Alguém pode se questionar se existe Shibari nestas fotos, e fica aqui uma pergunta sem resposta absoluta: quanto de cordas e de técnica é necessário para que algo seja reconhecido como Shibari?
Pra mim a resposta é muito simples, o quanto for suficiente para conectar as pessoas que estão no jogo…
Nesse ensaio eu usei uma única corda para unir as duas mãos delas em um aperto de mão que foi o ponto de partida para uma conexão belíssima. Foram muitos minutos em que o único contato entre elas eram as mãos dadas em silêncio e de olhos fechados.
Amarrar duas pessoas é um desafio gigante… onde a principal questão pra mim é não perder a conexão com uma pessoa enquanto você amarra a outra. Nesta sessão a minha saída foi manter ambas sempre conectadas desde o primeiro movimento.
A sessão fluiu em um ritmo bem lento, o mais lento que eu já experimentei amarrar. Foi tão gostoso poder realizar cada movimento, cada, gesto e cada ação com espaço de tempo e ter o privilégio de presenciar de camarote a conexão entre elas se fortalecendo a cada movimento que eu conduzia com os corpos delas.
Logo depois que eu uni as suas mãos, o silêncio tomou conta dos corpos delas, a expressão era de total serenidade parecia que estávamos compartilhando ali a três um momento de meditação coletiva.
A cada movimento que eu criava, eu tirava um bom tempo para ler o que aquilo causava nelas e foi nessa troca silenciosa e profunda que eu senti que aquele momento pedia acolhimento, afeto e abraço.
Construir esse abraço entre elas foi tão fluido, tão leve… era como se eu estivesse ali conduzindo movimentos que já estavam prontos apenas esperando esse encontro para acontecer.
Eu me orgulho muito da sensibilidade necessária para olhar aquelas duas mulheres incríveis e enxergá-las para além da carne, para além do desejo e me permitir construir uma troca tão delicada sabendo que eu tinha liberdade para conduzir aquele momento para muitos outros lugares.
Porém, pra mim, uma boa condução no Shibar é justamente aquela onde existe essa sensibilidade para enxergar e criar além do óbvio.
Eu agradeço a essas duas pessoas incríveis pela confiança e pelo privilégio de poder criar arte com seus corpos. Afinal, esse é meu maior impulso dentro desse universo, o fascínio pelas infinitas possibilidades de misturar fetiches com arte.
AUTOR
QUÍRON
Quíron – Rigger, Top, sádico e artista. No universo dos fetiches desde 2016, procura misturar Fetiche e Arte com suas cenas públicas, fotografias, textos e poemas.
INSTAGRAM: @quiron_shibari
Portfólio de fotos BDSM: https://domquiron.myportfolio.com/
CONSENTIMENTO NO SHIBARI – PARTE 2 – CONDUÇÃO
CONSENTIMENTO NO SHIBARI – PARTE 1 – NEGOCIAÇÃO