– Quem é o Senhor?

– Eu? Eu posso ser seu pior pesadelo. Ou seu melhor sonho. Dependerá apenas de você!

Ao dizer isso, pude ver claramente em seus olhos um misto enorme de sentimentos, medos e anseios.

Aquela mulher à minha frente estava perdida e confusa. Eu sabia que, ao mesmo tempo em que ela precisava do medo, ela gritava por cuidado. E eu poderia ser o que eu quisesse, o sonho, o pesadelo ou os dois. Tudo era uma questão de oportunidade.

Com um simples olhar, aquela bela mulher ficou de joelhos e se colocou à minha disposição. Eu contemplei por um longo tempo aquele corpo, aquela pele clara e macia, aqueles cabelos compridos, aquele sexo quente e molhado. Esquadrinhei cada detalhe, novamente, pois eu a conhecia muito bem, em todos os sentidos.

Me aproximei e ela beijou meus pés. Um beijo doce, suave, mas, ao mesmo tempo, carregado de sentimento e intensidade. Em seguida voltou à posição anterior e me olhou, ou, pelo menos, tentou me olhar. Eu estendi minha mão e ela, segurando-a, levantou e ficou na minha frente. Eu a abracei, a beijei e a conduzi para o “X”.

Naquele instante eu a tinha por completo. Eu faria dela e com ela, o que eu quisesse e como eu quisesse. Eu tinha aquela vida à minha mercê. E como bom sádico que sou eu não desperdiçaria isso.

– Você já sabe quem eu serei hoje, kalana?

– Não, Senhor. Ela respondeu

Sua voz estava trêmula. Sim, ela estava com medo, com dúvida, com um monte de perguntas sem resposta. E eu estava adorando isso. Estava realmente me divertindo com toda a sua fragilidade. E a noite estava apenas começando. Ela sequer imaginava o que estava por vir.

Fui ao seu encontro. Prendi seus pulsos às correntes do “X”. Passei minha mão por todo o seu corpo. Apertei os bicos dos seios, fazendo-a ficar nas pontas dos pés. Eu sabia o quanto aquela região era sensível ao toque. E ela estando com as mãos presas, isto seria uma tortura como poucas. Brinquei um pouco, ora massageando-os, ora apertando os bicos, fazendo-a suar e se contorcer. Sua respiração estava muito irregular, ofegante até e por vezes a ouvi pedindo para parar com aquele suplício. Ouvi-la e vê-la naquele desespero era como música para meus ouvidos.

Aos poucos fui explorando o resto do seu corpo, até chegar a seu sexo, que a esta altura estava encharcado. Ao tocá-lo, pude sentir claramente o néctar que escorria pela perna. Toquei levemente os seus lábios e ela gemeu alto. Comecei a abrir caminho e fui introduzindo dois dedos dentro dela, causando arrepios. Ela se contorcia como nunca fizera antes. Comecei um movimento ritmado de vai e vem. Ela ficou na ponta dos pés e se empinou toda para recebê-los o mais fundo possível. Não demorou muito e ela explodiu num gozo forte e intenso.

Deixei-a descansar um pouco enquanto curtia e sentia todas as sensações que sempre a acompanharam depois do gozo. Então, fiz algo que ela jamais imaginava. Sem ela perceber, tirei uma venda do meu bolso e a coloquei em seus olhos.

Vendas. Um simples pedaço de pano, mas com um poder enorme. Ela nunca soube lidar com esse tipo de privação. Deixei-a quieta por um tempo, até que ela se acalmasse e se acostumasse com essa sensação. Mas o tempo foi passando e o silêncio aumentando. Ela se virava de um lado para outro, tentando ouvir e, de alguma forma, descobrir o que estava acontecendo à sua volta.

– Senhor? O Senhor está ai?

Eu nada respondia. Permaneci ali, quieto, apenas observando-a.

– Senhor? O que está havendo? Por que está fazendo isso comigo?

Nada. Nenhum som, nenhum movimento. Apenas o som das correntes presas aos seus pulsos e da sua respiração, cada vez mais curta e ofegante.

De repente, o silêncio é quebrado com o som de uma porta abrindo e fechando. Em seguida, alguns sussurros, como se fosse uma conversa e novamente o silêncio.

A esta altura estava claro que a principal sensação sentida por ela era o medo. Sim, o medo do desconhecido, o medo de não saber quem estava ali, junto comigo, o medo do que aconteceria em seguida e, principalmente, o medo de saber quem faria “o que” com ela.

– Você está bem kalana? Eu perguntei, quebrando mais uma vez o silêncio.

– Não, Senhor. Ela respondeu com uma voz embargada e quase chorando.

– Por que não?

– Porque estou com uma sensação ruim. O Senhor sabe o que vendas fazem comigo. E eu ouvi a porta se abrir e fechar, e depois ouvi vozes. Eu pensei que estaríamos sós.

Nisto, fui em sua direção e me encostei em seu corpo, abraçando-a. Toquei seu rosto levemente, e quando ela virou em minha direção, beijei-a como se aquele fosse o último beijo.

