COM A PALAVRA – MISTRESS AMY

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Apresento-lhe uma das Mulheres que faz parte do time de homenageadas deste ano do Dia da Mulher 2021.

E com a palavra, MISTRESS AMY

Quem é você mulher? Defina-se!
Eu sou uma mulher que escolheu ser livre e viver com todas as consequências que essa liberdade trás para uma mulher. Difícil me definir em palavras. Sou mulher porque me identifiquei assim em minha jornada e entendi a importância de ser e me posicionar como mulher.

Você acredita que as mulheres se dão bem com seus fetiches? E você? Se dá bem com os seus?
Acredito que qualquer pessoa, só consegue se dar bem e viver os seus fetiches tranquilamente e com prazer quando as conseguem se libertar da culpa, da vergonha e do medo. Mas para as mulheres esse processo é ainda mais difícil sem dúvidas, porque a sexualidade da mulher é sempre menosprezada. Hoje me dou super bem com os meus fetiches e a forma como vivo a minha sexualidade e ninguém é capaz de mudar isso.

Qual seu maior fetiche ou desejo?

Meu maior fetiche? Se for pra falar uma prática eu escolho podolatria, mas tenho fetiche e desejo em ver as pessoas vivendo sua sexualidade sem culpa e se desapegando de amarras sociais.

Até onde você iria para viver de forma saudável a sua liberdade de expressão sexual?

Quando se trata da minha liberdade de expressão, principalmente sexual não sei dizer até onde iria para vivê-la de uma forma saudável, o céu é o limite. Isso é prioridade máxima pra mim, sempre foi. Tive uma educação sexual em casa que pra mim foi fundamental. Falar sobre sexo e sexualidade sempre foi natural, e esse assuntos sempre tratados com o mínimo de tabus e julgamentos, mas com cuidado e respeito, priorizando a saúde física e mental. Sou muito grata por isso e sei o quanto isso me ajudou para viver a minha sexualidade de forma livre, entendendo a mim mesma e buscando sempre aquilo que me faz bem. Óbvio que em vários momentos, principalmente quando descobri a minha sexualidade não convencional e o fetichismo, a culpa, vergonha e medo vieram, mas foi mais fácil de lidar e diluir estes sentimentos. Viva a educação sexual.

Simone de Beauvoir disse que não se nasce mulher, mas sim que a pessoa se torna mulher. O que isso fala sobre você?
Nascer com o sexo/genital feminino na nossa sociedade ainda determina muita coisa, principalmente nos primeiros anos de vida. A maneira com que vão te tratar, te vestir e te “ensinar” a ser e se comportar. Mas acredito que você vai se apropriando e se identificando com isso ou não, quando você vai “se entendendo por gente” e nesse momento você escolhe e vai percebendo o quanto dessas coisas que são ditas como “femininas” fazem realmente parte de você e o quanto são coisas que esperam que você seja ou faça. Me tornei mulher quando me apropriei do como me sinto e de como quero ser e também quando entendi a importância social de me posicionar como mulher.

Brené Brown disse que “é preciso coragem para ser imperfeita. Aceitar e abraçar as nossas fraquezas e amá-las. E deixar de lado a imagem da pessoa que devia ser, para aceitar a pessoa que realmente sou.”
Como foi para você essa jornada de descoberta?
É libertador descobrir que você não precisa ser e nem nunca será o que os outros esperam de você. A sociedade quer o tempo inteiro nos ditar o que devemos ou não fazer, pensar e falar. Querem nos ensinar como é aceitável que se vista, que se comporte, querem padronizar nossos corpos, a estética, o comportamento e a maneira como nos posicionamos. E a exigência é grande para sermos perfeitas, seguir esses padrões, caso contrário você será descartada, marginalizada e muito julgada. Para mim, estudar e ler sobre estes assuntos foi muito importante para entender como tudo isso funciona e abraçar minhas imperfeições e fraquezas, parando de me preocupar com o que dizem. A sororidade, a empatia e a união entre as mulheres pode ajudar muito nesse processo para que o amor próprio venha e te encha de força pra enfrentar TUDO e ainda militar contra todo esse sistema repressor.

PARA AS BDSMer,,, continua…

1) o que é ser mulher BDSMer pra você?
Ser uma mulher BDSMer é quebrar paradigmas sociais de uma cultura sexual que quer nos encaixar em um padrão onde nosso prazer é sempre negligenciado. Ser uma mulher BDSMer é se apropriar dos seus desejos e vivê-los com autoconhecimento e liberdade. Conhecer a si mesma ao ponto de saber o que lhe dá prazer, o que disperta sua libido e ter a liberdade de escolher o que você quer e “em que lado do chicote” você quer estar. Acho importante frisar isso uma vez que temos esse poder de escolha muito claro dentro do BDSM, o que nem sempre acontece no Baunilha.

2) você acha que a mulher tem um _papel social_ a cumprir dentro do BDSM?
Acredito que o papel social da mulher dentro do BDSM é justamente se posicionar quanto aos seus prazeres e sua sexualidade, mostrando que tem liberdade para fazer aquilo que gosta e lhe da prazer sem um padrao preestabelecido. Exercitando seu poder de fala, de escolha e de decisão.

3) você acredita que exista desigualdade de gênero no BDSM?
Na minha opinião ainda existe sim alguns lapsos de desigualdade de gênero no BDSM que é um resquício e reflexo do que está presente na cultura social.
Mas acredito que isso aos poucos vai se desconstruindo de acordo com que vemos mais mulheres com posicionamentos acertivos afim de desconstruir essa desigualdade e tendo conhecimento que o BDSM é um movimento de contracultura em que se prega a liberdade sexual de todos que praticam.

4) você acha que existe sororidade no BDSM?
Existe sororidade sim, não é uniforme e nem tão forte, mas existe! E acredito que essa sororidade aparece no meio BDSM através de quem já trás esse conceito e posicionamento na sua vida cotidiana e acaba transpassando para dentro da comunidade.

5) você acredita que existam _mulheres Red Flags_?
Red Flags não tem gênero.

6) você consome conteúdo fetichista *criado e divulgado* por mulheres?

Eu inicialmente me limitava a consumir somente conteúdos fetichistas e BDSMers criados e divulgados por mulheres. Queria ouvir as falas femininas nesse meio a fim de me identificar. Aos poucos fui conhecendo e tendo contato com conteúdos produzidos por homens do meio, onde também aprendi bastante e pude ver o quanto o BDSM é incrível e abrange tantas falas e camadas.

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