Sei que vou ganhar um número, mas, por enquanto, não tenho. Então, pode me chamar do que quiser. Mas saiba que sou, antes de tudo, um aventureiro, um curioso, um cara sem medinho e sem frescura.
Foi assim que, na época da faculdade, tive meu primeiro contato com BDSM. Fui a uma balada, ou algo do tipo, voltada à prática. Era lá na zona leste, e fui com câmeras e gravadores para registrar entrevistas para um documentário sobre autoflagelação que estávamos fazendo.
Descobri um mundo que ficou guardado em minha memória por muito tempo e que não despertou da latência com “Cinquenta Tons de Cinza”… Mas quem diria que eu iria me apaixonar por alguém que já não era tão novato assim? Vamos chamá-lo de quê? De menino, pois é seis anos mais novo do que eu, apesar de tão experiente no sexo.
E quando a gente começa a gostar, lá vamos fuçar as redes e tudo o mais. Foi aí que descobri Dom Barbudo e uma série de fotos, ensaios e relatos sobre ninguém menos que meu namorado. Minha vontade, na mesma hora, foi de entrar nesse mundo também… Mas como?
Comecei a ler, aprendi algumas coisas, fui perguntando bem aos poucos, pois o menino sempre evitava o tema (mas sempre percebi que ele queria ser dominado de verdade por mim). Tomei coragem, escrevi para o Dom – criei um perfil fake no Facebook, enviei e-mail, fui atrás. Lembro bem do que pedi logo no assunto: “Me ajuda a entrar neste mundo?”.
Expliquei o caso, mas não revelei quem era meu namorado. Marcamos. Fui preparado ao trabalho e, no meio da tarde, bateu um peso na consciência (seria traição?). Não fui. Acabei não confirmando a sessão, mas também não cancelei, e acho que foi aí a primeira vez que o decepcionei.
Pedi perdão e tentei o plano B. Abri o jogo para meu namorado, contei minha ideia, e pedi para ele pensar no assunto. Demorou, mas ele mesmo escreveu ao Dom Barbudo dizendo que era meu namorado e que eu queria ser iniciado. N
ão sei o que conversaram, mas deixei nas mãos do menino… Que não fez nada.
Revoltado e cheio de vontade, retomei o contato meses depois. O Dom Barbudo me deu uma missão: “Convença o menino, quero este casal!”. Fomos conversando, os três, na possibilidade de uma sessão diferente para evitar qualquer inconveniência. Novamente marcamos, já bastante tempo adiante, mas o menino assumiu ter muito ciúmes. Veio a segunda decepção para o Dom…
Lembro que tremia de nervoso ao escrevê-lo, mais uma vez, cancelando. Foi quando ele me mostrou quem é que manda, e que não aceitaria mais nada disso. Pediu para deixarmos pra lá, se afastou, e eu briguei com menino.
Comecei a me sentir desamparado e, sozinho, tive que avançar no conhecimento. Foi bom, aprendi algumas coisas por mim mesmo, algumas vezes até arranquei elogios do meu namorado. Foi difícil entender com que parte da mão o tapa deve acontecer, o tamanho que a unha deve estar, em que momento morder, até onde amarrar, que tom de voz usar… E é neste momento que já não dá mais para esconder meu pau dentro da cueca. Ah, como é prazeroso vê-lo gozando com a dor!
Por muito tempo, e até em outros namoros, era difícil para mim explicar o que sentia ao causar dor sem querer. Sentia preocupação (será que doeu?). Mas, ao mesmo tempo, queria que tivesse doido. E como era bom ver que doeu, mas ele gostou… E queria mais…
Mas não se trata só de aplicar a sensação. Quanto mais o sexo vai avançando, quanto mais sobe o tesão, quanto mais submisso está o submisso, vem em mim a vontade de ser mordido (o que é estranho, pois não sou dos que mais curtem uma dorzinha). E não é qualquer mordida. É para deixar roxo. Se sair sangue, uau, nem imagino!
Descobri como gosto de ver suas costas arranhadas já depois de tudo feito, com ele ali, deitado em minha frente esperando um abraço para dormir, ou levantando para se vestir. Descobri que gosto de tê-lo como um cachorrinho que me lambe aos poucos, que fica aos meus pés. Descobri como é bom ver chorar
. Mas queria mais. Quero mais, descobrir mais e mais!
De repente, e nem vale a pena dizer o porquê, esse que parecia ser um dos casais mais lindos se rompeu. Não sei bem em que momento pensei nisso, mas senti que era a oportunidade de ter uma nova chance com o Dom Barbudo – contei o que aconteceu, e ele me aceitou novamente.
O namorado se foi, mas a vontade só aumentou, a sede de aprender, a ambição de despertar meu dominador. E nada melhor do que sendo dominado pelo melhor. Uma nova chance veio, e desta vez não vou decepcionar.
Putz… Gozei onde escrevia…
Você já se sentiu desejado? | Relato – Pós Sessão – Fetichista 192
E prazer, esse foi pelos gemidos, pelo extravasamento das emoções e sensações.| Fetichista 192