Um beijo carregado de emoção e sentimento. Um beijo longo e intenso.

Ao me afastar, vi claramente como ela muda de um estado para outro num piscar de olhos. E com certeza é muito interessante ver esses extremos nela. Num instante ela está em pânico e no instante seguinte, ela se sente como se estivesse nas nuvens.

– Eu disse que poderia ser teu pior pesadelo ou teu melhor sonho. E eu já me decidi!

Dito essas palavras me afastei e fui em direção à mesa onde estavam meus acessórios, mas antes, diminui a intensidade da luz e coloquei uma seleção de músicas escolhidas especificamente para aquele momento.

O leque de opções era enorme, mas eu tinha todo o tempo do mundo para escolher e usar todo o meu “arsenal”.

As primeiras batidas foram leves, porém ritmadas. Ela estava muito sensível, talvez pelo fato de estar vendada ou talvez por conta do gozo. De qualquer forma, estava claro o quanto ela estava sentindo aquelas “batidinhas”.

A cena continuou seu curso natural. Floggers, chicotes, relhos, tapas. Tudo dosado de uma forma gostosa e ao mesmo tempo intensa. A cada acessório usado, uma reação diferente emergia do seu rosto. E eram reações das mais diversas. Era fácil perceber quais acessórios ela gostava e quais não. E dar-lhe o gostinho de sentir uma dor boa para tirar-lhe logo em seguida, fazia meu sadismo fluir e crescer numa proporção absurda.

De repente, a seleção de música mudou totalmente. De algo que ela conhecia e adorava, para algo desconhecido. E isso mexeria bastante com o psicológico dela, pois como costumávamos dizer, éramos (e ainda somos) movidos à música. Essa mudança estava prevista. Aquele momento onde eu mostraria a ela quem estava ali e quem eu seria havia chegado.

O primeiro estalo no ar a fez pular e se contorcer. Ela conhecia aquele som muito bem. Ela sabia o que estava por vir.

A primeira batida acertou-a em cheio e abriu um corte superficial. O sangue começou a escorrer quase que imediatamente. Ela mal recuperou o fôlego e veio a segunda. Depois a terceira, a quarta. A cada chicotada, ela se dobrava inteira, num misto de dor e êxtase.

Ela sentiu alguém tocando seu corpo, sentindo os cortes e as novas marcas, mas era um toque diferente, de uma forma que ela não conhecia.

– Quem é o Senhor? Ela perguntou assustada.

Houve risos. E a resposta veio. Mas não da forma como ela esperava.

Uma dor como ela nunca sentira antes invadiu seu corpo. Algo havia grudado e perfurado sua pele. E ao sair, fez com que filetes de sangue começassem a escorrer. Sim, sem dúvida aquilo era o resultado de um flogger de arame farpado. As batidas continuaram, e continuaram, e continuaram. A visão daquela mulher, toda marcada, perfurada e ensanguentada era algo único. E sim, apesar de toda a dor sentida, era nítida a expressão de prazer estampada no rosto dela. Me aproximei novamente dela e perguntei:

– Como você está, kalana?

– Eu estou bem. E estou calma, pois estou nas suas mãos, Senhor.

– Nas minhas? Tem tanta certeza assim que sou eu?

Ela emudeceu. De repente toda aquela sensação de prazer e entrega havia sumido. Em seu lugar, desespero e pânico.

Ela tentou desesperadamente se soltar das correntes, mas como eu já a conhecia, ao prendê-la, fiz de uma forma que ela não conseguisse se soltar, pois os braços estavam bem altos e separados. A venda, por mais que ela tentasse também não se movia de seu rosto. Ela estava completamente à minha mercê e à mercê do meu sadismo mais puro.

Ela começou a chorar. Um choro de quem realmente está com medo do pior. E naquele instante, vê-la naquele estado apenas alimentou mais aquilo que crescia dentro de mim.

Os golpes recomeçaram. E eram alternados entre o relho, o chicote e o flogger de arame farpado. E a cada batida, o choro e o desespero tomavam mais e mais conta daquela mulher, daquela peça, daquele brinquedo. Ela estava fragilizada, com certeza. E ela se sentia assim. Um objeto, um brinquedo, nada além disso. E era este sentimento que a fazia chorar, pois ela sempre se sentiu a mais querida, a preferida, a primeira e de repente ela se via num local, sendo usada de uma forma dura, sendo tratada como se fosse apenas mais uma.

O prazer na dor já não existia. Em seu lugar, apenas a dor. E uma dor ruim.
O choro não parava. Entre um soluço e outro, eu a ouvia me chamar, suplicando pela minha presença, implorando por mim. E a resposta ao seu chamado eram mais golpes em seu corpo pequeno e já todo marcado.

Ela estava chegando ao seu limite. No limite da dor, no limite da humilhação, no limite de sua sanidade. Ela não entendia o que estava acontecendo. Ela não entendia porque estava sendo usada daquela forma. E pior, ela não sabia QUEM a estava usando daquela forma.

