COM A PALAVRA – MISTRESS MAHARA

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Apresento-lhe uma das Mulheres que faz parte do time de homenageadas deste ano do Dia da Mulher 2021.

E com a palavra, MISTRESS MAHARA

Quem é você mulher? Defina-se!

Eu sou a Mistress Mahara, tenho 25 anos, e antes de me posicionar como Dominadora do universo BDSM eu sou mãe, empreendedora, levo meus valores para todos os âmbitos da minha vida, sou muito leal, obstinada e ambiciosa também (risos). Mas acredito que definir-se, é limitar-se. Então acredito que estes, são apenas pontos mais fortes dentro de tudo que eu sou, e posso ser também.

Você acredita que as mulheres se dão bem com seus fetiches? E você? Se dá bem com os seus?

Acredito que nem todas as mulheres lidam bem com seus fetiches, bem como muitos homens também não lidam bem com o assunto. Mas falando especificadamente sobre mulheres, todas nós crescemos com uma culpa, vergonha ou receio enorme de lidar com a nossa sexualidade. E apesar de todos nós na condição de seres humanos, termos um potencial enorme de expandir nossas percepções de prazer, são os tabus que acabam travando de certa forma, toda a iniciativa e vivência com o próprio corpo. Por isso é muito importante o fácil acesso a informação, e a clareza na hora de quebrar tabus, pensando em outras pessoas que estão iniciando a sua jornada de auto conhecimento.
Quanto a mim, particularmente, sempre tive uma educação muito pontual com relação ao meu corpo. Então quando cresci, e passei a explorar minha sexualidade, não tive problemas com isso. E é essa mesma oportunidade que desejo transmitir para outras mulheres. A oportunidade de viver bem consigo mesma.

Qual seu maior fetiche ou desejo?

Meu maior fetiche são botas (hahah), depois vem submeter pessoas que exercem posições de poder na sociedade, e depois tenho alguns fetiches que seguem numa sequência de preferências que não abro mão de vivenciar.
Meu maior desejo ainda é relacionado ao BDSM e fetichismo, mas neste caso, refiro-me a algo que faz parte dos meus valores e desejo pessoal. Então meu maior desejo/sonho relacionado a este assunto, é quebrar tabus e rótulos em um nível de bastante alcance nacional, e poder contribuir para promover um BDSM mais seguro, e acessível. Sem a idéia de um submundo, mas com o ideal de um estilo de vida saudável.

Até onde você iria para viver de forma saudável a sua liberdade de expressão sexual?

A minha liberdade de expressão sexual, é a liberdade de expressão de outras pessoas também.
Já faz alguns anos que exponho meu rosto, minhas opiniões, e defendo a sexualidade publicamente para uma sociedade com tabus. E farei o que for necessário para fazer a diferença na sociedade, e principalmente na vida das pessoas através da educação e conhecimento.

Simone de Beauvoir disse que não se nasce mulher, mas sim que a pessoa se torna mulher. O que isso fala sobre você?

Isso fala que o “ser mulher”, é muito mais do que uma condição biológica, mas sim, a construção do que é enfrentar as lutas, desejos, e necessidades de uma parte da sociedade bastante grande, importante, e que enfrenta desafios diários apenas para ser quem é de verdade.

Brené Brown disse que “é preciso coragem para ser imperfeita. Aceitar e abraçar as nossas fraquezas e amá-las. E deixar de lado a imagem da pessoa que devia ser, para aceitar a pessoa que realmente sou.”
Como foi para você essa jornada de descoberta?

Cada mulher enfrenta um desafio muito específico de acordo com a sua realidade.
No meu caso, como uma mulher que sempre teve ligação com a moda, e principalmente por ser auto crítica demais, logo na adolescência enfrentei problemas com o corpo, com o desejo de afirmar minhas inseguranças, e vários outros pontos que assim como eu, muitas mulheres também enfrentam na construção da sua própria persona.
O BDSM me trouxe um olhar mais atento para meus valores, que consequentemente fez com que eu me posicionasse melhor, me sentisse mais segura, mais bonita, e passasse a explorar todo o meu potencial como mulher em todos os sentidos, não apenas o sexual. Então foi uma jornada de auto conhecimento e valorização, que só o lifestyle BDSM poderia me proporcionar.

PARA AS BDSMer,,, continua…

1) o que é ser mulher BDSMer pra você?

Ser uma mulher BDSMer, é ter autonomia sobre os próprios prazeres, e exercer diariamente o auto amor, auto conhecimento, e auto cuidado também. Independentemente de uma posição nessa esfera. Seja ela Dominante, submissa, switcher, masoquista, ou qualquer outra posição também.

2) você acha que a mulher tem um _papel social_ a cumprir dentro do BDSM?

Acredito que o papel de todas as mulheres que seguem a jornada de auto conhecimento, prazeres, perrengues e perigos, deve ser o papel de repassar suas vivências e emoções para outras mulheres, afim de contribuir não só para a segurança, como também para um estilo de vida mais saudável em todos os aspectos para todas as nossas colegas de jornada. Nosso papel social, fala muito mais do que apenas explorarmos o nosso melhor, mas fala de estendermos as nossas mãos para todas as outras mulheres que precisam de ajuda, desde um assunto mais simples como expressão, até a promoção de segurança e saúde para todas.

3) você acredita que exista desigualdade de gênero no BDSM?

Talvez em alguns pontos.
Os BDSMers em si, na maioria das vezes respeitam muito um ao outro. Mas vejo que dominadoras mulheres e dominadores homens, são vistos de formas muito diferentes pela sociedade baunilha.

4) você acha que existe sororidade no BDSM?

Existe até certo ponto. O ponto em que trata de pessoas egocêntricas, que usam o BDSM como uma espécie de “muleta”, apenas para afirmar suas inseguranças e justificar seus abusos. Porém os praticantes do BDSM saudáveis, se importam sim com as causas do meio. Um bom exemplo disso, são os praticantes engajados em transmitir conhecimentos, até para pessoas que não conhecem.

5) você acredita que existam _mulheres Red Flags_?

Em qualquer âmbito da vida existem homens e mulheres com traços abusivos, e bastante tóxicos. Seja no meio baunilha ou BDSM, tudo é uma questão de caráter, que vai muito além de gênero.

6) você consome conteúdo fetichista *criado e divulgado* por mulheres?

Sim! Ainda são poucas, mas sim!

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