SUB MADURO – UMA EXPERIÊNCIA DE VDA

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Primeiro, que maravilha encontrar esse site!

A minha história é bem parecida com a do Carlos, na verdade vi muito de mim no comportamento dele. ( NOTA: o autor refere-se ao texto “COMO UM DOMINADOR TRATA O SUBMISSO).

Fui criado numa época que homem era ensinado a ser bruto, dominador e macho. Qualquer sinal de fraqueza era decréscimo na masculinidade.

O tempo passou. Como bom macho do meu círculo familiar casei cedo, constituí família. Trabalhava, cuidava do rebanho, ia regularmente a sinagoga e levava a vida.

Não tive brincadeiras com primos, apesar deles serem fartos na infância e adolescência, pois meus pais rígidos nos aspectos da vida faziam eu e meus irmãos estudarem e trabalhar. Isso segundo eles fortalecia o caráter. E assim cresci. Punheta? Claro! Como todo jovem. Mas era mecânico e pensando naquela que já tinham escolhido para ser minha esposa.

Por mais que tentasse me reprimir, com o tempo foi ficando muito nítido que eu sentia tesão na bunda masculina. Me pegava olhando elas em uma calça apertada. Mas qualquer pensamento fora do tradicional eu tratava de remover logo de minha mente com mais trabalho e fudendo minha esposa e as vezes as amantes para mostrar que era um macho vigoroso. Meu pai tinha um ditado. Se conhece um homem pela quantidade de amantes. Quanta besteira. Mas hoje sei que era a mim que eu enganava.

Cheguei aos 38 anos assim, me enganando. Mas eu ainda não sabia disso.

Veio o ano de 1998 e fui apresentado a algo chamado internet. Era discada. Fiquei maravilhado com aquilo. Informação na ponta da mão. E o Google nem existia.

UMA JANELA SE ABRE NA VIDA HÉTERO NORMATIVA

Para encurtar a história. Em 2000 conheci o chat do portal Terra. Havia salas de todos os temas. Como bom e curioso hétero naquele novo mundo entrei numa sala onde homens procuravam mulher. Eu não estava procurando nada, era só visita de curiosidade naquele novo espaço.

Mas há um ditado judeu que diz. Não visite o inferno, pois você pode gostar. Pois é…

No início entrava apenas como espectador. Lia as conversas públicas e me pegava rindo com alguns apelidos.

Lembro como se fosse hoje. Um apelido CasXCas puxou assunto. Tal era minha ignorância que não sabia responder quando o desconhecido me avisou que eu deveria marcar a conversa como reservada. Fiz isso.

Começamos a conversar. Na verdade, parecia mais um interrogatório, pois ele perguntava e eu respondia o que achava que deveria. A conversa não teve conotação sexual até que em certo trecho ele foi bem direto. Você é ativo ou passivo? Aquela simples pergunta feita por um homem acordou meu pau. Ao invés de ignorar e sair da conversa fiquei tentando me justificar. Ele entendeu que eu era um novato ali. Mas o anonimato abre portas. Fiz cada pergunta a ele que hoje penso, que imbecil.

Acelerando os acontecimentos. Eu e esse rapaz, na época noivo, da minha cidade e quatro anos mais novo depois de quase um ano de conversa nos encontramos pela primeira vez. Hoje no mundo do Tinder isso pode parecer um absurdo, mas o encontro não aconteceu antes por minha insegurança, e não por falta de insistência dele. E pasmem. Sem fotos. Não havia câmeras digitais em abundância. Enviar uma foto requeria um escaner.

Primeiro encontro num bar para conhecer. Segundo encontro para o sexo. Papéis definidos. Eu o macho, ativo. Ele a mulherzinha, passivo.

Fui um sexo rápido, duas horas num motel fora da cidade onde fomos em carros e quartos separados para não chamar atenção.

Apesar de ter explodido num tesão maravilhoso hoje vejo que não foi bom. Não teve carícias, toques ou preliminares. Beijo? Nem pensar! Coloquei ele de quatro e mandei ver. Comi na pressão. Mas ele gostou e começamos a aumentar a frequência de nossos encontros.

Do sexo viramos amigos que saiam para ver futebol nos bares. Minha esposa e sua noiva viraram conhecidas. Fui em seu casamento. E nisso se passou três anos desde do primeiro motel.

Os encontros fora da cidade foram substituídos por um pequeno e discreto apartamento em edifício sem porteiro num bairro central, mas sem movimento. Já tinha beijos, carinhos, preliminares e banhos juntos. Tomávamos precauções apesar de estarmos mais desinibidos. Mas algo não tinha mudado, eu ativo, ele passivo.