Perdemos a noção do tempo. Já haviam se passado 3 horas desde que tudo começara. Por 3 horas aquele corpo recebeu golpes e mais golpes. Por 3 horas aquela mulher foi usada, tanto física quanto psicologicamente.

Já era hora de terminar, de trazê-la de volta, de resgatá-la.

Fui em sua direção. Me aproximei, a abracei com cuidado, procurando mostrar que ela estava segura. Ela tremia dos pés à cabeça. O choro ainda estava lá, porém menos intenso. A soltei das correntes e a carreguei no colo até a cama. Deitei junto com ela e a aninhei no meu peito.
Nunca a tinha visto tão pequena, tão carente, tão frágil.
Ficamos assim por um bom tempo, sem dizer uma única palavra, apenas abraçados.

Dessa vez foi ela quem quebrou o silêncio.

– O que houve Senhor? O que eu fiz? Por que o Senhor me abandonou e me deixou aqui, sei lá com quem?

– Eu não a abandonei kalana. Eu estava aqui o tempo todo.

– Mas quem me usou? Não era o Senhor!

– Tem certeza?

– Claro, eu o conheço! Eu sei como o Senhor age. Não era o Senhor, com toda a certeza!

– kalana, era eu o tempo todo.

– Não pode ser. Eu ouvi a porta. Eu ouvi vozes. Eu ouvi risos.

-Sim, eu sei. Mas o que você ouviu foram apenas os sons que eu quis que você ouvisse, para lhe passar a impressão de que havia mais alguém aqui. Olhe, aqui está o gravador que eu usei para reproduzir os sons que você ouviu.

Ela pressionou o play e ouviu os mesmos sons. A porta se abrindo e fechando, os sussurros, os risos.

– Mas por que isso Senhor?

– kalana, você sempre disse que tinha o desejo de ser usada simplesmente. Que sempre quis saber qual seria a sensação de ser apenas um objeto, um brinquedo. E você sempre soube, ou, pelo menos, pensou, que eu JAMAIS faria isso com você, por conta da nossa história, por conta do que sentimos e temos um pelo outro.

– Sim, é verdade.

– E foi isso que eu fiz hoje. Eu lhe dei exatamente aquilo que você tanto queria. Mas é claro que fiz isso do meu jeito e não do seu. Veja, o fato de eu amá-la, de eu ser quem sou, não quer dizer que eu não possa interpretar um personagem ou exteriorizar o meu sadismo mais puro e insano, ou mesmo lhe proporcionar momentos intensos e extremos como esse. A diferença é que eu sei até onde ir com você. Eu conheço seus limites. Eu conheço seu corpo. Eu conheço você. E sei exatamente como te trazer de volta, como te resgatar, como cuidar de você.

– Senhor, eu tive medo. Muito medo.

– Eu sei. E a intenção era justamente essa. Se você não pensasse e não acreditasse que estava aqui com outra pessoa, meu objetivo não teria sido alcançado.

– Por isso o Senhor me vendou?

– Exatamente. Tudo foi cuidadosamente planejado. A forma como lhe prendi no “X”, a venda nos olhos, a seleção de músicas.

Ela simplesmente me olhou e sorriu. E se aninhou no meu peito me abraçando forte e, por fim, adormeceu.

Eu a observei por um bom tempo enquanto dormia. Eu olhava para aquela mulher e sentia uma paz, uma tranquilidade, uma sensação de realização plena. Ali, naquele instante, eu soube exatamente o que é ter alguém sob seus cuidados. Eu soube exatamente o que é ter alguém por inteiro. Eu soube exatamente o quão fina é a linha que separa o racional do irracional, e como é fácil você simplesmente quebrar uma pessoa.

E isso, com certeza eu jamais faria com ela.

 

AUTOR

SENHOR ASGARD

Sádico e Dominador.

A palavra que melhor me define é sem dúvida “Intensidade”.

Entre minhas paixões destacam-se a fotografia, música, literatura, cinema e tecnologia.
Sou criativo e bem-humorado, sem deixar de ser firme em minhas convicções.

Sou alguém que apesar de abraçar certos padrões, não me limito por eles, sempre consciente de que acima de qualquer rótulo está o ser.
Minhas decisões e atos são guiados por minha lógica clara e direta, porém há sempre espaço para surpreendentes improvisações.

Observador e Detalhista.
Para mim, tudo importa. E muito pouco (ou nada) passará despercebido.

Como Dominador, espero de minha submissa inteligência e proatividade.
Sou exigente e ambicioso. Jamais me contentaria com atitudes de passividade e estagnação.

Como Sádico, desejo dar sempre um passo a mais.
Sou responsável, porém audacioso. Assisto ao sofrimento com prazer. Quando esse meu lado encontra quem realmente o satisfaça, os limites são superados e o prazer ganha uma nova dimensão.

Como pessoa, sou gentil e atencioso.
Me importo pouco com as impressões alheias. Vivo a meu modo, sem máscaras, sem excessiva diplomacia. Deixo claro minhas discordâncias e desafetos. Falo com o olhar. Sou honesto comigo mesmo.

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