PRIMEIRO SUBSPACE – RELATO FETICHISTA 241
Era (acho) 2018, no fim de semana que acontecia a parada do orgulho LGBT em São Paulo.
Naquela época eu estava dando os primeiros passos para sair do “segundo armário” e entrar num lifestyle fetichista mais high profile, portanto, uma baladinha gay já não era mais o bastante pra mim. Fiquei sabendo que haveria um encontro BDSM na Upgrade, um clube de sexo no centro de São Paulo e decidi ir.
Chego, faço a social no andar de baixo, subo e dou de cara com o Dom Barbudo. Não era a primeira vez que nos encontrávamos. Já havíamos tido uma sessão no Studio 57, então, a coisa fluiu com mais tranquilidade. Eu tenho muita dificuldade de me entregar na primeira sessão com qualquer novo parceiro pois já tive algumas experiências negativas com muito dominador de primeira viagem que não leva os limites que a gente comunica a sério. Apesar da minha primeira sessão com ele ter sido muito boa, não estava 100% relaxado e entregue. Mas dessa vez foi diferente, estava mais confiante e desarmado.
Não iniciamos a sessão de imediato. Eu por ser um cara grande e com cara de mal prefiro chegar nas pessoas aos poucos. Estou sempre achando que vou assustar se “chegar chegando”, então, inconscientemente me afasto um pouco de quem eu quero conversar no primeiro contato. Tem um pouco de timidez também. Aliás, essa característica de ser grandão com cara de mal é um problema pra mim nas minhas relações dentro do BDSM pois, apesar de ser switcher, minha preferência é por ser bottom e muita gente me confunde com Dom. Inclusive eu adoro cenas em que o grandão é dominado pelo baixinho. Quando sou top, minha preferência é por dominar caras maiores do que eu.
Depois de ter dado uma volta pra conhecer melhor o lugar, fui conversar com o Dom Barbudo para ver se ele estava disponível para fazer uma sessão ali. Ele topou.
Interessante como às vezes não tem muita necessidade de muita parafernália pra uma boa sessão, e olha que eu sou do tipo que gosta de uma dungeon bem equipada. Dentro da sigla, me considero mais “SM” do que “DS”, com bastante “B” envolvido. Não curto muito a dominação pela dominação, sou mais masoquista estilo “Smart Ass Masochist” do que submisso, curto sessões onde sou domado pela dor. Mas ali não precisou de muita coisa, só a experiência do encontro anterior.
Me mandou ficar pelado e jogou minhas roupas num canto. Não lembro direito do início da sessão, mas lembro de ter sido algemado com os braços pra trás e de ser torturado com prendedores nos mamilos por algum tempo.
E usou o Kali também. Kali’s Teeth é um tipo de anel peniano com “espinhos” na parte interior (não são pontiagudos, a intenção não é ferir, só doer). A brincadeira é fazer o escravo ficar excitado enquanto usa. Dói bastante, e por isso é divertido. Na nossa primeira sessão confesso que não tinha gostado muito, mas dessa vez curti tanto que comprei um. Ele já sabendo que eu curtia tickling e que tenho sensibilidade nos pés, mandou outro escravo chupar os meus dedos, que coisa que me dá muito tesão e não tinha como não ficar excitado com a sensação.
Durante a sessão, entrei numa “realidade” em que eu estava sendo treinado para me tornar submisso. É mais ou menos sobre isso que eu falo sobre ser domado pela dor, e aquela sessão estava “apertando os meus botões” da forma mais correta. Eu estava começando a entrar em um subspace de verdade.
A sessão estava fluindo tão bem que chegavam curiosos pra ver. Não lembro bem de quantas pessoas eram, mas pareciam ser muitos (sem querer descobri que também sou um pouco exibicionista). Dom Barbudo permitiu que eles brincassem também, mas sempre supervisionando. Chegou num ponto que eu não conseguia mais raciocinar, estava apenas sentindo dor e tesão misturado, havia esquecido completamente de tudo que estava ao meu redor. Pareceu que a sessão durou bastante tempo e que eu tinha sido usado por muitos caras, mas não tenho certeza pois, naquele momento, estava completamente imerso em sensações.
Ao final da sessão, o Barbudo me ajudou a “aterrissar” e me deixou ir, de perna bamba, mas desejando uma próxima sessão.
UM URSO GRANDE E PELUDO | FETICHISTA 241
Acho muito interessante esta imersão chamada subspace. Não tive ainda o prazer de experimentar esta sensação mas acredito que seja uma entrega total ao momento, algo que só quem sente entende. Gostaria muito de conseguir chegar a esta sensação algum dia.