Meu parceiro sempre “reclamava” que queria ser ativo também. Eu sequer discutia isso. Apesar de estar com outro homem eu ainda era o macho, pois só metia. Viadinho ali era só ele. Quando ele falava do assunto eu partia pra cima dele para encerrar o assunto. Comia ele bastante e depois “zombava”. Querendo ser ativo? Olha o viadinho que você foi.

O tempo, sempre o tempo. Como no caso do nosso amigo Carlos, o que antes era boa amizade, companhia pra buteco e outras atividades se tornou mais que isso. Demorei aceitar. Demorei mesmo, mas não teve jeito. Estava gostando do meu amigo muito mais do que eu queria. A gente se falava todos os dias – falar mesmo, não existia whatsapp. Saíamos para “pescar” com anuência das esposas, íamos ao boteco e várias atividades extra-sexo.

Faziam cinco anos juntos e eu arraigado no meu posto de Ativo até que uma proposta dele me acordou. Nesse tempo eu já tinha noção que estava apaixonado por ele. Sugeriu encontramos alguém na internet pra ele comer. Pensei igual nosso amigo Carlos acima. Esse viadinho querendo dar uma de ativinho. Cinco anos me dando a bunda e fica nessa – pensei, mas não falei.

Argumentei sobre os riscos de encontrar um terceiro e vi que caí numa armadilha, pois ele disse coisas que sentíamos um pelo outro mas nunca foram faladas. Que sim, gostava de ser passivo, mas também queria meter em outro macho. E que não tinha feito isso com outro até então pois me amava. Não queria me trair, por isso um terceiro. E que para ser mais feliz e nossa relação ser perfeita só faltava isso. E terminou, deixa de ser “careta” e dá essa bunda pra mim. E uma ameaça, ou vou comer outra. Que registre-se, nem era bundona a minha. Mas como ele disse, o tesão era em mim.

Absorvi tudo e nesse dia nem teve trepada. Em casa sozinho no escritório entrei em alguns fóruns e comecei a ler sobre como ser passivo. Coisas do tipo. Me sentindo formado no tema naquele mesmo dia liguei pra ele e falei curto e grosso. Amanhã você me come. Pude sentir seu pau endurecer do outro lado da linha.

Como um bom neurado condições foram impostas. Eu chegaria primeiro. O quarto deveria ficar no escuro o tempo todo (eu estava com vergonha). E assim foi feito.

“FOI SEM DÓ E SEM CARINHO”

Diferente da transa do amigo Carlos onde o parceiro gozou e foi dormir, comigo foi assim: quando eu relaxei na penetração ele meteu sem dó e sem carinho. Dizia que era por conta do tempo que eu o fiz esperar. Deu uns tapas na minha bunda. Eu nunca tinha batido na bunda dele. Isso me deu um prazer enorme. Queria mais, mas naquele dia a vergonha impediu o machão de pedir mais. Meteu em três posições. De lado, quatro e gozou comigo de bruços. Depois da gozada levantou, vestiu a roupa e disse que tinha de ir pois sua esposa estava esperando. Nem conversa, beijo de despedida ou abraço. Foi embora e me deixou ali de bruços com porra no cu.

Meus amigos, ali tudo mudou. Confesso, não foi fácil aceitar o que eu era e que me dava imenso prazer. Naquele dia me descobri submisso.

Meu parceiro não soube no dia, pois foi embora. Mas eu tive um tesão enorme ao levar uns tapas, ser tratado com brutalidade e ter sido deixado ali depois de gozado. Aliás, eu já tinha feito muito isso com ele. Aquela situação me deu um prazer enorme. Gozei, mas não lembrando das pirocadas no cu, mas da forma que fui tratado.

Nossa relação naturalmente foi mudando. Eu ainda era o mais ativo na relação. Mas até nessa posição eu era submisso as vontades e caprichos dele. Percebi que tinha mais prazer e tesão em ser submisso, em servir e ser dominado que no próprio ato do sexo, que passou a ser somente a finalização de todo meu prazer, e não como antes onde só o sexo era a minha fonte de prazer. O sexo agora era parte de um conjunto.

Não era uma relação de ativo e passivo. Era uma relação de submisso e mestre. Não teve chicotes, máscaras de couro, nada disso. Da mesma forma que me descobri submisso ele se descobriu um dominador, um mandão. Foi um “casamento” perfeito.

Parece clichê, mas assim acontecia. Na época do SMS me mandava mensagens fora de hora e dava ordens. Com o advento das mensagens eletrônicas as ordens tinham que ser cumpridas sendo filmadas ou fotografadas.

Ele sentia prazer enorme em me humilhar. Um site como esse não existia, pois teria facilitado muito o trabalho e as descobertas.

