É realmente frustrante e triste ver o que está acontecendo com o BDSM.
É exaustivo ver tanta confusão, tanta discórdia, tanta lavação de roupa em público por qualquer coisa. E eu estou chegando em um ponto que não sei se quero, sequer, escolher alguma batalha para lutar, pois o que eu vejo é que não importa muito a escolha que você faça. Vai ser luta do mesmo jeito.
Eu realmente tenho refletido muito em tudo que tenho lido e ouvido e o que eu vejo é uma imposição de regras e invalidação de pessoas quase que diariamente, e isso não é apenas com o pessoal mais antigo. O pessoal mais novo tem feito muito isso ultimamente. No fim, guardadas as devidas proporções, a treta de egos é nos dois grupos. Eles só se alternam.
Pessoas que em um primeiro momento tinham um certo respeito estão se mostrando impositivas demais, querendo que seu discurso, sua interpretação, seu entendimento, sua necessidade pessoal seja a necessidade geral do BDSM.
Tanta coisa mais séria para se preocupar e as pessoas gastam horas e mais horas debatendo se isso é BDSM, se isso é fetiche, se deve ter hierarquia em tudo, se pode ser mais flexível em alguns casos. BDSM não é isso, sabe? BDSM deveria ser mais leve, mais divertido, mais gostoso, mas está se tornando algo tão tóxico, tão nocivo, que às vezes eu tenho vontade de virar a página, fechar o livro e nunca mais abri-lo.
Hoje eu olho para tudo isso e só vejo um grande ponto de interrogação. Seja no Fetlife, Instagram, Facebook, as pessoas estão me surpreendendo a cada dia, mas de uma forma muito negativa. Eu vejo pessoas sendo absurdamente prolixas ao escrever um texto, onde se você fizer uma análise mais profunda sobre o que está sendo dito, verá que nada mais é do que um monte de rodeios e subterfúgios para tentar provar a necessidade pessoal dela naquilo que ela entende e acredita. E muitos estão lendo, olhando toda a escrita e comprando a ideia, partindo do pressuposto que, se escreveu tanto, se usou de argumentos bonitos, se fez várias referências, está correto e é assim que deve ser.
Sobre verticalidade, seria tão bom se as pessoas debatessem com inteligência, sem querer impor se precisa ter ou não. Eu tenho uma visão, um entendimento, uma leitura. Se a outra pessoa tem outra leitura, tudo bem. O que não dá é dizer que se não for “X” não é “A” e é isso que me estressa ao extremo.
Conversando com uma pessoa, ela comentou que assistiu uma conferência de um homem trans onde ele disse: “Eu saí de uma jaula para cair em outra. Mas nessa eu fui de forma consciente e por livre e espontânea vontade, mas ainda é uma jaula”
E este é o ponto: Sair de uma jaula conservadora para cair em outra jaula impositiva. Eu só quero (e na minha opinião todos deveriam querer isso) vivenciar o que me dá prazer, me excita, me motiva, sem ter que, a todo instante, me justificar ou explicar que é a minha leitura, sem ter que ficar pedindo respeito pelas minhas escolhas e modo de enxergar o BDSM, que eu sou tão BDSMer quanto aquele que pensa diferente de mim em alguns aspectos.
O foco está errado. A importância está errada.
AUTOR
SENHOR ASGARD
Sádico e Dominador.
A palavra que melhor me define é sem dúvida “Intensidade”.
Entre minhas paixões destacam-se a fotografia, música, literatura, cinema e tecnologia.
Sou criativo e bem-humorado, sem deixar de ser firme em minhas convicções.
Sou alguém que apesar de abraçar certos padrões, não me limito por eles, sempre consciente de que acima de qualquer rótulo está o ser.
Minhas decisões e atos são guiados por minha lógica clara e direta, porém há sempre espaço para surpreendentes improvisações.
Observador e Detalhista.
Para mim, tudo importa. E muito pouco (ou nada) passará despercebido.
Como Dominador, espero de minha submissa inteligência e proatividade.
Sou exigente e ambicioso. Jamais me contentaria com atitudes de passividade e estagnação.
Como Sádico, desejo dar sempre um passo a mais.
Sou responsável, porém audacioso. Assisto ao sofrimento com prazer. Quando esse meu lado encontra quem realmente o satisfaça, os limites são superados e o prazer ganha uma nova dimensão.
Como pessoa, sou gentil e atencioso.
Me importo pouco com as impressões alheias. Vivo a meu modo, sem máscaras, sem excessiva diplomacia. Deixo claro minhas discordâncias e desafetos. Falo com o olhar. Sou honesto comigo mesmo.
REDES SOCIAIS
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Uma resposta
Muito bom esse texto. Estava conversando exatamente isso a uns dias atrás com uma pessoa. Saí de um lugar onde preciso me conter pra não ferir o pudor alheio pra chegar aqui e não poder fazer pra não ferir o orgulho alheio…fico feliz em saber que meu pensamento sobre essa questão não está “errada”…alguém me disse quando eu cheguei aqui que o BDSM é leve e divertido e eu acredito muito nessa vertente.