (aquele conjunto de cuidados mútuos para que os praticantes abandonem o jogo lúdico de que tratamos aqui).

Entenda, no entanto, que nenhuma atividade humana, seja ela uma prática de BDSM ou o simples ato de comer pipoca está livre de riscos (Sim! Você pode quebrar um dente em ambas as atividades!). Por isso, é tão importante que tenhamos pleno conhecimento daquilo que nos propomos a fazer para que possamos antever possíveis danos e estar preparados para lidar com eles.

Logo, como humanos que somos, também somos passíveis de erros, e é aqui que cabe maior atenção para discernir o que pode ser um possível dano que ocorreu devido aos riscos que juntos concordamos em assumir, ou se os limites foram ultrapassados e estamos diante de fato de um abuso.

O Mestre Jay Wiseman em seu livro SM101 – A Realistic Introduction tem um capítulo dedicado à distinção entre BDSM e abuso. Há um trecho em que ele lista essas diferenças, o qual julgamos extremamente importante e necessário de ser traduzido e compartilhado aqui no SubMundo.

Então, com a palavra Jay Wiseman…

“1. O jogo SM é sempre consensual. Abuso, não.

2. Os jogadores SM planejam suas atividades para minimizar os riscos ao bem-estar físico e emocional uns dos outros. Os abusadores, não.

3. O jogo SM é negociado e acordado com antecedência. Abuso, não.

4. O jogo SM pode melhorar o relacionamento entre os jogadores. O abuso não pode.

5. O jogo SM pode ser feito na presença de outras pessoas que o apoiem – até mesmo em festas organizadas para este propósito. O abuso precisa de isolamento e sigilo.

6. O jogo SM tem regras responsáveis e acordadas. Abuso carece de tais regras.

7. O jogo SM pode ser solicitado, e até mesmo desejado, pela parte submissa. Ninguém pede abertamente por um abuso – embora pessoas autodestrutivas possam às vezes tentar provocá-lo.

8. SM é feito para o prazer erótico consensual e/ou para o crescimento pessoal de ambos ou de todos os participantes. Abuso, não.

9. O jogo SM pode ser interrompido em um instante, a qualquer momento e por qualquer motivo quando a parte submissa usar uma palavra de segurança. A vítima não pode impedir o agressor dessa forma.

10. No jogo SM, a parte dominante sempre mantém suas emoções sob controle. As emoções de um agressor estão fora de controle.

11. Depois de jogar SM, a parte submissa muitas vezes se sente grata à parte dominante. A vítima nunca se sente grata pelo abuso.

12. Os jogadores SM não sentem que têm o direito intrínseco, em virtude de seu gênero, renda ou outros fatores externos, de controlar o comportamento de seus parceiros. Os abusadores costumam se sentir assim.”

Portanto, é preciso que estejamos sempre atentos a possíveis sinais de alerta. Se algo soou estranho para você, não ignore! Prossiga com sua negociação ou relacionamento com cautela, sempre atento aos limites do que pode estar ultrapassando a fronteira entre um jogo saudável que é desejado consensualmente e comportamentos que ferem as bases éticas do SubMundo.

Com carinho,
Bela.

AUTORA

Quem nos conduz nessa jornada pelo SubMundo é Belarina.

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