Enfiar cueca suada na minha boca era sua preferida. Me chamar na porta de casa pra mamar ele no carro a qualquer hora também. Ir para o trabalho com roupas íntimas da minha esposa por baixo era a humilhação total. Não, ele não sentia tesão em me ver de calcinha. Nem eu sentia em usá-la. O que dava prazer em ambos era o ato da humilhação e obediência. No trabalho tinha que ir ao banheiro e tirar foto para provar que estava com roupa dela.

O tempo passou e fomos aprimorando com o que conhecíamos. Depois descobrimos conteúdo de sites americanos e vimos que não éramos aberração.

No sexo, principalmente quando estava na posição de passivo ele me maltratava muito. Com o tempo veio mordaça, mãos e pés amarrados, tapas na cara, ser empregada… lista enorme! Ele mandava, eu obedecia. As ordens foram ficando cada vez mais ousadas o que aumentava nosso prazer. Tanto era que uma vez com tanto tesão por estar servindo-o meu corpo entrou em contrações e comecei a gozar do nada. Foi um orgasmo muitooooo forte

Mas tudo que é bom acaba mesmo. Depois de 21 anos juntos um ataque cardíaco levou meu companheiro. Depois que ele se foi olhei para trás e vi quanto tempo perdi com meus preconceitos e bloqueios.

Que este site ajude pessoas jovens como um dia já fui a se encontrarem no que lhes vai dar prazer e claro, alegria na vida.

AUTOR: sub maduro

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8 comments

  1. Caio 14 fevereiro, 2021 at 15:00 Reply

    Fiquei extasiado com o relato, assim como para o autor da história eu também estou me redescobrindo com a história do movimento bdsm, não sou um hetero normativo casado e com parceiro, mas me sinto a cada dia mais imerso em um mundo que não consigo explicar, como sub virgem e somente dominado na inocência em sexos casuais conheci o bdsm na vida profana e hoje me interesso pois passou a ser um sonho de vida cotidiana, obrigado a todos que me fazem sentir normal em um mundo tão preconceituoso

  2. morroi 14 fevereiro, 2021 at 18:30 Reply

    Bom dia Dom Barbudo! Excelente relato do sub maduro… acredito que ajudará muitos a não desperdiçar suas vidas buscando ser o que não são e se escondendo. Essa foi uma das razões que me levaram a aceitar melhor meus desejos de submissão, não quero olhar pra trás quando estiver próximo de partir e me arrepender daquilo que não vivi. Excelente! Um ótimo domingo para o Senhor!

  3. Diogo 23 fevereiro, 2021 at 18:47 Reply

    Delícia de história. Me vi.
    Quantos estão aí e quantos de nós ficamos perdidos e presos em nossos próprios preconceitos? Preconceito é algo limitador. Limita o ser humano a padrões impedindo-o de explorar todo seu potencial, inclusive no sexo. Ainda estou na jornada de derrubar algumas barreiras implantadas lá na infância.

  4. Paulo Petit 31 julho, 2021 at 19:05 Reply

    Nossa fiquei feliz em encontrar, esse site, sou gay e sei disso a muitos anos. Mas como cresci em uma época, que mesmo vc sendo gay, não podia nem dizer que gostava de ser passivo, isso poderia denegrir sua imagem. Raramente alguém assumia ser passivo, quem o fazia já era chamado de bichinha. Eu mesmo no auge da minha ignorância fiz isso.
    O sexo mesmo quando se era passivo, era morno, dificilmente se tinha sexo mais ardente. Eu não me permitia querer satisfazer meus fetiches, tinha vergonha, na verdade até pouco tempo ainda me envergonhava. Até que a Pio o tempo, mais precisamente 1 mês e meio, recebi uma mensagem, de um cara dizendo ser militar, (Aliás uma rara enorme tenho por farda), e ele começou a falar comigo sobre o universo BDSM, me vi realizando um desejo que ficou guardado por mais de 25 anos. Me fez comprar uma farda e esta organizando uma reunião, onde irei lhe servir. Pena já ter sido desmarcado duas vzs, mas acredito que quando acontecer será a maior experiência já vivida por mim.
    Resumindo, me provei por anos, pelo preconceito da sociedade e meu próprio, deixei de viver varias sensações de prazer, por ser imaturo, e olha que já estou na faixa dos 40 e já trabalhei por anos com a comunidade gay de São Paulo. Mas agora acredito que não tem mais volta, segurei no caminho do BDSM, por enquanto me vejo como Sub, mas quem saberá o dia de amanhã.
    Quero agradecer por sites como este existirem.
    Obrigado

    • Dom Barbudo 2 agosto, 2021 at 22:38 Reply

      Muito obrigado pela sua participação.
      Fico feliz que tenha lhe ajudado e vá em frente, nunca é tarde para nada!
      Viva intensamente o seu prazer!
      Abraço
      Dom Barbudo

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